Capítulo 3

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Minha noite ontem foi realmente longa, Aaron honestamente tem um pique que mesmo eu, uma "amante do sexo" não consigo acompanhar. Olho para o outro lado da cama e o encontro vazio. Antes que eu pense que ele saiu na calada , sinto cheiro de comida vindo da cozinha e, a não ser que minha casa seja habitada por fantasmas que gostem de cozinhar, só pode ser ele.

Me enrolo no lençol e desço as escadas, estaco assim que tenho a visão mais preciosa da minha vida. Aaron nu cozinhando. Morri e fui pro céu , tenho certeza. Como se sentisse minha presenca ele se vira e abre um sorriso lindo.

- Bom Dia.

- Bom Dia, vejo que acordou cedo.

- Tenho que preparar o cafe não acha? Estava pensando seriamente em te acordar, mas voce estava tão linda dormindo que pensei ser uma grosseria se fizesse.

- E você como um cavalheiro não faria uma grosseria dessas.

- Eu posso ser grosso. Você sabe disso.

Fiquei cinquenta tons de escarlate. Ou qualquer outro vermelho que conheça.

Minha vontade agora? Ser um avestruz e enfiar a cabeça na terra.

- Não fica tímida. Ontem estávamos muito íntimos.

- O que está cozinhando?

Velha tática de mudar de assunto, não sou covarde , não me entenda mal. Pense comigo, uma pessoa como eu , com o meu passado e tudo de ruim que ja aconteceu na minha vida, não só com o Lucas mas, enfim , eu não posso me dar ao luxo de ter intimidade com ninguém, ainda mais com um estranho. Mesmo que no trabalho tenha amigos e tudo mais, eles nunca cruzam a barreira imaginaria que tenho em volta de mim.

- Ovos.

- Sério?

- Sim , gosta de ovos?

- Não. Detesto ovos.

- Você é malvada.

- Nunca disse ao contrário.

Enquanto Aaron frita os ovos para ele, eu começo a fritar bife. Sim as nove da manhã eu estou fritando bife. Eu amo carne, literalmente uma carnívora, então , comer carne para mim poderia ser qualquer hora.

Um sentimento estranho se instala em mim, o mesmo da noite passada. Aquela sensação de conforto.

Assim que acabamos de preparar nossa comida , fomos para a mesa.

- Então me diz da sua vida Alice.

Nem pensar gatinho.

- Não tenho muita coisa a dizer.

- Me diz dos seus pais.

- Não.

- Seus irmãos?

Meu corpo se enrigesse.

- Não

- Do seu gato?

- Não tenho um.

- Não gosta de gatos?

- Gatos são estranhos.

Ele enruga a testa e se movimenta desconfortavelmente na cadeira. Ele tem um gato? Disse algo de errado.

- Me diga de você Aaron, sua família.

- Eu não sou como você Mrs. Mistério. Eu tenho uma família grande, muito grande e todos vivem juntos.

Tento disfarcar minha cara de desgosto, e acredito que pela cara que ele fez, falhei.

- Gosta de familias grandes?

- Não sou muito fã, gosto do meu espaço.

- Posso ver, mora nessa mansão e sozinha.

- Não é uma mansão.

- É sim.

- Enfim , como é sua vida com essa sua grande família.

- Nós não moramos na Itália. E tenho sorte de voce saber falar inglês. Mas me conte como uma italiana fala um inglês tão bem, e sem sotaque.

- Meus pais me ensinaram desde pequena.

Que os anjos digam amém e, ele engula esta desculpa.

Nossa tarde foi ótima, conversamos mais sobre a vida dele que a minha. E mesmo que fosse hora dele ir , ja que foi so uma noite, com um cara desconhecido, eu não tenho coragem de manda-lo embora. Eu , por mais que não queira admitir , estou gostando de ter alguém , acompanhando minha vida, e alguém para conversar. Aaron entendeu que não vou falar muito de mim , então ele me conta histórias da família dele e como os sobrinhos, tios e amigos são animados e vivem em harmonia. Não consegui arancar dele onde ele mora , porém nem fiz questão de perguntar muito ja que isso daria o direito dele perguntar algo sobre mim , e honestamente eu não quero que ele saiba muita coisa sobre mim.

Estamos assistindo filme na sala, como um casal de namorados. Patético. Você deve pensar que eu sou estranha ou não me decido , mas eu não sou normal, nunca disse que era. Minha personalidade é inconstante, nunca contei os meus segredos para ninguém porque eu sei que me julgariam, a sociedade julga. É comum atirarem pedra no vidro dos outros mas não olhar para o proprio. Acabando com o momento desabafo e voltando a minha situação , estou abraçada a ele no sofa assistindo A Hospedeira. Eu literalmente AMO esse filme, sei as falas e tudo mais, então assistindo A Hospedeira pela décima vez. Eis que vem a pergunta mais inesperada que alguém pode me fazer.

- Como você reagiria se tudo o que conhece for mudado? Ou se existe algo mais além dos humanos?

Isso me chocou ,poucas coisas me chocam. Penso por algum tempo e nem percebo quando ele para o filme, somente aguardando a minha resposta. Pelo visto era importante.

- Não sei. Gosto de coisas novas.

- Explique - se

Como explicar que se tudo fosse novo eu poderia ter uma nova vida? Fingir que sou normal e não uma louca, desequilibrada, não entendo como explicar pra ele que se tivesse algo mais no mundo não iria me sentir mais estranha. Não posso explicar isto para ele, não posso me explicar então tudo o que disse foi:

- Não sei.

Aperto play no filme e continuamos a assistir, mesmo assim ele me olha diferente as vezes. Como se estivesse tentando me entender.

- Quando o futuro vira passado , é fácil entender o que deveria ser feito, então não destrua seu futuro por um problema do passado.

Ok, eu não entendo o que ele quer dizer mas nem respondo. Detesto frases de reflexão , acho que não combinam comigo. Sou parada no meio do meu pensamento com a campainha.

- Espera alguém?

- Não, na verdade não faço ideia de quem seja.

Vou abrir a porta ainda enrolada no lençol, ja que eu não subo ao meu quarto desde que acordei. E sim Aaron continua nu. Não que eu esteja reclamando.

Caminho em direção a porta principal e assim que abro o sangue drena do meu rosto, minhas pernas ficam bambas eu tenho absoluta certeza que estou prestes a desmaiar.

- O que você tá fazendo aqui?

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Estou atrasada de novo, mas estou aqui. Meu fds foi louco. Qualquer erro me avisem, e comentem muito. ( Não me matem no próximo capítulo)

Sedução Felina - AaronOnde histórias criam vida. Descubra agora