Capítulo Três - Winchester

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        A fome estava começando a tomar conta de mim quando eu e a menina de capuz, passamos em frente a um supermercado. Com tantas coisas passando pela minha cabeça, eu esquecera que ainda tenho necessidades humanas. Eu acreditava que eu poderia comer uma tonelada de alimentos e ainda continuar com fome. Esquecera também de minha mãe, que filho inútil, será que ela está bem? Pensei. 

-Vamos parar para comer alguma coisa - a menina disse interrompendo meus pensamentos. 

- E o prêmio de frase do dia vai para... 

- Cala a boca e anda!  

        O lobby do Supermercado tinha várias lojas de acesso rápido. Na frente de uma lavanderia, tinha escadas rolantes que levam ao segundo andar, e ao lado destes, escadas que levam ao estacionamento. Subimos as escadas e fomos para a seção de bebidas. O lugar estava completamente quieto, exceto pela monótona música que saia de algumas caixinhas de som onde deviam ser anunciados os avisos. 

- Muito tranquilo por aqui, não? - Perguntei.  

- Sim, muito calmo ... - Respondeu a garota pegando duas garrafas de água.  

        Depois caminhamos até a padaria. Sentei-me em um banquinho ao lado do balcão enquanto a menina apanhava alguns pães-de-queijo, algumas tortas e sentou-se ao meu lado.  

- Então... Quem é você? - Perguntei mastigando um pedaço do meu pão de queijo. 

- Natallie Momm - ela respondeu rapidamente, como se ele já soubesse que eu perguntaria. 

- Vincent Walker, prazer! - Disse estendendo minha mão.  

- Prazer. - Ela olhou para minha mão estendida mas não a cumprimentou.   

         Natallie deu um sorriso bobo, e pela primeira vez, notei uma cicatriz escondida sob seu cabelo preto e curto. A cicatriz na bochecha direita formava um semicírculo com uma cruz dentro. 

- O que é ...? 

        O som de latas caindo interrompeu minha pergunta. Natallie fez sinal de silêncio, e eu, confirmei com a cabeça. Ela colocou o capuz. Nós nos escondemos atrás de um frigorífico cheio de frangos congelados. Levantei-me um pouco para tentar avistar o que tinha causado o barulho. 

        Na seção de enlatados, um menino loiro que parecia ter cerca de 15 anos de idade, recolhia algumas latas do chão e colocava-as em sua mochila. Ele colocou-a em suas costas e correu em direção às escadas. Natallie começou a segui-lo, e eu a acompanhei. 

        Fora do supermercado, o sol estava se levantando. Quando eu vi toda aquela luz, senti meus olhos arderem. Os protegi com meu braço e continuei seguindo Natallie, que não tinha notado a minha reação ao sol. 

        O garoto atravessou a rua e Natallie e eu nos escondemos atrás de um dos carros abandonados na rua. À luz do dia, havia poucos vampiros perambulando e os poucos que se aventuravam, não nos atacavam. 

  
        Quando o menino estava passando em frente a um museu, um enorme vampiro correu em direção a ele. Eu tinha o desejo de ir ajudá-lo, mas não foi preciso. Antes do grande homem pensar em o atacar, o menino deixou cair um punhal de sua manga esquerda. Com uma incrível velocidade, ele cruzou a mandíbula do monstro, que caiu com um baque forte do chão. Eu podia ver a ponta da faca em cima da cabeça do cadáver. O menino puxou a arma de volta, limpou-a na roupa do vampiro e continuou seu caminho. 

        Natallie olhou para mim com uma expressão de surpresa em seu rosto. 

- Quem era aquele cara? 

- Vamos perde-lo de vista! - Disse enquanto o menino virava a esquina de um café.  

        Corremos para acompanhá-lo, mas ao virar da esquina, o rapaz tinha sumido. Era um beco que levava atrás da lanchonete.  

- Seguir as pessoas é muito errado, sabe? - Disse uma voz fina e segura atrás de nós. 

        Viramos para encarar o dono da voz. Era o garoto de cabelos loiros. De perto, ele parecia um pouco mais velho. 

  
        Antes que pudéssemos ter qualquer reação, ele deu um soco no estômago de Natallie, e quando ela se curvou de dor, a golpeou no pescoço. Natallie desmaiou. Quando ele tentou bater no meu rosto, eu segurei sua mão. Ele bateu no meu estômago com a outra, mas eu não senti o impacto. Segurei suas duas mãos com força, e cabeceei sua testa. O garoto caiu para trás e gemeu de dor. Quando eu estava prestes a chutá-lo, ouvi uma explosão e algo me empurrou para a frente. 

        Senti minha camisa molhada. Levei minha mão ao meu peito e, em seguida, a olhei. Estava coberta de sangue. Virei-me para encontrar o atirador, o que foi difícil, por causa da minha reação negativa à luz solar. Mas eu consegui avistar um homem no terceiro andar de um edifício no final do beco. Quando eu dei um passo para frente, ouvi mais um tiro e um projétil atravessou meu abdômen. A dor que sentia era inexplicável e trouxe consigo um cansaço fatigante. Caí no chão sentindo minha cabeça bater contra o asfalto e deixei aquela leve sensação de sono me levar... 

                                                                                         †††

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