Era uma manhã tranquila em Soles, um povoado de poucos habitantes situado em uma planície perto da praia. O ar tinha cheiro de café e a grama estava coberta de orvalho. Havia pardais pousados no cercado da pequena casa de campo que o Sr. Bueno e a linda Katherine moravam. O Sr. Bueno, pai de Katherine, era médico, uma profissão rara na época, mas com tão poucos recursos tecnológicos, não era tão útil. James Bueno já tivera que assistir mais mortes do que gostaria de poder contar. Ele fazia o que podia para ser o melhor profissional, mas tudo o que tinha ao seu favor eram ervas fitoterápicas e alguns objetos mágicos o qual o haviam presenteado.
Certa vez, em seu aniversário de cinquenta anos, um misterioso homem lhe presenteou com um objeto maravilhoso. Era um pequeno cilindro de vidro, da altura de sua mão, com algumas linhas desenhadas, indicando números. Dentro havia um líquido metálico e o homem o alertara de que jamais deveria quebrar aquele vidro, pois se o líquido tocasse sua pele, certamente geraria uma doença incurável. O objeto, aparentemente, servia para medir a temperatura interna do corpo. Aquilo lhe fora muito útil, por isso, denominou aquele objeto mágico de "termômetro".
James e Katherine moravam em uma parte mais afastada dos outros. Ele construíra aquela casa quando começara a crescer financeiramente. Era grande o bastante para os dois e, poderíamos dizer que era à altura de uma pessoa de classe média.
Eles tinham dois vizinhos: a família Brasão e a Calado.
O Sr. Brasão era um soldado aposentado, rigoroso em relação à tudo e, por vezes, maltratava a sua doce esposa com palavras negativas. Ela era uma mulher extremamente paciente e amava muito seu marido. Suportava tudo calada. Seu filho se chamava Benjamin, porém todos o chamavam de Ben. Tinha pele tão clara como uma porcelana e olhos acinzentados e escuros. Seus cabelos eram cacheados e rebeldes, negros como o ébano. O menino começara a ter sonhos aos dez anos, juntamente com pressentimentos e visões. Seus pais o escondiam da sociedade, criando-o naquele campo, mas ao se tornar jovem, soube controlar suas palavras e então teve permissão para sair do quarto onde morava.
Os Calado eram um pessoal alegre, animado e cheio de vigor. O senhor da casa era um comerciante, casado com uma linda mulher de cabelos loiros e brilhantes. Os dois eram muito doces e bondosos. Tinham uma filha que se chamava Lucy. Ela era divertida, porém, por vezes, um pouco fútil. Adorava comprar vestidos os quais não precisava e sapatos caríssimos. Seu sonho era se casar com um príncipe e se tornar rainha, por isso estava sempre arrumada para caso conhecesse seu futuro marido. Tinha olhos azuis e cabelos loiros como os de sua mãe, porém, seus cabelos, tinham grandes e comportados cachos nas pontas e uma linda franja cobria sua testa.
Quando Katherine começou a crescer, teve a deliciosa oportunidade de conhecer seus vizinhos. A partir desse dia, Ben, Lucy e Kate nunca se separaram.
O Sr. Bueno havia saído cedo para atender uma criança com um ferimento, em um povoado próximo. Às cinco da manhã acordou sua filha e pediu-lhe que aprontasse algo para que ele pudesse comer. Katherine o fez de bom grado e ainda aprontou o cavalo para que a viajem fosse segura.
- Voltarei antes do anoitecer, querida. - ele falou, dando-lhe um beijo na testa.
- Eu te amo - ela falou.
- Eu também - e se foi.
Katherine ficou na porta da casa por alguns instantes, ainda observando o cavalo partindo com seu pai, mas então, algo aconteceu. James sentiu uma dor terrível e pôs a mão em seu peito, dando um grito. O cavalo parou no mesmo instante que o homem puxou as rédeas.
- Papai! - Katherine gritou, segurando o vestido enquanto corria ao encontro de seu pai.
Quando estava perto, o homem soltou o cavalo e caiu no chão, arfando. Katherine se ajoelhou, soluçando, ao lado de seu pai.
- Tudo bem, querida. - ele falou, a consolando.
- O que eu posso fazer pelo senhor? O que está acontecendo? - ela gritou, vendo que a pele de seu pai já começara a ficar sem cor.
- Meu coração já não está com tanta força para me dar vida, querida - lamentou - Chegou a hora de descansar.
- Não! - ela clamou, abraçando-o - Por favor, não me deixe, papai!
O homem chorou, naquele momento, sentindo a angústia de ter que deixar sua filha, mas reuniu todo fôlego de vida, apertou sua mão e falou:
- Eu te amo.
