Capítulo Onze - Russos

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O grupo de japoneses que nos recebera no acampamento militar decidira que devíamos dar uma checada do aeroporto de Sydney a procura de algo que nos levasse ao grupo dos russos. Eles tinham ficado responsáveis pelas chegadas e saídas de tudo que fosse relacionado com o projeto e montaram uma base no local para rápida extração no caso de alguma emergência.

Chegamos no aeroporto em pouco tempo graças a ausência total de transito. As portas de vidro na entrada haviam sido destruídas por algo que deduzi ser um veículo sendo que, até onde meus olhos podiam ver, o chão estava sujo com marcas de pneus.

A base militar fora montada com várias tendas dispostas próximas a pista de pouso, o que tornaria uma extração muito mais rápida e prática. O lugar está abandonado, como previsto. Está um caos de desorganização. Quem quer que passou por aqui, estava muito apressado para encontrar alguma coisa.

Seguro firmemente o relatório de minha mãe no bolso direito de minha jaqueta. Será melhor se eu não contar a eles sobre isso, por enquanto. Stephanie Walker ser parte de tudo isso - a desgraça que estamos vivendo - pode não cair muito bem para eles.

Enfermeira... O que mais ela escondia de mim? Sou adotado? Tenho um irmão?

Meu pai está vivo...?

É difícil assimilar as coisas com tanto acontecendo em tão pouco tempo. Nunca poderei pedir por esclarecimento para minha mãe visto que ela está morta... Ainda não consigo assimilar isso também.

Sinto meu peito apertar quando me lembro de que sequer pensei em ver se minha mãe estava bem depois que acordei. Talvez tivesse chegado a tempo, talvez teria salvado a vida dela, talvez ela estaria procurando por russos comigo...

E tem David... Desgraçado! Ele provavelmente já sabia de minha mãe antes mesmo de me conhecer pessoalmente. Quem diabos é ele e o que a droga do Corvo tem em mente...?

Pode ser que se eu contar ao grupo sobre o relatório, eles me ajudem e esclareçam algumas coisas. Mas também pode ser que acreditem que eu esteja envolvido com o ataque e resolvam separar minha cabeça do meu corpo. Prefiro não saber.

Não consigo evitar pensar no quanto minha mãe estava envolvida com isso. Ela sabia sobre o vírus... Será que ela conhecia o pai de Natallie?

Ela está caminhando um pouco atrás de mim, junto de Katherine e Elizabeth. As três parecem ter se tornado melhores amigas. Mesmo com tudo o que tem acontecido, elas conseguem manter o clima entre o grupo agradável e quase sempre estão sorrindo. Aprendi que as aparências enganam visto que as irmãs se vestem como se estivessem prontas para um funeral...

Natallie sorri para mim e a retribuo com um movimento de cabeça.

Rebecca procura por algo dentro das tendas, focada. Jack e seu grupo de olhos puxados se asseguram de que estamos sozinhos.

Aproveito a distração de todos e me afasto o mais naturalmente possível. Procuro por relatórios dentre os milhares de documentos espalhados no chão e dentro das tendas azul escuro.

Há papeis demais e pouco tempo para analisar todos. Começo a ser mais prático procurando por documentos parecidos com o que tenho e olhando diretamente nos nomes assinados.

Em alguns minutos dentro de uma tenda um pouco maior, encontro algo em cima de uma mesa grande de metal polido.

17/12/12

O teste de Nº 722 teve 97% de sucesso; aguardo instruções para proceder com o teste em humanos.

Att, S.T.W

Stephanie Terese Walker...? Procuro por outros relatórios por perto mas não encontro nada. Frustrado, bato com os punhos sobre a mesa e ouço algo se mover. O som vem de dentro dela.

Olho por baixo mas não existe gaveta alguma. Levanto a parte da frente e ouço algo deslizar para a ponta contrária dentro do metal. Penso em procurar por algum mecanismo secreto abridor de mesas secretas mas pego uma chave de estrela num armário próximo e abro uma fenda no metal. Com as mãos, faço da fenda uma abertura maior.

Um pendrive.

Katherine entra na tenda no exato momento em que guardo-o no meu all-star. Ela parece ter muita pressa.

- VADIAS DO VILÃO. VANTAGEM SIGNIFICANTE. CORRE! - Kath sai da tenda com a mesma euforia que entrou.

Corremos a toda velocidade de volta para a entrada do aeroporto onde deixamos os veículos. A pelo menos 400 metros de nós, três pessoas entram apressadamente em um Rolls Royce preto.

Todas vestem as mesmas máscaras sem expressão que presenciaram a morte da família de George.

Salto para a caçamba da caminhonete de Jack e ele arranca o carro. Os japoneses nos seguem a toda velocidade em um caminhão camuflado em tons de azul escuro.

Deixamos a cidade para seguir uma rua onde podemos ver a praia, os homens do Corvo logo a frente fugindo desesperadamente.

Posso ver Ryo, o atirador, atrás do caminhão dos japoneses preparado para qualquer surpresa. Procuro ficar atento a qualquer sinal também. O carro dá algumas viradas bruscas para desviar de corpos e carros na estrada mas me seguro com uma facilidade inacreditável.

Posso ver navios parados distantes da praia. Vidas inocentes destruídas por um babaca qualquer...

Perseguimos o Rolls Royce até eles pararem o carro em frente a um armazém de frente para o mar. O combustível deles provavelmente não fora o bastante. Eles correm para dentro do armazém assim que paramos os veículos.

- EU VOU SOCAR TANTO A CARA DESSES OTÁRIOS! - Katherine se precipita em correr para o armazém, mas é parada por Koji, que carrega uma metralhadora que nunca vi em jogo algum.

Ele faz um sinal e segue em frente, Ryo e Mieko acompanham ele.

Fico apreensivo quando os três entram no armazém.

- Olha, to entrando. - Katherine anuncia após esperamos alguns segundos. O resto do grupo segue ela cautelosamente.

Seguro a mão de Natallie firmemente, ela me olha surpresa mas não diz nada.

Ficamos por ultimo a entrar no armazém, que está completamente escuro, apesar de estar ensolarado do lado de fora.

Pego a lanterna que encontrara no carro que deixamos na estrada horas atrás e a acendo. O portão de metal se fecha atrás de nós chacoalhando.

Não tenho tempo para correr quando vejo que estamos cercados por mascarados e um deles pressiona suas mãos contra minhas costas fazendo meu corpo inteiro se contorcer com eletricidade puxando cada centímetro dos meus músculos.

Caio com o rosto contra o chão sentindo cheiro de carne queimada. A ultima coisa que vejo é o Corvo caminhando na minha direção e logo após, as luzes se apagam.



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