por mais que tente, sei que não posso desistir

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No fim das contas, Barbara foi obrigada a voltar ao meu quarto e me dizer que a maioria do pessoal, na verdade, tinha concordado que ir para a casa dos meus pais seria meu melhor remédio no momento e que não tinha como Wilmer me encontrar, já que eles ainda moravam em Dallas – que era do outro lado do país e, portanto, ficaria impossível para ele.

Já fazia alguns dias desde aquele episódio e minha família, sabendo do ocorrido, fazia o máximo para que eu não soubesse do paradeiro dele, mas também não fazia nada para disfarçar isso. Eu tentava levar na esportiva e me concentrar em não sair da linha, mas tudo no lugar me lembrava da última vez que estivera ali, e com ele.

Quando o dia amanheceu, senti um pressentimento ruim, como se algo estivesse prestes a acontecer. Tento ignorar isso e faço minha meditação e minhas obrigações matinais, e é quando estou lavando a louça do café-da-manhã que a campainha toca. Isso não me faz interromper o que estou fazendo, uma vez que minha mãe já havia se oferecido de prontidão para ver quem era.

E então, houve um silêncio. Estava tudo muito quieto – quieto demais. Comecei a pensar mil coisas, mas nada chegou perto daquilo que eu estava vendo.

Minha mãe estava tão boquiaberta quanto eu por vê-lo ali. Como que ele me encontrou? E aliás, por que ele quis vir até aqui? Mas o que mais me chamou a atenção foi ver que ele estava desacompanhado. Onde estava a mais nova pretendente do sr. Valderrama?

Apesar de estar plantado do lado de fora da porta, ele percorria a casa inteira com os olhos, até que encontram os meus. Droga. Eu estava certa do que ia dizer, estava pronta para dizer não e mandá-lo seguir sua vida porque ele seria muito mais feliz assim, mas quando seus olhos pararam em mim, já não estava mais tão certa assim. Praguejar mentalmente era tudo o que eu conseguia fazer e isso ainda me deixa com mais raiva, porque o poder que ele exerce sobre mim ainda é tão forte que nem parece que já faz tanto tempo desde a última vez que nos vimos.

Ele era a melhor droga que eu já tinha experimentado e que ainda estava viciada. Minha vontade foi de correr para a porta e me jogar em seus braços e choramingar o quanto eu havia sido estúpida e sentia sua falta e que ele foi mais estúpido ainda em me escutar num momento de frieza extrema, mas, ao invés disso, lembro das fofocas que escutei daquelas meninas e luto contra meus sentimentos mais irracionais para continuar o encarando com a máxima indiferença que poderia ter.

Dava para ver que Wilmer queria entrar, mas minha mãe estava irredutível. Ela sabia, e ele sabia que ela sabia e foi por isso que buscou por mim, porque ele pensava que eu estava completamente ingênua quanto a situação. Agradeço pela milésima vez por minha mãe não deixá-lo entrar, porque se o fizesse, eu não responderia pelos meus atos. Apesar de querer muito parar de encará-lo e voltar aos meus afazeres, meu corpo não corresponde aos meus comandos e eu mal pisco, hipnotizada pelo olhar de pôr-do-sol que há tanto tempo eu não via estampado em seu rosto. É aquele olhar bonito, mas que ao mesmo tempo é triste, melancólico e isso só faz dele um olhar mais viciante ainda, combinando com tudo que há de viciante nele – será que já criaram uma clínica de reabilitação para viciadas em ex-namorados latinos?

— Oi — ele tenta amenizar a quietude que perturba a todos nós, sorrindo de forma triste e acenando para mim.

— Posso saber o que está fazendo aqui? Não tem nada aqui para você. — Mal me reconheço ao falar de forma tão ríspida com ele; mas era um mal necessário, eu tinha de admitir.

— Tem, sim. Tem você. — Ele ignora o olhar mortal de minha mãe e continua. — Podemos conversar? Por favor?

Minha mãe me olha com dúvida, como se quisesse me perguntar se eu o deixaria entrar ou não. Era mais uma na família que caía na desgraça do charme dele e isso me derruba do salto. Uma vez que minha mãe não estava mais tão certa do que deveria fazer com ele, como que eu estaria?

old ways || demi lovatoOnde histórias criam vida. Descubra agora