E a vida se esvaiu de seu corpo.
Katherine começou a gritar e chorar amargamente sobre o corpo de seu pai. Ela encostou o ouvido em seu peito e pode ver que ele estava certo: seu coração não batia mais. Ele estava morto.
Ao verem o homem caído no chão e a menina chorando, os vizinhos bondosos vieram ao encontro dela. A Sra. Calado abraçou a menina e a consolou, alisando seus cabelos longos e castanhos. A mãe de Benjamin fechou os olhos do Sr. Bueno e colocou suas mãos sobre o peito do mesmo.
A jovem Katherine tinha apenas dezesseis anos, então os vizinhos a pouparam de tudo, querendo ajudá-la. Os Calado ofereceram um novo lar para a menina, em sua própria casa, e a acolheram enquanto organizavam o funeral. O túmulo foi colocado em um local perto, para que Kate pudesse levar flores sempre que quisesse.
James era um homem querido, e já havia salvado muitas vidas, então, em seu enterro, muitas pessoas compareceram. A menininha que ele estava indo ajudar acabou sendo curada. Não era muito sério, afinal. Sua família compareceu, bem como tantas outras famílias. Era um consolo para a pequena Katherine. Seu pai, afinal, havia sido um herói.
Seus amigos foram muito gentis levando-a para caminhar num lago próximo de suas casas. Eles não disseram uma palavra, sequer. Nem mesmo a Lucy, que costumava ser tão tagarela. Eles amavam o Sr. Bueno. Ele era um homem gentil e sempre os tivera acolhido de forma bastante calorosa. Mas, mesmo sentindo falta, eles não sabiam o que era perder sua única família. A mãe de Katherine havia morrido durante o seu nascimento, e agora, seu pai se fora. Ela se sentia sozinha, sem chão, sem luz.
Os três atiravam pedrinhas no lago e esse era o único som que se podia ouvir. Aquele poderia ter sido um dia maravilhoso, Kate pensava, mas aconteceu esse desastre que, de repente, estragou tudo.
Um hora, seu pai estava bem, e, de repente, algo o aflige e ele falece, repentinamente.
Eles ficaram mais um tempo, até que Ben sugeriu que voltassem para casa, pois estava anoitecendo.
"Volto antes do anoitecer".
Caminharam até a casa dos Calado e Ben abraçou Kate fortemente. Ela chorou mais ainda, mas se sentiu confortada. Seu coração estava em pedaços, mas ela esperava que o tempo refizesse-o.
Muitos dias se passaram e Katherine teve que seguir sua vida, pois não havia mais ninguém para sustentá-la financeiramente. Seus vizinhos a acolhiam, mas precisavam de ajuda para que
o que tinham fossem suficiente para alimentar e suprir as necessidades de todos. Katherine decidiu procurar um emprego. Quando a Sra. Merce, uma costureira que morava perto da vila, ofereceu dinheiro para que Katherine pudesse passar o dia com seus gêmeos, Katherine soube que havia encontrado algo para que pudesse fazer. As crianças eram adoráveis. O menino, que se chamava Rudy, era tímido, porém, esperto e curioso; já a menina, Thereé, falava pelos cotovelos. Não era um grande trabalho, bastava Katherine saciar a fome das crianças e contar- lhes histórias fantásticas e elas estavam satisfeitas. E o que a Sra. Merce pagava era uma boa quantia, afinal. Nada mais justo, visto que Katherine ficava com as crianças três vezes por semana.
Depois disso, as histórias que Katherine contava às crianças começaram a ficar famosas, e então, de repente, muitas crianças da vila pediam aos seus pais para levá-los para ouvir as histórias que Katherine criava. Isso a deixava feliz. Katherine agora morava na casa que seu pai havia construído e raramente ficava solitária. Quando não havia crianças, seus amigos vinham visitá-la e convidá-la para andar a cavalo, atirar pedrinhas no lago ou ir até a cidade.
Ela sentia falta do seu bondoso pai, mas sabia que ele jamais gostaria de vê-la triste. Isso não bastava, é claro, pois todas as noites, quando encostava sua cabeça no travesseiro, Katherine chorava com a grande falta que James fazia a ela. Era como se, com sua partida, um pedaço do coração da garota tivesse ido também. Era exatamente assim que se sentia.Nota da autora: Esse livro vai ser revisado após o término, então desculpe qualquer erro :3
Plágio é crime e eu não vou pensar duas vezes antes de denunciar!
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A Filha Da Lua
Teen FictionUm ano após a morte de seu pai Katherine se vê sendo arrancada de sua antiga vida e de perto dos seus amigos e indo morar no Castelo de Valgrind. A partir desse momento Katherine tem que aprender a lidar com seus pensamentos irracionais e sonhos que...