Correndo, atravessei a rua quando parei e olhei pra trás, ele nunca me abandonaria nem se precisasse morrer pra me salvar, ele era forte e eu também seria. Voltei correndo, peguei uma madeira que estava na rua e voltei a toda velocidade. Quando cheguei na abertura, olhei e não vi nada, nenhum barulho. Desci com calma e cuidado pra não fazer barulho algum, e quando cheguei no chão, comecei a caminhar de volta pelo caminho que fizemos. Dei alguns passos e vi a blusa de meu irmão no chão rasgada. Ignorei e fui em frente. De repente, escuto vozes bem longe e sigo-as com precaução. A medida que caminho, as vozes ficam mais altas e consigo ouvir com mais nitidez.
Pra minha surpresa, consigo identificar as duas vozes: uma é do meu irmão, o que me trás alivio, e a outra é da minha professora de matemática da escola. Ela grita com meu irmão querendo saber pra onde tinha me mandado. Eu, com a madeira me aproximo e vejo minha professora, mas aquilo não podia ser ela. Não mesmo. Ela era humana mas só da cintura pra cima. Da cintura pra baixo ela tinha a calda de uma serpente, a mesma serpente que nos atacara antes. Sem querer, com a surpresa e o horror de ver aquilo, soltei a madeira que segurava e os dois olharam pra mim. Eu devia estar a uns 10 metros de distância porque a cobra, quer dizer, minha professora investiu contra mim, mas não sei o que aconteceu. Eu ergui as duas mãos contra ela, virei o rosto e escutei uma explosão. De repente, muitos líquidos se derramaram contra mim e fiquei encharcado. Quando abri os olhos, meu irmão estava em pé com os olhos fixos nas minhas mãos. Eu olhei pra elas e estavam quentes e saindo fumaça. E na minha cintura a marca de nascença brilhava de um vermelho absurdo.- O que foi isso? Por que minhas mãos... ? E por que minha marca de nascença esta brilhando? - Falei olhando ainda pras mãos sem crer que eu tinha matado um monstro apenas com minhas mãos.
- Calma. Lembra dos poderes que a gente falou lá atrás... - Ele faz uma cara estranha, e cai no chão, mas antes de cair eu consigo pegar ele.
- Mano? Mano, o que você tem? Mano? - Chamava enquanto dava tapas em sua cara, mexia seu corpo, mas nada de nenhuma reação.
Meu irmão desmaiara e eu não tinha ideia de onde estávamos e nem do que fazer.
Olho pra ele e penso: “O que você já passou mano? O que já deve ter enfrentado?”
Paro meus pensamentos e levanto ele nos braços. Olho se há mais alguma coisa e ando em direção à escada. Ali dentro parecia mais frio e o ar cheirava a podridão. Quando me lembrei da cobra, me virei e olhei. Ela estava em decomposição, parecia que estava ali a dias, senão meses. Não entendi o que acontecera ainda, mas quando ele acordar vou saber. Me virei novamente e deixei ele nas escadas, sentado, desacordado e fui olhar o túnel onde viemos. Agora, olhando com calma parece mesmo ser fácil de saber pra onde ir. Antes não tinha prestado atenção, mas nas paredes há cetas indicando o caminho, mas por quê não as vira antes? Comecei a andar por onde viemos e quando cheguei a um certo ponto, vi corpos e mais corpos, todos desfigurados e desmembrados. Foi tão repulsivo que voltei mas não consegui segurar, vomitei ali mesmo. Depois de ver aquilo, tudo voltei e sentei do lado do meu irmão. Ele havia mudado muito, estava mais forte, um porte atlético de quem treinava muito. Os cabelos mais loiros do que quando me lembrava. A única coisa que não mudou foi os olhos: sempre verdes que nem esmeraldas. Deitei na parede do lado dele e dormi.
*
- Você é corajoso. - Falo ela. Tinha a voz mais bonita que quando ouvira no telefone, era bem melhor ao vivo. Pelo visto John tinha ótima companhia.- Obrigado. Quem é você? namorada dele?
- Não. - Ela olhou pro chão do helicóptero. - não vamos falar de mim né? O que aconteceu lá em baixo?
- Okay. - Contei tudo a ela. Desde a floresta, os homens no helicóptero que nos derrubaram, e por fim, o por que de estarmos lá embaixo com aquela cobra e aqueles corpos.
- Vocês tiveram um dia e tanto hein. Ainda bem que ele deixou o celular ligado com gps. Foi fácil achar vocês. Só que demoramos um pouco de mais.
- Por isso ele me deu o celular. - voltei nos acontecimentos passados. Quando ele mandou eu ligar, ele não pediu o celular de volta, simplesmente guardou no meu bolso. “Agora tudo faz sentido. Ele ia se sacrificar por mim.” - Pensava enquanto olhava ele do meu lado dormindo.
- O que você falou querido?
- Nada não, só pensando alto. Mas eu queria perguntar uma coisa.
- Claro, pergunte.
- Quem são vocês? - Parecia uma pergunta normal, mas ela parece que ficou ofendida.
- Somos uma família. Chegamos, se segura. - Falou firmemente enquanto o helicóptero descia.
O helicóptero pousou em um heliporto em cima de uma mansão no meio do nada.
- Onde estamos?
- Brasil. Mais precisamente, Amazônia. - Ela falou respirando fundo, e olhando pra cima, às árvores enormes. O ar era puro. De um puro que nunca vi antes. Moro ka cidade grande de Nova York então acho que é muita poluição. Ali era muito tranquilo, dava pra esquecer os acontecimentos e só relaxar.
- E por que estamos aqui?
- Por que aqui é uma de nossas bases.
- Bases? São militares?
- Alguns já serviram, mas a maioria não. A nossa raça já nasceu pra guerra, querendo ou não. Nascemos com habilidades especiais que só nosso povo pode nos ensinar a controlar e desenvolver.
Habilidades... Aquilo que eu fiz com a serpente. Eu não contei exatamente o que aconteceu porque não confiava nela, ainda mais que eles salvaram meu irmão e nos tiraram daquele buraco imundo quando nos acharam, nos trouxeram pra um lugar seguro, então quando meu irmão acordar, ele deve me esclarecer algumas coisas.
- Chegamos. Espero que se sinta a vontade o Matt vai te levar pro seu quarto enquanto cuidamos do seu irmão.
- Não, eu quero ficar com o John.
- A gente vai cuidar dele. Relaxa , aqui estão seguros. Confia em mim.
Ela deu um sorriso que quase me fez acreditar nela por completo.Eu cedi e fui com o Matt. Ele era negro e forte, muito forte. Alto, maior que eu e era careca, mas parecia ser gente boa. Me levou até meu quarto e me indicou onde era tudo, e me deixou lá.
Peguei e fui explorar o lugar. Tinha uma cama e também um televisor, e um ventilador. O banheiro ficava logo no final do corredor, que se procediam por mais quartos iguais ao que eu estava. Peguei e segui o corredor e fui ao banheiro onde já tinha uma toalha lá, então aproveitei e tomei banho. Quando voltei pro quarto, tinha roupas limpas e eu estava só de toalha. Quando acendi a luz, vi a Sophie perto do abajur da cama. Eu tomei um susto, minhas bochechas coraram. Fiquei com muita vergonha, pois nunca fiquei semi-nu na frente de uma mulher desconhecida, nem conhecida.- Que gracinha. Suas bochechas estão vermelhas.
- Nao liga. - Disse meio sem jeito. - O que esta fazendo aqui? Meu irmão já acordou?
- Sim. Ele te espera na sala do refeitório. Ele é um touro e já esta comendo.
Nós dois rimos. Ela saiu e eu fui me vestir.
Depois de vestido, saí do quarto e ela estava no corredor, me esperando pra mostrar o caminho.
Chegamos lá, olhei pra ele, ele olhou pra mim e eu falei:
- Precisamos conversar.- Concordo. Há muito a te falar. E você também precisa me dizer o que aconteceu nesses últimos anos, estava com saudade.
- Estava com saudade e não ligo, não foi nos visitar. Nos deixou sozinhos mamãe e eu. Isso é sentir saudades?
- Vou te explicar tudo. Tudo mesmo. E esse mundo que você conhece vai mudar para sempre. E você nunca mais vai ser o mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Young mages
PertualanganTudo começa quando o Piercy Irmão mais novo de Jonathan e sequestrado por "caçadores", mas estes caçadores não são caçadores comuns, eles são caçadores de magos. John consegue salvar seu irmão de onde estavam o mantendo prisioneiro depois de uma sem...