Another day, same pain - (Revisado - Reescrito)

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Parecia somente mais um dia normal de um típico fim de outono naquela pequena cidade do estado do Colorado, temperaturas irregulares e abaixo dos quinze graus era algo comum e frequente nessa época do ano, assim como as diversas pessoas transitando pelas ruas já com roupas de inverno e cachecóis de tricô coloridos enrolados em seus pescoços, os mesmos balançando junto do vento gelado inevitavelmente.

As folhas secas e de tons mesclados entre o laranja, o amarelo e o outrora verde, cobriam as calçadas e o asfalto por todos os lados, apesar de a maior parte ainda estar na base de suas antigas árvores, as quais agora se encontravam completamente nuas, com seus galhos evidentemente expostos, retorcidos em diferentes direções e formatos, o que lhes doava um aspecto um tanto medonho, como se não bastasse estarem tão carentes de suas antigas folhagens para protegê-las do frio eminente. Tudo isso, somado ainda a atmosfera úmida e gélida, eram fortes fatores que antecipavam com veemência a posterior chegada de um rigoroso inverno na região, que sem dúvida, traria consigo seu congelante cobertor de neve para colorir tudo ali existente de branco.

O que não impedia a funcionalidade daquele restaurante nas proximidades da entrada do pequeno município.

As doces risadas das crianças e as canções infantis preenchiam aquele local graciosamente, os diminutos corpos das criaturas ingênuas dançavam ao som das músicas dos animatrônicos que tanto admiravam, enquanto alimentavam-se e brincavam umas com as outras sem se importarem com mais nada. Os poucos adultos presentes ali, contentavam-se em usufruir do cardápio pouco diversificado e discutir sobre assuntos banais que estavam em alta no momento, enquanto seus membros mais jovens da família se divertiam.

Porém, algo a que poucos davam atenção, eram as cortinas púrpuras preenchidas com desenhos de estrelas no canto inferior do salão principal, adornados com uma placa com a seguinte inscrição: ''Fora de Serviço! Desculpe!'', que informava, aparentemente, a falta de funcionamento do mesmo ser que aquelas franjas arroxeadas escondiam. E dentro dali, encontrava-se ninguém mais, ninguém menos do que Foxy, a Raposa Pirata, que ao contrário do que sugeria a tal tábua de madeira colocada em frente a sua atração, estava em perfeita função, bom... Talvez nem tanto, mas ainda assim não estava completamente desativado como era suposto ser, até porque, o mesmo permanecia a observar tudo o que acontecia à volta de sua famigerada ''Cova do Pirata'' com um de seus olhos a espreita cuidadosamente entre as cortinas de seu antigo espaço de apresentação, sem ser percebido por ninguém.

Algumas crianças que passavam em frente ao local onde ele se encontrava, indagavam o que ou quem estava escondido lá dentro com curiosidade, porém, nunca recebiam resposta por parte de seus pais e nem de qualquer outra pessoa, já que somente os funcionários do local possuíam essa informação de qualquer maneira, e, apesar de alguns genitores terem conhecimento do que havia ali dentro graças a um trágico acidente passado da pizzaria, ainda assim não contavam aos filhos, tanto por não quererem traumatizar os mesmos com a antiga história sangrenta que todos os noticiários comunicaram na época, quanto para poupá-los de saberem de um acontecimento tão triste e que poderia, inclusive, lhes despertar um interesse ainda maior, o suficiente para se aproximarem daquele local e a situação acabar de maneira desastrosa.

E Foxy percebia isso, considerando sua audição extremamente apurada, e ainda o fato dele vigiar constante o salão principal, não era difícil ouvir essas mesmas conversas típicas e evasivas dos pais ali presentes para com seus filhos, e vislumbrar seus rostos assumirem semblante ou de dúvida ou de constrangimento. E essa era mais uma das razões pelas quais ele raramente saía de sua atração em período noturno, pois aquilo era somente mais uma circunstância consequente de seus erros do passado, mais uma situação diária para lembrá-lo de sua culpa constantemente e do quanto ele havia perdido após perder controle sobre si mesmo.

Até que a morte os unaOnde histórias criam vida. Descubra agora