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*\Último Capítulo da 1ª temporada/*

LÍVIA FORKS

Acordei lentamente. Olhei ao redor e uma pancada acertou meu coração. Eu ainda estava naquele hospital.

Agora, já não haviam outras camas separadas por cortinas verdes ao meu redor. Havia apenas um sofá, uma mesinha e uma Tv transmitindo o jornal matinal.

No sofá, Pedro cochilava intensamente. Vaguei os olhos pelo cômodo branco e vi que eram 8:17 da manhã, segundo o relógio acima da porta.

Por mais que não quisesse, resolvi acordar Pedro.

-Pê? Ta me ouvindo?

Ele se movimentou um pouco e abriu os olhos cor de terra.

- Oi maninha bagunceira.

- Oi Pê. Cadê o papai e a mamãe?

- Eles estão arrumando a papelada.

-Que papelada?

-Do hospital.

-Hm.

Olhei rapidamente para meu corpo, que estava amarrado na cama. Apesar disso, eu nem sabia o que havia acontecido comigo de verdade. Era, e é, tanta coisa acontecendo que eu nem me lembrei de perguntar antes, eu precisava saber:

- Pê, o que realmente aconteceu comigo? Tipo, onde eu me machuquei depois do acidente?

- Na real?- ele faz uma pausa e  me encara- Tem certeza que quer saber?

- Toda certeza do mundo.

- Ok. Você que pediu. Duas costelas quebradas. Uma perfurou o pulmão esquerdo. Você perdeu um rim. 8 pontos na cabeça e 2 na mão direita. 1 dedo do pé direito quebrado. Só isso.

"Só isso"? Sério? É um choque saber que você perdeu um rim e provavelmente metade do pulmão. Mas eu não tinha tempo para pensar nisso.

- O que ainda não foi curado? E por que eu não sinto muita dor? - perguntei.

- O corte da mão já ta cicatrizado. O dedo do pé já ta no lugar certo. Sua cabeça ta quase normal. O rim que sobrou funciona perfeitamente. As costelas foram concertadas cirurgicamente e estão em processo de cura,  mas o pulmão continua danificado. Amanhã, você vai ser transferida para São Paulo, lá o tratamento para seu pulmão será melhor. Por enquanto, você só respira por aparelho e tá praticamente dopada de morfina, nem sei como consegue falas.

Perdi metade dos meus órgãos vitais. Beleza.

E antes que você ache que eu havia esquecido de Tobias, não, eu não esqueci dele. Jamais faria isso, nem por um segundo. Então, fui chegando aos poucos no assunto.

- E o resto do pessoal do acidente? Como estão?- pergunto.

- O professor e um dos motoristas foram salvos sem sequelas. O outro motorista acabou morrendo afogado. Do resto, apenas mais um menino morreu. - Pedro sempre foi muito direto. Talvez possa soar cruel aos ouvidos estranhos o que Pedro diz, mas sei que ele apenas prefere ser prático.

- Quem? - meu coração disparou. Apenas a hipótese de não ter mais Tobias me deixava fraca.

- Um tal de Nicolas. Sinto muito.

Tobias não estava morto. Mas Nicolas estava. E eu me senti péssima por isso.

Perguntei então:

- Pedro, onde estão os sobreviventes?

- Não faço ideia. Nós fomos atrás só desse Tobias, que você tanto falou. Vai ter que me contar o que é essa sua fixação nele depois que conseguir espirrar sozinha - ta, eu ri nessa parte -  Ele está em um hospital em São Paulo. Foi transferido assim que chegou aqui.

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