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TOBIAS SCOTT

Olho para cama ao lado e Lívia dorme feito pedra. Hoje fazem 3 meses que soube do passado dela. E durante esses três meses, desenvolvi fortes sentimentos por Lívia. Necessito muito de dar proteção a essa pequena. Mas por incrível (ou não), que pareça, não faço ideia de como demonstrar meus sentimentos por ela. Todas as noites, ela adormece nos meus braços. Eu coloco-a na sua cama, ajeito as cobertas... Eu realmente estou cumprindo a promessa feita ao seu pai. Porém, pela primeira vez, acho que me apaixonei de verdade. E até que ponto isso é bom ou ruim? Não sei. Lívia me fez perceber que existem coisa boas. E ela é a prova viva disso. O fato é que Lívia já deixou claro que jamais ficaria com um amigo, para não colocar em risco uma grande amizade. Sim, finalmente ela parou de me considerar um desconhecido... 

Gosto de observar as pessoas, e nesse momento, não há nada mais incrível que observá - la dormindo. O pequeno rosto pálido emerge dos cabelos castanhos ondulados; seus lábios convidativos estão selados levemente, promulgando a paz que ela sente agora. Os longos cílios fecham as pálpebras caídas, e eu sei que ali em baixo estão os olhos cinzas mais tristes e lindos do mundo. Suas mãos, que durante o dia são tão ágeis, agora pairam em concha ao lado de sua cabeça. E o resto de seu corpo está escondido pela coberta. É hora de para de imaginar o que se esconde embaixo do espesso tecido branco. Lívia é pura de mais para que pensamentos maliciosos sejam dirigidos a ela.

Me levanto e tomo um banho. Quando o despertador finalmente toca, minha mochila está arrumada e eu de uniforme. Estou muito irrequieto hoje. Lívia acorda preguiçosamente e parece demorar a entender que eu, alguma vez na vida, acordei antes dela.

- Nossa, acho que ainda estou sonhando. Tobias Scott acordado antes do despertador?

- Bom dia pra você também, Lívia.

- Bom dia. Posso falar uma coisa?

- Você já tá falando. - (risos)

- Você é estranho.

- Só porque acordei antes de ti?

- Também. Mas  tanto faz, milagres podem mesmo acontecer não é?

- Depende do ponto de vista.

Lívia se levanta, com um olhar descrente, e vai em direção ao banheiro. Trinta minutos depois, estamos no refeitório.

Sentamos na nossa mesa habitual, junto com  Daniel e Lucy, que, só pra constar, brigam cada dia mais. As brigas têm os mais indiferentes  motivos: gostos musicais, notas escolares, talentos... Esse relacionamento não vai muito longe.

Depois do café da manhã, vamos para as aulas matinais. Rose passa por mim na porta da sala e me olha de canto. Há algum tempo atrás, nos envolvemos. Foram alguns amassos no ano passado, mas acabei com tudo quando ela insultou Lívia. Sinto falta de Rose, admito. Mas Lívia também, de certa forma, é especial. 

A aula de história consegue superar o nível hard de chatice. Ver meu Instagram é melhor que ouvir como Dom Pedro declarou a independência. A tela do celular pisca e recebo uma mensagem. De Rose. "Me encontre na biblioteca, depois do almoço. Precisamos conversar."

Vindo de Rose, isso não é estranho. Costumávamos ficar escondidos no meio da imensa biblioteca. Uhhhh, que fase.

Penso nas minhas opções de resposta enquanto sinto seus olhos  ardendo em minhas costas. Ela senta algumas cadeiras atrás de mim. Se eu responder que vou, posso encerrar de vez esse assunto, ou pelo menos tentar. Se eu responder que não vou, ficarei curioso pelo resto dos meus dias. E de qualquer forma, hoje já podemos voltar para casa. Embora eu não vá voltar para aquele inferno. Lívia vai para casa, e terei o fim de semana  livre para pensar nos assuntos que Rose mencionar. 

Close Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora