Sedução Felina - Aaron

Bônus Final 2

- Como assim? - pergunto, o choque rasga meu corpo, apenas com a possibilidade de ter Aaron de volta.

Meu coração começa a acelerar e espero que Matthew não esteja brincando comigo. Eu o mataria com minhas próprias mãos. O faria perceber que com isso não se brinca.

Slay aperta minha mão em sinal de conforto e encaramos seu irmão em expectativa.

                                                                                           ***

Entramos na antiga biblioteca da casa. No caminho Matthew não deu nem uma dica do que ele estava falando e essa espera já estava acabando com meus nervos.

- Então é assim - Matthew sentou na cadeira de madeira, com estofado de couro, do lado de frente para um livro bem velho. Ele abre o livro em uma página com um marcador improvisado, enquanto Slay senta-se do seu lado, em uma cadeira semelhante.

Eu estou em pé. Inquieta com tudo que está acontecendo.

Matthew passa o dedo indicador pelas linhas na página até que que acha algo.

- Aqui! - ele bate com o dedo em uma parte do texto. - Foi aqui que achei o que queria.

Ele vira o livro em minha direção e aponta para que eu leia.

A alma é criada junto com o corpo. Se um feitiço foi recitado, e a alma se separar do corpo, ela pode achar seu caminho de volta, com um feitiço de devolução simples.

Meu coração se acelera. Tem uma chance. Só de imagina que posso ter meu amor de volta. Seus beijos, seu carinho. Não que passamos muito tempo juntos no ano em que nos conhecemos, mas mesmo o pouco tempo que compartilhamos, me fez desejar cada pedaço dele mais e mais.

Um coçar de garganta me tira dos meus pensamentos quando vejo Slay me olhando com preocupação.

- Mas - ele começa - a alma de Aaron está em Aaron Jr. se dermos de volta a Aaron, o menino não iria morrer?

Um arrepio passa pelo meu corpo. Não. Meu bebê não.

- Não - digo firme - Eu não posso fazer isso. Eu tenho meu filho agora. A três anos atrás deixei o homem que amei sacrificar sua vida pela a do nosso filho. Eu não vou reverter isso. Aaron não está morto. Está em coma. Isso para mim basta. Podemos achar um novo jeito.

- Alice - Matthew suaviza sua voz. - Acalme-se. Você realmente acha que eu falaria com você se já não tivesse passado todas as possibilidades na minha mente? Estou certo de que eu encontrei a solução e vocês deveriam ter um pouco mais de fé em mim. Não me importo com o que pensam, sobre todas as formas que pode dar errado. O meu plano vai dar certo. Aqui - Matthew passa o dedo novamente sobre a página, lendo com os olhos, ele procura por algo. - Essa parte. Leia.

A alma de um ser humano está com ele quando ele nasce, mas a alma do animal só desenvolve depois.

- Pensa comigo Alice - ele começa - Aaron Jr. tem sua própria alma. Ele tem todas as características descritas nesse livro. Ele tem sua própria alma, mas também tem a do pai. Alice.

Ele me encara nos olhos. Mordo meu lábio em dúvida do que fazer, como fazer. O risco de perder meu filho é grande, mas ao mesmo tempo eu sinto. Bem no fundo de que essa é a opção certa. É opção que deveria seguir mesmo que tudo me mostre o contrário. Olho para Matthew e vejo certeza em seu olhar, como se ele estivesse me dizendo que tudo vai ficar bem.

Respiro fundo e peço aos anjos e a todo e qualquer ser superior que isso dê certo. Tenho esperança de que essa seria minha última solução, que depois de três anos eu possa ter meu amor de volta. Não quero ter que sacrificar meu filho. Merda, não vou sacrificar meu filho, mas o medo de que algo dê errado me impede de dar o passo final.

- Vai ficar tudo bem Alice, tudo vai dar certo, mas você tem que acreditar. -Slay me disse.

Nos arrumamos para operação. Ou melhor o salvamento. Matthew leu tudo que precisávamos fazer. O feitiço que meu filho precisava dizer ao lado do seu pai, para que sua alma voltasse ao corpo original. Decidimos esperar até o outro dia para realizar nossos planos, precisaríamos de um tempo de descanso colocar a cabeça no lugar e depois prosseguir, esperando que tudo dê certo.

Caminhamos para fora, Slay segura minha mão assim como ele fez quando nós caminhamos para dentro. Sinto como se a nossa ligação estivesse ficando mais forte, depois do que ele me contou, sinto como se nós agora fôssemos realmente amigos. Seu irmão vem ao nosso lado, pensativo. Aposto que está passando todos os detalhes na sua mente, garantindo que nada dê errado.

                                                                                                   ***

Me jogo na minha cama assim que chego perto o suficiente para não cair. Olho para a porta fechada e me lembro de quando eu estava aqui a muito tempo atrás brincando com meus filhos. O cenário seria perfeito se o pai deles estivesse conosco. Os meninos perguntavam por ele várias vezes, e eu tive que explicar que ele estava dormindo profundamente, mas que um dia acordaria. Os meninos depois disso voltaram a brincar, mas eu não. Pensei em cada palavra que ele me disse.

Lembrei de quando estávamos na minha casa pela m primeira vez. Do modo em que tudo pareceu tão certo. Tão no lugar quando nos tocamos. era quase como se eu conhecesse o seu corpo e ele o meu. Como se já tivéssemos explorado esse caminho antes. Minha mente vaga até o dia da luta que ele teve com o Lucas.

Eu não conseguia mais viver minha sem ele. Eu o amava com tudo o que tinha, e eu sabia que ele me amava também. Esperei ansiosa para que tudo acabasse logo e eu pudesse ter ele nos meus braços, como uma família. Eu,ele e os nossos filhos. Era para ter sido assim.

Sinto lágrimas deslizarem pela minha face. A imagem do sangue cobrindo minhas mãos, da dor física de dar a luz, mas da emocional em ver o seu amor dar a vida pelo filho de vocês.

Eu queria que tudo fosse diferente. Queria que pudéssemos ter uma vida melhor, que meus filhos tivessem uma vida melhor.

Por mais que eu tenha tentado,não foi fácil ser uma mãe solteira. Sem ninguém para te ajudar, te auxiliar. Eu sei que tenho todos da comunidade comigo, e os meninos mas não é a mesma coisa de ter o pai do seu filho ao seu lado o tempo todo.

As noites em claro que passei querendo pelo menos um abraço, não foram esquecidas. E meu coração acelera no peito apenas com a possibilidade de poder ter isso tudo novamente. De ter ele do meu lado novamente.

Levanto o tronco da cama quando vejo dois pares de olhos azuis me encarando da porta.

- Mamãe - Biel disse, segurando seu cobertor de giraffinhas, junto com seu irmão que segurava seu ursinho de pelúcia. - "Pudemo" dormir com a "sinhora"?

Eu quase ri da apreensão no seu olhar, ele sabia que não tinha problema, já que essa não é a primeira vez que ele me pede para dormir comigo.

- Venham aqui - Eu bati na cama. Eles riram e esse som encheu meu peito de alegria. Eu poderia ter passado esses três anos reclamando da vida.

Poderia ter ficado brava com Aaron por ter se sacrificado. Mas não o fiz. O porque? Porque eu tenho os melhores filhos que uma mãe pode querer. Que me amam, me respeitam e me admiram de uma maneira tão pura e tão linda que enche meu coração de alegria. E é por esse motivo que eu vou tentar trazer o pai deles de volta. Porque ele merece ver os filhos lindos que tem. E porque eles merecem conhecer o pai maravilhoso que os ama.