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LÍVIA FORKS

Dormi agarrada ao Tobias. Ele me envolveu com os braços fortes, me protegendo do ar condicionado que estava muito frio.

Depois de mais um tempo, sonhei com gritos, pessoas e luzes estranhas. Na verdade, tudo era estranho.

Acordei sobressaltada com um solavanco do ônibus.

Tobias me apertou mais forte em um gesto protetor.

- Acordou, Bela Adormecida?

- É, acho que sim. O que foi esse isso?

- Não sei, deve ter sido uma lombada. O que é estranho, porque estamos a mais ou menos uma hora na serra, muitas subidas e descidas íngremes.

- Estranho mesmo foi meu sonho. Sonhei com luzes e pessoas...

- Deve estar pensando na apresentação que teremos, no e-music.

- Não, eu não estava em um palco. Estava num lugar estranho e luzes como as de um farol chegavam até mim.

- Não faz diferença. Durma, precisamos de energia para hoje.

- Tudo bem.

Me ajeitei novamente e logo estava mais relaxada.

Foi aí que tudo começou. Eu brincava com a blusa de T quando um estalo percorreu o veículo.

- O que foi isso? - disse sobressaltada.

- Só um estalo, nada mais. Você ta muito tensa, sabia?

- Hm... to normal.

Me aninhei e tentei dormir novamente. O sono fugia de mim tal qual rato foge de gato. Ao invés de sono, o que me invadia eram sentimentos ruins.

Tobias havia dormido quando o ônibus parou pela primeira vez em um restaurante da serra. Eram 3:45 AM.

- T, acorda. - falei puxando a manga da blusa dele.

- O que foi? - resmungou ele de volta.

- Fizemos uma parada.

- Uma parada? Por que?

Percebi uma leve preocupação invadir o semblante de sua face.

- Para ir ao banheiro. Por que mais parariamos?

- Esquece, viajei agora.

Desembarcamos. Fui ao banheiro e depois comprei um café. Logo retornávamos para o ônibus. Já sentados em nossos lugares, Tobias disse:

- Você não deveria estar tomando um café agora. Precisa dormir.

- Não consigo dormir.

- E o café não vai ajudar. Por que não consegue dormir?

- Um pressentimento ruim. Eu to com medo Tobias. Algo ruim vai acontecer.

Aquela mesma expressão preocupada retorna ao seu rosto.

- Não precisa ter medo. Vai ficar tudo bem.

- Espero que sim.

Olhei pela janela e vi os motoristas conversando com o professor. Eles gesticulavam frenéticamente, apontando para o ônibus e para a estrada.

Cutuquei Tobias e apontei pela janela.

- Olha.

Ele se aproximou do vidro e analisou a situação. Instantes depois ele saiu do banco.

- Espera aqui, já volto. - disse ele.

- Ok.

Ele foi até a porta e ficou parado lá. Demorei um pouco até entender o que fazia.
Ele estava tentando ouvir a conversa dos motoristas.

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