Prólogo

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Essa magnificência não faz sentido pra você.

Daryl se sentia feliz quando estava em sua moto, o vento levava seus pensamentos desesperados e o deixava em paz. O arqueiro observava a cidade carente de humanos, a solidão o invadia mas ele gostava do silêncio. Se lembrava de toda a porcaria que já fizera na vida, se lembrava do gosto de suas drogas e as sensações variadas que sentia; repulsa e desejo agora eram misturados em seu sangue.

Estacionou sua moto perto da porta de uma loja de conveniências, pegou sua faca e deixou sua besta em uma boa posição para alguma emergência. Abriu a porta lentamente, esperando ouvir algum grunhido ou barulho; silêncio foi algo que o deixou surpreso. Olhou para a porta e viu que não havia nenhum sino, então a abriu completamente e adentrou no local.

Caminhou lentamente pelo local, observando os cantos empoeirados e apodrecidos, sujos com o sangue gosmento dos mortos vivos recém atacados. Os mesmos estavam no chão, com suas cabeças abertas e jorrando todo aquela terrível gosma. Passou a mão pela estante onde deveriam ficar os mantimentos, pegou algumas latas e notou que já estavam abertas.

Daryl andou em direção aos fundos lentamente, tentando não fazer barulho no piso de madeira, parou ao lado da porta semi-aberta e preparou-se para entrar. Deu pequenos passos e adentrou no local, olhou todos os cantos do pequeno quarto antes pintado de vermelho e branco, a tinta cor de sangue estava descascada nas paredes, os cantos empoeirados e o chão que deveria ser branco estava completamente manchado. Direcionou os olhos para o canto mais escuro do quarto, onde a fraca luz da janela não dominava, e notou uma figura estranha jogada no chão.

Caminhou mirando sua besta para o corpo, chegando mais perto com cuidado. Era o corpo de uma garota - muito bonita por sinal -, seus longos cabelos castanhos estavam bagunçados e soltos, uma camisa xadrez cobria seus braços e sua barriga estava protegida por uma cadeira, colocada de modo inteligente para que um errante não caisse exatamente na garota.

O besteiro esticou sua perna e chutou a garota lentamente, esperando alguma reação. Os olhos da jovem se abriram lentamente, olharam o corpo do moreno enquanto tentavam manter o foco. Ela chutou a cadeira rapidamente enquanto se levantava, sentiu seus pés queimando enquanto tentava se manter de pé.

- Quem é você? Por que está aqui? - Perguntou desesperada, sua voz mostrava todo o seu cansaço.

- Quem é você e por que está aqui, garota? - Daryl perguntou, semi-cerrando seus olhos inchados.

A garota pensou por alguns rápidos segundos, chegou a conclusão que esse era mais um dos seus inimigos e que ele deveria morrer. Virou-se e puxou sua faca, mas antes que conseguisse se virar Daryl agarrou sua cintura, prendendo-a com toda a sua força. A garota rosnou, sentindo suas costelas recém machucadas serem apertadas de novo, as ferindo mais.

A morena tentou se defender dando cotoveladas no besteiro, que acabou a soltando sem querer. Novamente sentiu dor quando sentiu seus pés encostando no chão, mas toda a adrenalina que se misturava ao seu sangue fazia a dor diminuir consideravelmente. Correu para perto da janela e pegou sua faca novamente, colocou-a em seu punho com a lâmina virada para seu pulso em posição de defesa, e esperou um pequeno movimento de Daryl para o finalizar.

Daryl se aproximou lentamente da garota, com os braços levemente levantados, mostrando que não queria machuca-la.

- Eu posso te ajudar... - Ele falou baixo, dando pequenos passos em direção a garota.

- Eu sei com quem você anda. Eu não vou voltar pra lá!

Ao terminar de falar, a morena correu em direção a ele, mas foi parada pelos músculos do mesmo, que acabou virando a faca para o pescoço dela.

- Eu poderia ter te matado enquanto dormia, e posso te matar agora. Mas... - Ele puxou a faca da mão da garota enquanto sussurrava em seu ouvido, depois chutou-a jogando para longe. - Eu quero te ajudar. Me fale seu nome.

- Meu nome é Liz... Lana, eu me chamo Lana... Del Rey. - A jovem choramingou tentando tirar os braços do moreno de seu pescoço.

-Meu nome é Daryl. Eu vivo em uma prisão. Temos pessoas, comida... Médicos. - Daryl soltou o pescoço dela enquanto falava.

Lana pensou um pouco, realmente confusa. Mas para ela nada importava, ela estava totalmente machucada e precisava de curativos. A jovem assentiu com a cabeça, se recompondo enquanto olhava para os olhos azuis e frios de Daryl, então saíram juntos.

Lana estava desconfiada, mas preferia acreditar que ele era um bom moço e que estava falando a verdade. Na moto do homem seus pensamentos se bagunçaram com o vento, ela estava arrependida, mas ao mesmo tempo sentiu algo bom naqueles olhos frios. Ou, pelo menos ela queria acreditar que sentiu.

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