Cinco anos

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Os nossos protagonistas conseguiram sobreviver! E fico feliz em informar que Nick voltou ao solo brasileiro. Ele está lendo um novo texto de Hannah. Se chama: Carta aberta para meu amor. Dessa vez ele está no ônibus, a caminho da redação para encontra-la. Ela agora tem levado uma vida saudável. Caminha com Luna todas as manhãs.

Nicolas ganhou uma promoção depois dos seis meses fora. Agora ele é diretor de comunicação, mas continua lendo Afrodite. Nesse momento está pensando em como é estranho Hannah escrever novamente. Podemos notar em sua expressão a confusão dando lugar à curiosidade de ler:

Espero que você não esteja lendo isso no banheiro. Sim, eu sei que nossa intenção nunca foi ser um casal. Mas, durante esses anos você fez com que eu enxergasse as coisas de maneira diferente. E olhando para nós eu quero que as coisas sejam diferentes.

Você entrou na minha vida confrontando minhas convicções. Eu não chamei todos os homens de idiotas porque eu estava decepcionada. Chamei porque realmente pensava isso. Mas eu fui a mais idiota, guardando meus sentimentos, e até adoecendo por conta da minha teimosia. Nem tente me defender, eu me lembro de todas as vezes que você disse que eu ficaria doente de tanto trabalhar. Foi o que aconteceu, porque eu não te ouvi. Mas eu ouvi quando você disse que o amor estava nas pequenas coisas do dia a dia. 

E eu comecei a reparar no amor que você tinha ao cuidar da nossa cachorrinha. O amor que você dispunha em cada momento que você fazia de tudo para ver nossos amigos sorrindo. E, acima de tudo, eu vi o seu amor quando você disse que cuidaria de mim, mesmo sem eu pedir.

Ambos sabemos que é difícil eu aceitar ajuda. Ano passado eu senti tanto sua falta que quase atravessei o continente e fui te encontrar. Foi só assim que eu finalmente pude admitir para mim mesma que não poderia mais esconder que te amo mais do que apenas um amigo. E foi só assim que eu pude perceber que esse outro sentimento que venho escondendo não é passageiro, e que ele não pode ser esquecido ou morto. Eu sinto muito se isso estragar tudo. Mas eu preciso te falar, ou melhor, eu preciso escrever. 

Eu te amo tanto que quero que você saiba que existe uma garota apaixonada por você. Eu quero que você saiba que existe alguém que quer passar a vida toda ao seu lado, que quer ter filhos com você. Eu quero que você saiba que alguém ama os seus olhos e suas opiniões pretensiosas. Eu quero que você saiba porque eu te amo. Infelizmente (ou felizmente?) sou eu essa pessoa. Lide com isso amigo, eu me apaixonei por você.

A todos os leitores dessa revista que não são Nicolas Gomes Duviver, eu peço desculpas por ocupar esse espaço com um dilema pessoal. Mas essa história, a nossa, começou nessa coluna. Foi assim que ele chegou até mim e é dessa forma que eu espero chegar a ele. Eu espero que como eu, você leitor, passe a procurar o amor onde possa se encontrar: na vida, na realidade. Não apenas sonhe, mas sorria para as coisas. Abra-se para as possibilidades.

Nicolas, eu quero muito, muito mesmo dizer que você é meu. Meu amigo, ou quem sabe alguma coisa mais. Apenas ignore essa carta se você ainda me achar idiota demais no fim das contas. Mas, se existir alguma possibilidade de você não ser só meu amigo, mas meu companheiro, meu amor, eu te peço uma coisa. Peço que você fique e cuide de mim. Peço que você me deixe cuidar de você.

Com amor, Hannah.

Ele está... chocado. Está descendo do ônibus com uma expressão de... choque. Eu poderia dizer o que ele está pensando, mas a mente do rapaz está vazia.

Hannah está esperando no lugar de sempre, protegia pela chuva fina. Ela notou a expressão dele. Dos pensamentos dela, posso contar que não estão nada agradáveis. E veja, ela está... vermelha. Hannah Lins está corando!

E ele agora está sorrindo. Rindo, o que não ajuda na cor das faces da garota. Ele envolve o rosto corado nas mãos. 

― É claro que eu cuido de você. E sem dúvidas vou precisar que você cuide de mim. Na verdade já estamos fazendo isso há cinco anos, Hannah. Só é bom saber que agora eu posso te beijar. ― ele fala com o sorriso mais lindo do mundo no rosto.

E a beija. Em um dia de dezembro, com a revista esquecida no banco do ônibus.

E eu posso adiantar que eles foram muitos felizes a partir daquele momento. Cinco, dez, quinze, trinta, sessenta anos juntos. Eles não fizeram grandes mudanças no mundo. Não descobriram nenhum segredo que revolucionou as coisas. Eles apenas foram felizes. Em um universo muito parecido com o nosso, Hannah e Nicolas foram felizes porque buscaram isso. Porque encontraram, não a felicidade um no outro, mas nas pequenas coisas. Talvez tenhamos chance. Se esses dois, teimosos idiotas pretensiosos conseguiram, talvez nós tenhamos alguma esperança.

Quem sabe...

xxx

Não esqueça o comentário e a estrelinha!

<3

Espero que não esteja lendo isso no banheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora