Descobertas

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... - Perceber o quê?
   Exatamente na hora que Isabela ia começar a me falar, meu pai chega. Fiquei com uma leve raiva.
- Filha, eu passei aqui por perto e me lembrei que você ainda estava na universidade e vim te buscar. - disse meu pai com um discreto sorriso no rosto

- Ah! Tá certo, então (Não tá nada certo) - falei demonstrando minha insatisfação. - Quando eu chegar em casa eu te ligo Isa, aí conversamos. 

- Certo! - Isabela falou me dando um longo abraço.

    Entrei no carro ainda um pouco insatisfeita com tudo aquilo. Bem na hora que eu ia saber de tudo meu pai chega. Mas também, já era  tarde, exatamente oito horas da noite. Olhei para o meu pai e vi um sorriso em seu rosto, então, a "raiva" passou logo. 

    Meu pai, Luís, era muito apegado a mim e a mamãe, Júlia. Quando eu era pequena sempre perguntava aos meus pais o porquê de eu não ter irmãos, as respostas que me davam eram tão fantasiosas que nem me lembro mais. Depois que soube que era adotada eu obtive algumas respostas, mas mesmo assim eu queria irmãos, mesmo que fossem irmãos apenas de coração. Foi com 13 anos que fiquei sabendo de tudo, com seus mínimos detalhes. 

    " - Ester, acho que agora é a hora certa de você saber algumas coisas e ter respostas para os seus questionamentos. - falou minha mãe sentando no sofá ao lado do meu pai.

    - Ok, então. Eu esperei séculos por isso - falei rindo e ao mesmo tempo apreensiva. 

    - Vou começar desde quando seu pai e eu nos casamos... - disse minha mãe.

- OK, então.
- Quando nos casamos queríamos construir uma família. Eu  tinha 25 anos e, bem, já trabalhava como professora, já tinha uma  vida profissional e queria ser mãe. Em menos de um ano engravidei, mas pra minha decepção tive um aborto espontâneo com três meses de gravidez. Nossa, quando soube, meu chão caiu. Eu não queria aceitar. Eu já tinha comprado muitas coisas pro bebê e aquilo foi horrível. - disse minha mãe, e em certo momento sua voz começou a falhar e ela chorou, chorou muito. Eu sentia que viriam coisas piores pela frente.

- Tá tudo bem? - perguntei a minha mãe.

- Uhum! - murmurou.- Vou continuar a história.

- Com poucos dias descobri que o aborto não foi completo, e enfim, ocorreu uma infecção e tive que retirar o útero e outros órgãos. Bem, só com isso já dá pra você entender muita coisa. Eu não pude mais ter filhos, pelo menos biológicos não. Isso acabou comigo em todos os sentidos, eu não queria sair de casa, eu olhava para as mulheres grávidas na rua e chorava. Eu queria ter filhos. - falou minha mãe. Ela começou a chorar novamente e fiquei com pena. Eu não sabia dessa história e fiquei surpresa e emocionada. 

- Mãe, eu te amo. - falei dando um abraço nela e enxugando suas lágrimas. 

- Foi então que depois de seis meses eu dei a ideia de adotarmos uma criança. - falou meu pai. 

- E essa criança sou eu. - falei 

- Sim querida. - disse meu pai.

- Por que me escolheram? O que eu tinha de especial? - perguntei muito rápido, minha curiosidade estava no nível máximo. 

- Você era um bebê quando foi adotada. Tinha três meses. Você foi abandonada quando nasceu. 

- Nossa! - comecei a chorar. Eu não acreditava que minha mãe biológica havia sido tão cruel comigo. Eu era apenas um bebê.

- Não se sinta mau, querida. Agora você tem um lar, uma família que te ama. Desde pequenina você tinha um brilho no olhar, sentimos pena de você. Tão pequena, tão frágil e sozinha no mundo. Te amamos desde o primeiro momento que te conhecemos. - meu pai falou, chorou e me deu um abraço.

- Ester, e o motivo pelo qual você não teve irmãos é por que além de eu não poder ter filhos biológicos a nossa condição financeira não era favorável. Não tínhamos condições para adotar outras crianças. - minha mãe falou. A partir desse momento minha mente clareou, eu pude entender, ter respostas para inúmeras dúvidas que eu tinha.

- Eu amo vocês. Independentemente de tudo vocês sempre serão meus pais amados. - falei dando um abraço e um beijo em ambos. Foi um final de dia feliz. ".

    Foram uns 10 minutos da universidade para a minha casa, eu estava muito cansada, aflita e ansiosa ao mesmo tempo. A briga que tive com Paulo me deixou triste e angustiada. Eu precisava tomar um banho e ligar imediatamente para Isabela. 

    - Chegamos filha! - exclamou meu pai.

    - Graças a Deus! Enfim, lar doce lar! - suspirei.

    - Parece que temos uma nova vizinha. - falou meu pai enquanto olhava para a casa ao lado. Tinha um caminhão de mudanças parado em frente a casa ao lado, alguns móveis na calçada, dois homens ajudando na mudança e uma mulher (que parecia ser a minha nova vizinha) com algumas malas. 

    - É. Espero que sejam legais, tranquilos... - eu falava, quando fui interrompida por um barulho. As malas da minha nova vizinha caíram no chão (Eu acho que elas eram muito pesadas para ela carregar sozinha). E com isso, todos os objetos e roupas que nelas estavam caíram no chão. Imediatamente corri para ajudá-la. 

    - Você quer ajuda? - perguntei já retirando umas roupas do chão.

    - Quero sim, se não for incomodo. - falou a vizinha, com a voz meio trêmula. Ela pegava seus objetos rapidamente e não guardava, mas jogava dentro da mala numa velocidade desesperadora. 

    - Você está bem? - perguntei.

    - Sim, estou. - ela falou também meio trêmula.

    - Filha, já vou entrar. Você vai vir agora? - gritou meu pai.

    - Quando eu terminar de ajudá-la. - respondi.

    - Tá certo! Venha cedo. - falou meu pai.

    - Quer que eu te ajude a levar as coisas para dentro da sua casa? - perguntei a minha nova vizinha. 

    - Pode ser. - respondeu.

    - Ok! - respondi. 

    Peguei as suas malas, enquanto isso ela caminhava em direção à porta com as chaves nas mãos. Quando ela abriu a porta, me surpreendi. 

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E aí gente? O que será que Ester viu na casa da nova vizinha?

Deem suas opiniões, votem, comentem. Pois isso me motiva muito na continuação da história.

Bjss!!! <3















A vizinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora