Capítulo Trinta e Um - Frank

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Eu estou parado na porta da casa da minha mãe há alguns minutos. Estou esperando o relógio bater o horário certo que eu combinei com Rebecca, e faltam cinco minutos. Mas, a verdade é que eu estou enrolando porque estou nervoso.

Apesar de ser filho da Rebecca e, aparentemente, meu também, é uma criança, e ele não deveria estar no meio desta bagunça, afinal, o mundo ainda precisa da inocência das crianças, porque, se não elas, quem teria?

Minhas férias estão terminando e tudo o que eu quero é resolver essa situação o quanto antes. Eu quero Hannah de volta o mais rápido possível.

Ignoro o fato de que estou três minutos adiantado e aperto a campainha e quem me atende é o capeta, opa, quero dizer, Rebecca.

— Oi! – ela dá um sorriso que tem tanta falsidade que faz o meu estômago revirar. Como é que ela conseguia educar uma criança mesmo?

— Jack está pronto? – eu pergunto sem ter por onde começar uma conversa.

— Porque você não entra? Sua mãe está com saudades.

Eu não quero ouvir minha mãe ficar dizendo que eu fui burro por ter deixado Rebecca e outros quinhentos "Blábláblás".Eu só queria terminar com isso logo.

— Não. – respondo, e Rebeca me olha com falso desapontamento.

— Tem certeza? Ela está com tantas saudades...

Ela está pouco se ferrando para isso, ela quer mesmo é que minha mãe coloque coisas na minha cabeça para que eu me aproxime dela.

— Estou certo da minha opinião sobre isso. Eu só quero passar o dia com Jack.

— Ok. Eu vou chamá-lo.– e então ela se vira e vai para dentro da casa chamar o garoto. Minha mãe não aparece na porta e eu agradeço por isso.

Coloco as mãos no bolso da calça jeans numa tentativa de acalmar o meu ânimo. Estou prestes a conhecer meu filho que, provavelmente, me odeia pela história contada pela mãe dele sobre mim.

— Oi! – uma voz infantil alcança meus ouvidos e eu olho atentamente para o menino na minha frente. Ele abre um sorriso e vejo que está tentando ser amigável. Eu não espero que ele pule nos meus braços, apenas ando o suficiente para ficar próximo dele e me abaixo, ficando da sua altura. Ele é a cópia da Rebecca que, a propósito, observa a cena com um sorriso estampado no rosto.

— Oi! – retribuo — Tudo bem?

— Tudo! – ele diz e ficamos em um silêncio constrangedor por alguns minutos.

— Programei algumas coisas legais para a gente hoje — digo, tentando quebrar a tensão... E parece que consegui, porque ele abriu um sorriso.

— Vamos?

— Sim!– ele responde. Estendo a minha mão e ele segura, e me sinto mais relaxado com a situação que poderia ser totalmente diferente. Ele está colaborando.

Nós dois vamos até o carro e ele entra no banco de trás. Rebecca só volta para dentro da casa quando eu viro a esquina.

— Você gosta de cinema e cachorro?

Consigo ver sua sobrancelha erguida através do espelho retrovisor.

— Hã?

— Tenho uma ida programada para o cinema hoje e acho que você iria gostar de conhecer Banzé. É o meu beagle.

Vejo um sorriso aparecer no rosto do garoto e isso me bate um alívio inexplicável, porque eu posso negar, mas eu estou morrendo de medo de ele se decepcionar comigo. Afinal, ele é meu filho.

Para Sempre ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora