Medo

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*Natsu*

Eram mais ou menos meio-dia, quando decidi ir até a casa da Luce. Não quero que ela fique pensando que eu vou fugir, ou evitá-la depois do que aconteceu ontem. Comprei-lhe um ramalhete de rosas azuis no caminho, e logo um misto de felicidade e ansiedade me invadiu, ao imaginar a reação dela recebendo o presente.

A medida que eu ia ficando mais próximo da casa de Luce, aumentava uma forte dor em meu peito. O que será isso? Apressei o passo.

Chegando em frente a casa, eu já estava ofegante, meu coração saltou ao ver a porta da frente aberta. Corri o mais depressa que pude.

- Lucee! - chamei, percorrendo os olhos por toda a sala, onde encontrei papéis espalhados pelo chão. Analisei-os, mas eram apenas papéis comuns, nenhuma pista de onde Luce poderia estar. Reparei também no tapete, desalinhado e sujo de pegadas, que, com toda a certeza não eram da Luce. Farejei as mesmas, e me senti convicto de que elas me levariam a algum lugar.

Meu desespero aumentava cada vez que eu entrava em um cômodo e não a via a loirinha ali.

- L-Luce.. - chamei, na esperança de ouvir uma doce voz em resposta. Minha voz já estava trêmula, assim como todo o meu corpo.

Deixei o buquê que segurava ali mesmo, seguindo até a guilda desesperadamente para buscar o Happy.

- Happy! - berrei, avistando o gato azul em um dos bancos da guilda, conversando com a Carla.

- O que foi Natsu-san? Você parece afobado.. - perguntou Wendy, com ar de preocupação.

- Sequestraram a Luce. - praticamente cuspi as palavras, com ódio, cerrando os punhos.

- O que?? Lucy-san? - disse, espantada.

- Vamos procurá-la, Natsu! - exclamou Happy, determinado.

Happy se despediu brevemente de Carla e Wendy, enquanto eu seguia na frente, saindo apressado da guilda.

- Ei! Espere Nat.. - a voz de Wendy foi sumindo aos poucos, enquanto eu corria.

- Avise aos outros! - berrei em resposta, sem me virar.

Voltamos ao local onde tudo começou. As pegadas que encontrei mais cedo se estendiam em uma trilha bem curta, mas a partir do ponto em que ela terminou, consegui me lembrar de um plano infalível: seguir o cheiro de Luce. Isso com certeza funcionará, nunca me enganaria sobre o perfume único e doce que ela possui.

- Não se preocupe, Luce. Estou chegando.

*Lucy*

Sinto meu corpo pesado, muita dificuldade para abrir os olhos. Quando finalmente consigo recobrar a consciência, paro para analisar o lugar onde estou. Uma espécie de galpão, onde eu conseguia ver apenas uma janela com grades a minha frente para iluminar o lugar. Minha cabeça doía insuportavelmente, assim como meu pescoço. Me encontrava ajoelhada no chão gelado, meus braços estavam presos acima de mim, com algo apertando os pulsos. Estava começando a sentir frio, pensei em Natsu, e em como gostaria de estar bem longe daqui, com ele.

Ouço passos. O medo me consome, a respiração fica pesada e começo a imaginar as piores situações possíveis.

- Então você já acordou? Oh, é uma pena, poderia me divertir um pouco com você enquanto desacordada. Se bem que é mais interessante fazê-lo agora.. - minha visão estava embaçada, conseguia apenas identificar a voz de um rapaz.

Eu não conseguia dizer nada. Estava trêmula e temia qualquer movimento brusco.

- Sabe.. você fica tão linda assim. Frágil, sensível, quieta. Não é maravilhoso? Agora tenho você apenas para mim. - ele disse, se aproximando.
- Q-quem é você? - perguntei, receosa.
- Quem.. sou eu?.. C-como? COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE ME PERGUNTAR ISTO? - ele gritou, alterado. - Você não lembra mesmo, não é? - disse, normalizando o seu tom de voz, que agora tinha uma ar triste.
- Lembrar de que? Para mim você é só mais um maluco que sequestra pessoas! Me deixe ir! - disse, fazendo esforço para elevar o tom de voz.
- Como pode dizer isto?! Você não passa de uma ingrata! - gritou, e num movimento rápido, apertou meu pescoço fortemente com a mão.

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