O primeiro encontro

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Até o dia 16 tudo continuou na perfeita e entediante rotina. Mas agora, as coisas começarão a ficar mais animadas. Hannah está tomando seu chá, pensando em ir ao cinema no fim do dia. Nicolas está com seu texto na mão, entrando pelas portas de vidro da redação.

Ela está notando o quanto ele se veste bem. Céus, como é difícil achar homens com senso de moda! Quando vejo um, já tenho logo vontade de me comportar de forma vulgar. 

Mas voltando, ela notou como ele se veste bem.

Ele notou como a mesa dela é bagunçada! Como ela consegue escrever no meio de tanto lixo?

― Hannah, certo? ― ele puxa a cadeira da mesa ao lado para se sentar. É realmente o tipo de cara que se sente bem em qualquer ambiente.

― Isso, e você é... ― ela está pensando que não é qualquer dia que uma figura masculina tão apresentável procura por ela.

― Nicolas. Nos falamos há alguns dias. Eu escrevi uma resposta para seu texto. ― ele também reparou na beleza da moça. Mesmo toda acabada pela longa manhã de trabalho, ela ainda está linda.

― Ahh... ― Hannah se segura para não revirar os olhos. Ela pensa que era bom demais ser bonito e legal ao mesmo tempo.

― Você poderia lê-lo agora? ― mais uma vez, ele não desiste antes de tentar de todas as formas.

― Claro, por que não...― afinal, quem negaria um pedido desse senhor em pessoa?

Hoje eu consegui uma oportunidade. Muitos olhariam para este espaço e escreveriam um texto dizendo que a culpa da idiotice masculina começa na mulher. Mas, eu penso diferente. Eu penso que somos todos idiotas, de várias formas.

Somos idiotas quando pisamos no chão frio depois de acordar, sabendo que ele estará frio. Somos idiotas quando ativamos a função soneca e nos atrasamos. Somos idiotas quando comemos aquilo que nos faz mal, sabendo o quanto é estúpido não cuidar da saúde. Somos idiotas quando culpamos os outros pela nossa própria solidão.

O amor é algo simples. Algo que, se procurarmos com cuidado, pode ser encontrado em cada esquina. Abra os olhos, você notará algo. Como um cachorrinho caminhando ao lado de seu dono, todo feliz. Ou um pai carregando seu filho nas costas, brincando de super-herói. Ou, ainda, com um grupo de jovens apenas passando o tempo, rindo e desfrutando do valor da amizade.

O amor é algo corriqueiro, por isso passa quase despercebido. Então se você está solitário, triste, com raiva, o motivo é que você não conseguiu juntar as pequenas pecinhas do quebra cabeça do amor e montar em uma vida feliz.

Você está deixando de lado as pequenas oportunidades.

É simples, fácil. Mas homens, e mulheres também, não percebem isso na correria da rotina. Então sim, somos todos idiotas por isso, não vou discordar. Mas, às vezes, é bom ser idiota quando o assunto é o coração. O amor parece mais precioso quando notamos quão perto ele sempre esteve e nunca fomos capazes de aproveitar. Quando chegamos a essa conclusão, a vida torna-se mais valorosa, e os pequenos momentos tornam-se especiais de forma singular.

Como eu disse, um excelente trabalho. Claro que Hannah compartilha da mesma opinião. Na verdade, ela está pensando que o texto é melhor do que excelente, se encaixando perfeitamente na proposta de sua coluna.

Talvez ela tenha concluído que ele era um idiota cedo demais...

― Nicolas, certo? Você trabalha com o que mesmo? ― ela questiona desconfiada.

Espero que não esteja lendo isso no banheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora