Carly narrando:
Me acordo um pouco assustada, meu coração está doendo. Eu olho pro outro lado da cama e não vejo Thomas, eu me levanto e visto um roupão. Estou assustada, mas não sei porque. Saío do quarto e arregalo os olhos. Thomas está sentado no chão do corredor, encostado na parede, está com os olhos inchados e vermelhos, parece que está perdido nos próprios pensamentos. Eu paraliso vendo essa cena. O quê tem de errado? Por que ele está assim? Eu vou caminhando devagar até ele e me sento no chão, de frente pra ele.-Oi. -eu falo e ele se assusta quando percebe minha presença. Eu fico um pouco com medo. O quê houve com ele? Até ontém estava tudo tão bem.
-Oi. Você acordou cedo. -ele fala com a voz embargada...ele estava chorando, disso eu não tenho dúvida.
-O que houve, Thom? -pergunto e acaricio o rosto dele. Ele me abraça e suspira fundo.
-O meu pai me ligou. -ele fala e faz um pouco de silêncio. -A m-minha mãe faleceu. Parece que o marido dela estava bêbado, e dirigindo. -ele fala e eu fico olhando pra ele.
-E-eu sinto muito! -eu falo e ele deita a cabeça dele no meu colo.
-Eu não cheguei a conhecer ela, Carly. Eu não dei um abraço nela, nada. -ele fala e eu fico acariciando o cabelo dele. -Sempre tive medo, já que ela me deixou com meu pai e fugiu. Tinha medo de como ela ía reagir quando me visse. -ele fala.
-Eu sei. Não é sua culpa. Foi ela que te deixou. -eu falo e ele fecha os olhos.
-Não foi culpa dela, ela só tinha quinze anos. -ele fala.
-Mas ela podia ter ficado com você, Thom! -eu falo mas resolvo ficar calada. É a mãe dele. -V-você...vai no interro dela?
-Já teve. Parece que foi três dias atrás. E desculpa. -ele fala.
-Por que está pedindo desculpas?
-Era pra você estar feliz, nossa lua de mel. Mas...eu estou assim. -ele fala.
-Ei, esses dias foram os melhores que eu já tive. Foi um sonho. Okay? E sabe por que? Porque você estava e ainda está aqui comigo! -falo olhando nos olhos dele. -E eu sei que você não está bem, eu sei mais ou menos como é perder uma mãe que nunca teve o carinho dela. -eu falo e abraço ele. -Mas se ela te conhecesse...ela ficaria muito orgulhosa pelo homem que você é hoje!
-Obrigado por estar aqui. -ele fala e abraça minha cintura. Ele fecha os olhos e respira fundo.
-Eu sempre vou estar. Na alergia e na tristesa. -eu falo.
-É na "alegria e na tristesa" e não na "alergia e na tristesa". -ele me corrige com um sorriso pequeno.
-É...isso mesmo! -eu falo.
-Ela teve uma filha, Carly. -ele fala, saí como um sussurro de tão baixo que ele falou.
- E-ela também estava no carro? -pergunto.
-Não. Ela estava dormindo na casa da colega da minha mãe. -ele fala e suspira fundo.
-Ela tem quantos anos? -pergunto.
-Não sei. -ele fala e se levanta. -Eu tenho uma irmã e nem sabia. Minha mãe morre, e eu nem a conheci. Que droga! -ele fala com raiva.
-Thomas...calma! Se você pensar em tudo que está acontecendo, você vai surtar! -eu falo e me levanto.
-Eu já estou. -ele fala.
-Por que você não tenta se acalmar, liga pro seu pai, pra saber mais sobre isso. Se você quiser a gente volta pra São Paulo. -eu falo e ele fica me olhando.