Ela levanta e chuta e grita e joga tudo e todos contra a parede. Quando todas as coisas estão fora de lugar ela levanta e chuta e grita e joga tudo contra o chão.
E eu olho e imagino um milhão de formas de fazer com que isso pare, mas nesse universo ela começa tudo de novo. E eu estou tão cansada, tenho guerras demais na cabeça para ter que travar batalhas pelas guerras de outro alguém.
A menina é a garota que luta com todo mundo, mas o que eu sei — e o que ela não faz ideia — é que a única pessoa contra quem luta é ela mesma.
Mas a garota é a minha irmã e, por ausência, a garota talvez seja prole de minha criação. Mas como deveria eu ser mãe de alguém quando fui mãe de mim mesma?
E então a garota grita e joga tudo e todos contra a parede, mas a garota é minha companheira de guerra, e talvez eu tenha feito dela o que ela é. E quando penso em um milhão de formas de fazer com que tudo pare, lembro que pelo sangue culpo mais a mim do que a ela.
O punho que desce sobre a minha cabeça é o punho que eu levantei. Só que não controlo a dor que me é infligida, e sim a que inflijo. E eu não quero causar dor.
Então a garota grita e joga-se contra a parede, e ninguém é responsável por isso. Ninguém além dela. E eu grito e jogo tudo contra a parede de sanidade na minha cabeça, porque eu quero que tudo pare.
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Prosa e também poesia
Poetry(ou porque eu nunca consigo manter a linha reta e contínua)