Perfect

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Essa noite é a noite perfeita.
Irei levar Olivia para jantar em um restaurante caríssimo, o qual tenho certeza que ela irá amar. Depois de três semanas, finalmente o primeiro encontro com a garota com quem eu não paro de sonhar dia e noite. Mas primeiro, eu preciso descobrir como dar um nó nessa gravata idiota.
Smoking pronto, buquê de flores a postos, perfume importado, chaves do carro, mesa reservada. Acho que já tenho tudo para uma noite perfeita. Só falta a garota.

Chego no prédio de Olivia em poucos minutos. Buzino bem alto. Ela desce em poucos segundos. Olivia está usando um vestido vermelho que marca suas curvas e uma echarpe peluda ao redor do sono. Ok, ela já pode queimar esse guaxinim antes de entrar no meu carro.
- Oi. - Diz ela
- Olá.
Ela está usando um batom vermelho e não há traços de glitter em seus rosto. Os saltos nos pés a deixam com a postura totalmente ereta. Com essa bolsa prateada cheia de cristais, ela parece uma verdadeira lady.
- Você está linda. Para você. - Estendo-lhe o buquê de flores.
- Obrigada. -Ela coloca um dos cachos atrás da orelha para cheirar as flores.
- Mas você precisa se livrar dessa echarpe.
- É horrível, não é? - Ela a arranca do pescoço de uma vez só e a joga no banco de trás. - Bem melhor.
Ela sacodes os braços e eu reparo em mais um detalhe do vestido: suas costas estão totalmente à mostra. Obrigado echarpe!
Olho para a frente, apertando o volante para me controlar.
- Por que estava usando a echarpe se a achava tão horrível? - Pergunto curioso.
- Não sei. Acho que estava com frio por causa do vestido.
- Não me admira, com esse buraco nas costas.
- Para começar, não é um buraco, é uma frente única. E segundo, você está com ciúmes, Nick?
Engulo em seco.
- Eu? Imagina.
- Uhun. - Olivia cruza os braços. - Então você não vai se importar se eu sentar assim no restaurante?
Olho para ela. Suas pernas cruzadas revelam uma fenda na coxa do vestido. Droga.
- Isso é um vestido ou uma arma para me fazer pirar?
Ela descruza as pernas e os braços.
- Os dois.
Ela ri enquanto eu respiro fundo. Essa noite não vai ser fácil.

                                                                                                ***
Finalmente chegamos ao restaurante. Deixo as chaves DK carro com um dos funcionários enquanto Olivia gira pelo terraço.
- Eu amo ar fresco! - Diz ela.
- Quem não? - Digo colocando as mãos no bolso.
Ela sorri de lado e eu retribuo. Olivia me estende a mão de unhas vermelhas.
- Vem?
Aperto sua mão junto à minha e caminhamos juntos até o elevador. Olivia abre a bolsinha e tira de lá um tubinho marrom. Observo-a retocar o batom já perfeito?
- Por que você está se maquiando para comer?
- Eu gosto de deixar a minha marca nas taças. - Diz ela enquanto faz movimentos estranhos com a boca.
As portas se abrem e ela guarda o batom, para em seguida enlaçar o braço direito no meu esquerdo.
O restaurante tem um tom clássico, com móveis em madeira, paredes em pêssego e música clássica tocando. O garçom vem logo em nossa direção.
- Boa noite. Possuem reserva?
- Sim. - Respondo. - Mesa 8, por favor.
- Por aqui, senhor.
O garçom nos conduz à uma mesa bem no centro do restaurante. Ele se oferece para puxar a cadeira de Olivia, mas eu mesmo o faço.
- Os cardápios. - Diz o garçom tirando dois de debaixo do seu braço. - Quando terminarem, é só acenar.
- Ok, obrigado. - O garçom se retira.
Abro o cardápio. Metade desses pratos eu nem sei nem o que são.
- Você pode decidir o que vamos comer, Olivia. - Digo fechando o cardápio.
- Qualquer coisa que eu consiga pronunciar. - Diz ela com cara de nojo.
- Salmão?
- Perfeito. - Ela fecha o cardápio de uma vez só, fazendo um estrondo que ecoa por todo o restaurante. - E uma sacola para eu colocar na cabeça.
- E de entrada?
- Nicholas, por favor, não complique as coisas.
Rio.
Aceno para o garçom. Ele vem até à nossa mesa.
- Já se decidiram? - Pergunta ele.
- Sim. - Abro o cardápio para fingir que passei muito tempo analisando todos os pratos. - Vamos querer salmão.
- E para beber?
- Vinho.
- De qual tipo, senhor?
- Do mais barato que você tiver. - Resmunga Olivia.
- Olivia! - Repreendo-a.
- O quê? Eu gosto dos vinhos mais baratos.
Rio sem acreditar no que ela diz.
- O seu desejo é uma ordem, senhorita. - Diz o garçom anotando os pedidos. - Já, já trarei os vossos pedidos.
Ele se retira e Olivia começa a rir.
- "Já, já trarei os vossos pedidos." Pfff. Para que toda essa pompa? Por que não "já vou trazer o rango"?
- É um restaurante chique, Olivia. Eles precisam tratar os clientes desse jeito.
- Acho desnecessário.
Ela toma um pouco de água enquanto eu rio comigo mesmo.

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