...Peguei as suas malas, enquanto isso ela caminhava em direção à porta com as chaves nas mãos. Quando ela abriu a porta, me surpreendi.
- Nossa!! O que você fez na casa? - exclamei, derrubando as malas no chão.
- Nada, já estava assim quando cheguei. - respondeu.
- Que bagunça. - falei olhando para toda a sala. - Está tudo sujo. Nesse momento passei meus dedos em alguns móveis, tinha poeira e algumas teias de aranhas.
- Por que você não limpou a casa antes de vir morar? - perguntei.
- Não posso fazer muito esforço. Tenho problemas de coluna, não tenho muito dinheiro para pagar alguém que faça a limpeza e... Não tenho ninguém que me ajude. Não tenho filhos, não tenho pais, não tenho irmãos... - a vizinha falou.
- Espera! - interrompi. - Quer dizer que você não tem família?
- Não aqui, nessa cidade. Mas, tenho alguns primos que moram em outro estado.
- Qual?
- Bahia.
- E como você veio parar aqui na Paraíba? Tá certo que não é extremamente distante, mas segundo o que você disse, que não tem muito dinheiro, que não tem uma boa condição de vida, então, por que veio para cá? Como? - perguntei rapidamente.
- Olha garota, são muitas perguntas. - ela falou desviando a conversa. - E... é uma longa história, são coisas pessoais que não posso ficar expondo pra todo mundo, muito menos para uma desconhecida como você.
Nessa hora fiquei morrendo de vergonha. Eu sabia que já estava querendo saber demais, eu mesma não gostaria que um desconhecido ficasse fazendo inúmeras perguntas sobre minha vida particular.
- Tá certo. Desculpas. Eu passei dos limites. - falei.
Nesse momento nós duas ficamos caladas. Olhei para o rosto da minha nova vizinha, a qual eu nem sabia o nome, e vi um olhar cansado. Ela aparentava ter uns 50 anos ou mais. Tinha uma estatura média (devia medir 1,65), era magra, tinha cabelos castanho-claros, olhos também castanho-claros e uma pele branquinha, com algumas marcas da idade. Enquanto eu a observava, ela perguntou:
- Por que me olhas tanto?
- Eu? - desviei a conversa. Bem, eu tava... Te observando. Você parece ser uma pessoa legal, mas, meio introvertida.
- Sei. - falou sentando-se numa cadeira de balanço (também empoeirada).
Esperei por um instante que ela falasse mais alguma coisa. Mas, não falou. Olhei novamente para a casa, os móveis (que entravam a cada instante na casa, trazidos pelos dois homens da mudança), as malas, e por fim, para a vizinha. Esse meu estado pensativo foi logo interrompido pelos dois homens que faziam a mudança. Eles falaram que já tinham pego todos os móveis, receberam o pagamento, agradeceram e se despediram. Observei tudo novamente e perguntei:
- Gostaria que eu te ajudasse a organizar algumas coisas na casa?
- Se não for incomodo. - ela falou meio tímida.
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A vizinha
RandomEster vivia há 18 anos na mesma casa. Morava com os pais e tinha uma vida normal. Cursava o terceiro período de ciências biológicas em uma universidade da cidade e namorava há dois anos com Paulo, que conhecera na época que fazia o ensino médio. Tu...