Arrastada.
Fui arrastada pelos meus progenitores até à merda do hospital, onde vamos visitar a merda do meu irmão.
Estou farta dele ser assunto lá em casa, na escola, em todo o lado. Está no hospital à duas semanas, já acordou da merda do coma e toda a gente anda preocupada como se aquela aberração estivesse em vias de extinção.
Foda-se poupem-me.
Ninguém se lembra que ele é o culpado, ninguém se lembra que ele andou a consumir drogas ou só na minha cabeça é que isso está bem presente?
Vou é calar-me para nem nos meus pensamentos me irritar com aquela coisa.
Pus os fones e chorei de tédio do tempo todo que tive de ficar à espera que os meus pais voltassem. E quando voltaram vieram com uma ideia brilhante: eu ir ver o meu irmão querido e adorado, até porque nestas últimas semanas nos tínhamos estado a dar bem.
"Desculpa mãe, mas não vai acontecer" foi o último pensamento que consegui ter antes da minha mãe me arrastar para dentro do quarto de hospital.
Entrei com um encontrão da minha mãe e tossi secamente para que o indivíduo reparasse na minha presença, pois estava distraído com o telemóvel.
Quando deu pela minha pessoa, baixou o telemóvel um bocado, olhou fria e rigidamente para mim por uns segundos e voltou a concentrar-se no aparelho.
Andei devagar e sentei-me na cadeira ao lado da sua maca.
"Não disse que te podias sentar." Fingi não ouvir o seu comentário, pondo a música um nível mais alto "Eu disse que não te convidei a sentares-te." Disse tirando o auricular do meu ouvido.
"Sim Dylan, também não é um prazer rever-te."
"Então podes ir embora, nem sei porque é que te deste ao trabalho de vir."
"Acredita, o meu maior desejo era não ter vindo... mas os pais não me deixaram ficar em casa."
"Não tens que me explicar nada, já me viste podes ir embora."
"Deves ter batido com a cabeça no volante com muita força, porque não és o Dylan que andava a dar-se bem com a sua irmã à uns dias..."
"Devo é ter batido com a cabeça com muita força para alguma vez me ter dado bem contigo." Auch
"Bem... já percebi que não sou bem-vinda, aliás nem sei porque me senti tão preocupada com uma pessoa tão desprezível como tu."
"Não sei porque é que te preocupaste... não somos amigos."
"Mas pelos vistos sou melhor que eles, que dizem ser teus amigos e ainda nenhum deles pôs os pés cá para te vir ver."
"Eles vêem." Respondeu obviamente incomodado "E têm mandado mensagem para saber como estou... Nunca na vida serias melhor que algum deles."
"Se tu assim o dizes."
E disto isto saí do quarto de hospital.
No que é que eu andava a pensar quando achei que ele ficaria feliz por me ver? Ficou provado que aqueles dias para ele não passaram de alucinações, provavelmente estaria drogado ou algo do género.
Em relação às drogas... Os meus pais querem pô-lo numa clínica de reabilitação assim que ele sair do hospital. Não acho que isso o vá mudar muito, visto que há imensa gente que fica meses nesses sítios e quando saem voltam aos velhos hábitos... Mas não custa tentar. Visto que eu vou parar de fazê-lo.
Estou farta de ser o saco de pancada do Dylan.
Chegámos a casa e fui direta para o meu quarto, muitas das poucas palavras que tinham sido trocadas hoje com o Dylan ainda ecoavam na minha cabeça.
Deitei-me na cama e agarrei-me à minha almofada, tinha os olhos a arder e era quase certo que um ataque de choro vinha aí.
Sinto-me tão mal comigo mesma... é quase como se o Dylan me torturasse a mente. Mesmo longe e continuando a ser desprezível comigo, sinto que devo fazer de tudo para que ele se sinta bem e que de alguma forma me dê uma oportunidade.
Começo a perguntar-me se não sou masoquista...
O masoquismo define o prazer sexual relacionado com o desejo de sentir dor no corpo, será mediante a humilhação e dominação.
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