Capítulo 12

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Mandy

Ele surtou na frente de todos. Se levantou e saiu. Simplesmente.

- O que foi isso? - Randy falou,já que ninguém tirou os olhos da porta.

- Eu não sei. - falei.

Eu não pensei que ele ficaria tão chateado assim. Eu ia contar pra ele dos meus planos mas ele estava tão ocupado com o casamento e com o trabalho que não queria encher ele com as minhas coisas. E hoje já que me perguntaram,eu resolvi contar. Eu percebi que todos estão progredindo na vida,até minha amiga estava casada com uma carreira de sucesso,e eu estava parada,sendo secretária,sem ter minha própria casa ou meus próprios planos. Estava acomodada e não queria mais.

Achei que ele entenderia. Achei que meu melhor amigo entenderia.

O almoço acabou e todos ficaram esperando por Henry,mas ele não apareceu. Violett me puxou pra conversar antes de irem embora.

- Querida,eu amo vocês,mas você precisa consertar isso. Você sabe que o Joseph é dependente de alguém,e nesse momento esse alguém é você. Ele está com medo de você ir embora. Pense: o que ele vai fazer sem a pessoa que mais entende e aguenta ele? - ela disse eu ri.

Ela tem razão,Henry é um menino,daquele tamanho,mas um menino por dentro. Porém não tem porque ele ter medo,é por isso que ele está casando. Ele terá a companhia de Carey até o fim de sua vida. Eu no lugar dele estaria apavorada por ter que aguentar alguém como ela para o resto da vida!

- Mas ele tem a Carey. - Falei.

- Filha,olhe pra ela. Está na cara que isso não vai muito longe. Essa garota não é para ele. Ele precisa de você.

- Mas...

- Um dia você vai entender o que eu estou falando.

Me abraçou e sorriu docemente.

Ela se afastou,me deixando confusa. O que ela quis dizer com ele precisa de você? Henry é sim capaz de cuidar de si próprio,eu não sou sua mãe e nem babá!

Horas se passaram e as coisas que Violett disse ecoavam em minha mente. Preferia esquecer. Porém aquilo que ser quer deixar pra lá fica ali,o tempo todo na sua cabeça. E eu não conseguia pensar mais em nada.

Fui para o meu quarto e ainda fiquei pensando. Mas pensando tempo demais e isso não é saudável. 

O problema é ter que ficar com Henry e seus problemas vinte e quatro horas por dia nos meus pensamentos. Eu devia aprender a separar as coisas. Tipo: amigos,amigos,problemas pessoais,crises emocionais,dramas bobos à parte.

E eu era assim,até aceitar morar com um cara instável emocionalmente e achar que poderia ajudar ele sempre.

Então um conselho: nunca se anule para priorizar nada e ninguém. Isso só complica a sua própria vida.

León me mandou mensagem para saber se estava tudo confirmado para o nosso fim de semana,eu disse que sim,apesar de não estar completamente animada para o programa.

Umas horas depois e eu ainda estava inerte,olhando para a parede branca em minha frente.

Escutei a voz de Henry soar de seu quarto. Aquietei a ansiedade repentina que senti.

Eu queria falar com ele,mas isso só arrumaria mais confusão com Carey e eu já estou esgotada dela por hoje.

Fui tomar banho e esfriar a cabeça,depois desci e fui comer alguma coisa. Jantei e quis tentar compreender a razão pela qual Henry me olhou com tanta fúria no almoço. Agiu como uma criança frustrada.

Me assustei quando estava lavando a louça e Henry apareceu do nada na cozinha. Tossiu para chamar minha atenção.

- Carey saiu. Podemos conversar? - disse com o olhar pacífico.

- Podemos,deixa eu só terminar aqui. - falei e ele assentiu. Cinco minutos depois eu havia acabado e fomos para a sala. As luzes estavam apagadas,apenas um abajur do lado esquerdo do sofá estava aceso,como normalmente ficava quando morávamos apenas nós.

Sentei no sofá e meus pés se apoiaram no mesmo,ele sentou de frente para mim. Me lembrou as vezes em que conversávamos assim até uns meses atrás. Muita coisa mudou mesmo.

- Sobre hoje... - Ele começou inquieto - Eu agi daquele jeito porque eu fiquei surpreso com a sua decisão.

- É por que eu não te contei nada antes,né?

- É,e você sempre me conta tudo,achei que uma decisão dessas você fosse dividir comigo.

Parecia uma ótima justificativa. Porém não me comove.

- Estamos tão afastados que eu achei que estava ocupado demais para conversar comigo.

- O que? Mas é claro que não,você sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa,não importa o que estiver acontecendo na minha vida.

- Eu sei. Mas então,o que você acha? - Finalmente. Era como dizer - Você aceita ou não? Não pedi sua opinião,pedi permissão e ele sabe disso.

- Acho que você ficou louca. Vai embora também?

- Eu só...

- Eu não vou deixar.

- Mas eu...

- A questão é que somos uma dupla,se você for embora as coisas vão sair totalmente fora do lugar aqui,eu vou pirar. Sério,você não pode me deixar assim. - soou desesperado. Revirei os olhos.

- Não acha que é bem grandinho para se virar e fazer suas próprias coisas?

- Não,não acho. E se você insistir nisto vou te amarrar em minha cama e você ficará lá até mudar de ideia. Você sabe que faço mesmo.

Ri e me levantei,ele fez o mesmo e me abraçou firme. Senti toda a insegurança d minha vida evaporar. Como se ele tivesse dito "Está tudo bem"  com o calor de sua proximidade.

- Eu não vou embora. - afirmei tanto para ele quanto para mim.

- É melhor. E mesmo que fosse,eu iria atrás,como um carrapato.Ei,vamos sair,quero beber para esquecer está droga de almoço.

- Boa ideia,preciso também.

Soltei Henry já animada com a ideia de uma programação que não fazíamos há tempos. Talvez a última.

Subi e fui me arrumar. Vesti uma saia de couro preta e uma camisa de manga comprida,soltei o cabelo e só passei um rímel. Borrifei um pouco de perfume no pescoço e calcei uma sandália de salto. Desci e Henry estava ainda sentado no sofá.

- Já. - falei e ele se levantou e me olhou por muito tempo. - O que foi?

- Nada. Você é linda,só isso. - falou lentamente. Senti meu corpo vibrar.

- Oh. Vamos logo quero beber! - mudei de assunto porque fique sem graça com a forma que ele me olhou e sorriu da minha cara de pateta.

Ele dirigiu tranquilo,estava menos tenso,e eu fiquei tão feliz por estar com ele. Sinto falta daquele Henry resmungão,e agora que está sempre olhando para Carey,falando sobre seu futuro com ela,tudo que posso fazer é me sentir uma ninguém. Um passado.

Chegamos no pub e estava agitado como sempre. Fomos até o bar e pedimos bebida,sentamos nos bancos altos. Henry estava com o espírito da diversão,o velho Henry.

Quando olhei por cima de seus ombros,fiquei boquiaberta. ESSA VADIA!

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