Capítulo Nove - Sydney

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        Descemos do Rose's Sea quando o sol já dava lugar a lua, o que não era bom - vampiros caçam a noite. Deixamos o barco à beira da praia. Não era como se alguém fosse aparecer para rouba-lo nas devidas circunstâncias. Ao nosso redor, diversos guarda-sol espalhavam-se pela areia clara e fina que por toda sua extensão estava manchada pelo sangue de cadáveres. Suas feridas eram nojentas, porém não aparentavam ser recentes e já não cheiravam mal. Haviam várias árvores pela calçada que antecedia a praia. Erva-daninha crescia por toda a parte na altura dos veículos. Ninguém passava por ali havia um bom tempo.  

- ARGH! Quando diabos vou me acostumar com essa nojeira? - comentou Katherine com a mão sobre a boca. 

        Natallie saiu por último do barco. Ela melhorara visivelmente durante o tempo em que levamos para chegar em Sydney. Sua pele clara já havia ganhado sua palidez habitual e as feridas em seus braços - e provavelmente por baixo de sua roupa também - já estavam terminando o processo de cicatrização. 

 - Qual a distância até o hospital? - perguntou Natallie. 

        Rebecca caminhava um pouco mais a frente. Ela vestiu o capuz de seu moletom cinza pois começara a garoar. 

 - Acredito que fique a pelo menos 30 quilômetros daqui. Não chegaremos hoje se formos andando. 

        Haviam vários carros estacionados pela extensão da calçada - alguns virados sobre a areia inclusive. Caminhamos entre eles a procura de algum que ainda estivesse com a chave na ignição.  

 - Aqui! - chamou Elizabeth. Ela apontava para um Citroen preto - mas acho que... eca. Amigo, acredito que você não vá mais precisar disso aqui, não é? 

        Um rapaz moreno de face indistinguível estava no banco do motorista. Seu crânio estava horrorosamente esmagado para dentro e fedia a podridão. Elizabeth abriu a porta do carro e puxou o cadáver para fora. – Estou começando a temer ficar acostumada demais com isso...  

 - Porque há tantos corpos apodrecendo por aqui...? - perguntou Rebecca para ninguém especificamente. 

 - Talvez porque milhares de monstros comeram eles até a morte? - arriscou Katherine aproximando-se do veículo. 

        Sentei no banco traseiro junto dela e de Natallie. Rebecca colocou seu moletom sobre o banco do motorista e sentou-se sobre ele enquanto Elizabeth se posicionava ao seu lado. 

- Não por isso... A transformação ocorre rapidamente, não? - comentou Rebecca -  Eles não deveriam estar perambulando por aí? E falando nisso, alguém viu algum infectado até agora? 

- É verdade... Eu não vi nenhum. - Respondeu Katherine, todos nós reafirmamos. 

 - Isso quer dizer que todas essas pessoas aí... - Natallie disse olhando para os cadáveres na praia - ...eram imunes? 

 -  Tem algo muito errado com esse lugar...  

††† 

        Rebecca dirigia havia horas quando paramos em um posto de gasolina para Natallie ir ao banheiro e guardamos alguma comida. Previsivelmente, não havia praticamente nada na loja do posto, tudo estava revirado. Alguém já havia passado por ali e pegado tudo às pressas. Conseguimos apenas algumas barras de chocolate e pilhas para uma lanterna que encontramos no carro. Previsivelmente, não havia gasolina no local, mas por sorte, encontramos um carro abandonado no caminho e conseguimos alguns litros de combustível. 

        A estrada continuou deserta por algum tempo até passarmos por um infectado que parecia perdido. Ele não nos deu atenção alguma, o que deduzi ser efeito da luz do sol. Poucos minutos depois, após passarmos por uma parte do caminho que era cercada por árvores, dávamos entrada a civilização e avistamos mais um infectado ajoelhado. Parecia estar se alimentando de alguma coisa - ou de alguém. 

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