O LIVRO QUE NÃO TINHA UM FIM (parte 1)

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Naquela tarde, o silêncio era total na pracinha do bairro. Ou quase. Porque, em um dos cantos da praça, onde estavam as caixas próprias para lixo reciclável, uma garrafinha plástica ouviu algo. Era uma boz que dizia baixinho:

- Não, não, não! Isso não pode ser! Ainda sou muito útil para ser reciclado, meu lugar não é aqui!

O som parecia vir de dentro da caixa destinada aos papéis. Curiosa, a garrafa saiu de onde estava e foi até lá. Num instante encontrou, falando sozinho, um livro que tinha um nome esquisito: "Aquecimento global".

- Qual é o problema, senhor Livro? - perguntou a Garrafa. - Não está contente por se reciclado?

- Na verdade não, garrafinha - respondeu ele. - O assunto que trago em minhas páginas é muito atual e importante. Mas me colocaram no lixo porque minhas últimas páginas estão em branco. Minha história não tem fim!... Se eu encontrasse um final para ela, poderia ir viver numa biblioteca!

A garrafa concordou que aquele problema merecia uma solução e chamou seus amigos nas outras caixas: a Latinha de refrigerante, o Vidro de doce de leite vazio e a Revista usada. Depois de ouvirem o caso, todos decidiram ajudar o Livro a encontrar um fim pra sua história.

- E se agente escrevesse no fim "E viveram felizes para sempre"? - sugeriu o Vidro. - Já vi muitas histórias ótimas terminarem assim...

- Obrigado, mas não serve - respondeu o Livro. - Isso só funciona nos contos de fada. E minha história é diferente...

- Então conte um pouco sobre seu assunto, para podermos saber como vamos conseguir a parte que falta - pediu a Revista.

- Bem, meu texto fala bastante sobre "efeito estufa".

Ninguém sabia o que era aquilo.

- Eu explico - disse o Livro. - Quem de vocês já viu uma estufa? É um lugar fechado, construído para cultivar plantas que precisam de calor. Dentro da estufa fica quente, mesmo que do lado de fora esteja frio. Bem, os cientistas descobriram que nosso planeta Terra está ficando cada vez mais quente e decidiram chamar este fenômeno de "efeito estufa".

Ao ouvir isso, a Garrafa começou a suar e a se abanar, já sentindo um calorão...

- Nas minhas páginas, diz que o efeito estufa acontece por vários motivos.

- Que motivos são estes? - perguntou a Latinha.

- O efeito estufa acontece principalmente pela ação de certos gases. E a quantidade desses gases está aumentando por causa da destruição das florestas e da queima de combustíveis como a gasolina e o óleo diesel... A fumaça que as fábricas e os carros soltam tem gases que ajuda a provocar o efeito estufa...

- É mesmo? Que chato... - comentou a Garrafa. - Porque vai ser difícil para as pessoas viverem sem fábrica s e sem automóveis...

Todos quiseram saber mais, para ver se havia solução para o problema...
O Livro continuou a ler:

- A temperatura da Terra está subindo, mas isso acontece bem devagar. Vai levar muitos anos pra ficar quente demais. Só que o calor faz o gelo dos pólos derreter, e isso aumenta a quantidade de água nos oceanos...

- Mas isso é ruim? Ter mais água não é uma coisa boa? - opinou a Revista.

- Infelizmente, é ruim, sim. O urso polar, por exemplo, cada vez tem menos lugares para caçar sua comida. Além disso, o mar pode subir e prejudicar as cidades que ficam perto das praias.

Enquanto o Livro falava, começou a escurecer. A noite estava chegando.

- Que escuridão! - exclamou a Latinha. - A lâmpada do poste queimou! Mas vem vindo lá um vagalume. Vamos ver se ele topa iluminar nossa conversar...

Chamaram então o vagalume, que se chamava Foguinho. Ele concordou em emprestar sua luz e também se interessou pelo problema do Livro. Contou que gostava muito de ler sobre vários assuntos e, sempre que podia, entrava na biblioteca da escola que havia ali perto.

- Lá, sou amigo de todos os livros! - Disse o Foguinho. - Entro á noite, quando não tem ninguém. Ainda bem que tenho uma luzinha para iluminar minhas leituras!

Todos adoraram conhecer um vagalume tão sabido e acharam que ele podia ser a solução que procuravam. Claro! Era amigo dos livros! E ninguém melhor do que os livros para ajudar a encontrar o final de que o amigo tanto precisava!

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