1 || he and she

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PRÓLOGO

"Justin Bieber"

"[...] E hoje é o dia que eu desisti de você.

Com amor, Justin."

Terminei minha última carta com muito esforço. Era difícil escrever aquilo com as mãos trêmulas e os olhos borrados pelas lágrimas.

Ela não podia ter ido.

Amber não podia ter me deixado, não depois de tudo que eu fez para ela. Mas ela me deixou.

Limpei os olhos com as costas da mão e solucei, olhando para o relógio mais uma vez. Agora eram 1:17 da manhã. Fazia quarenta e um minutos que Amber havia ido. Eu havia decido que não deixaria Stratford agora, eu não conseguiria. Deixar Stratford será como deixá-la, pensei. Eu podia ter escrito que havia desistido de Amber, mas eu sabia que aquilo não era verdade.

'No dia que eu desistir de você eu irei morrer', era o que estava escrito na carta 33. Eu havia escrito várias e várias cartas, mas eram aquelas 34 que li para Amber antes dela desistir. Aquelas eram especiais. 34 cartas lidas para Amber. Com essa ultima seriam 35. Eu nunca contei, de fato, quantas havia escrito para ela. A única certeza que tinha é de que haviam sido muito mais de 500 cartas. Eu também sabia que não iria morrer quando desistisse dela, pois, eu havia morrido no momento em que me contaram que Amber havia sofrido um grave acidente.

Eu morri novamente no momento em que a viu na cama do hospital com a morte lhe rondando. Esperando o melhor momento para dar o bote. Esperando o momento para levá-la para longe de mim. Morri várias vezes nos 12 meses que Amber ficou no hospital. Ela se foi exatamente no mesmo dia em que tudo aconteceu.

Se não estivesse tão arrasado riria. Qual é a probabilidade disso acontecer?

No dia 13 de novembro de 2012 Amber desistiu, e no dia 13 de novembro de 2013, Deus desistiu dela.

Me levantei da cadeira dura e desconfortável da sala de espera do hospital quando escuto alguém chamar seu nome. Era o doutor Kennyer, "Quer dar o seu último adeus?" perguntou.

Último adeus.

Isso era tão dramático. Eu queria mandar Kennyer se fuder, coloque esse seu último adeus no seu cu, doutor. Dei um suspiro cansado e não pode controlar o mar de lágrimas que escorreu de seu rosto no momento em que entrei no quarto de Amber.

Estava tudo tão frio.

Não sabia como continuaria a partir dali. Não sei como vou se sentir no enterro dela.

Eu não vou sentir nada. Pensei. Eu morri. Mortos não sentem nada.

Eu não queria ver a vadia da Sasha no enterro da minha Amber. Ela era a culpada de tudo. Ela que devia morrer no lugar do amor da minha vida.

Me sentei na cadeira ao lado da cama — mais confortável do que a da sala de espera — e observei o Dr. Kennyer se retirar da sala antes de começar a ler a carta para Amber.

Essa seria a última carta que eu leria para ela. Mas não seria a última que escreveria.

"Querida Amber..."

a l g u n s m e s e s d e p o i s

"Claire Murphy"

As minhas mãos trêmulas seguravam o sexto teste feito.

"Isso não pode estar acontecendo comigo." murmurei. "Não pode, não pode, não pode." cinco testes de gravidez comprados de cinco marcas diferentes estavam dispostos pelo balcão do banheiro.

Cinco testes que deram positivo.

Agora havia mais um.

Eu estava malditamente ferrada.

Vinte e um anos nas costas, ainda morando com os pais, e agora seria mãe. Deus... ainda seria mais fácil se o suposto pai da criança não tivesse respondido minha mensagem "Acho que estou grávida" com um simples "Se sim, esquece que eu existo."

Sim, eu estava irremediavelmente ferrada.

Olhei mais uma vez para os testes, colocando o sexto juntamente a eles, indo ao lixeiro atrás das caixas. Eu ainda tinha aquele pingo de esperança de que dois pauzinhos era de:

PARABÉNS!!! VOCÊ NÃO ESTÁ GRÁVIDA DE UM CARA MUITÍSSIMO IDIOTA!!

E não de:

ISSO SUA TROUXA!!! VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA DE UM CARA IDIOTA QUE NÃO DÁ A MININA PARA VOCÊ!!!

Sim, precisa dessas letras gritantes.

Me coloquei de joelhos e vasculhei o lixeiro encontrando as seis caixas, lendo-as mais uma vez. Aquele pingo de esperança sumiu. Dois pauzinhos era positivo.

"Jesus Cristo..." disse choramingando. Eu até choraria mais se o maldito enjoo não estivesse a atacar fazendo-me colocar todo o café da manhã para fora.

Os meus pais iriam pirar. Eu iria ir embora de Dublin. Como e para onde não fazia a mínima ideia. Mas iria sair daquele lugar.

Meu filho, ou filha, não precisava de um pai. Renomados sociólogos americanos já argumentaram que a figura de um pai não é necessário na família.

Eu ficaria bem, não é?

Talvez eu poderia trabalhar como atriz pornô, a Gravidinha do gozo. Rio limpando minha boca com as costas da mão. Eu sabia que isso não era uma má ideia. Em 2006 a renda média da pornografia foi de 97 bilhões de dólares. Eram uns 37 filmes produzidos por dia, ou mais de 13,500 por ano.

Pornô dá um lucro do cacete.

Mas eu não poderia fazer isso com meu bebê. Imagina o diálogo dessa criança?

"Eai, do que sua mãe trabalha? A minha é advogada." disse um colega.

"Ah, minha mãe é atriz pornô, não sei o que é isso direito, mas acho que é algo relacionado a Deus. Às vezes ela pede para eu me trancar no meu quarto e então escuto ela dizer coisas como "Ai meu Deus", "Isso Jesus!!", "Mais rápido, pelo amor de Deus"... Nós vivemos muito bem assim, Deus muda as pessoas né?!" disse a criança, imensamente orgulhoso de sua mãe.

Eu com toda certeza não iria fazer isso. Eu quero ser uma boa mãe.

Era isso, eu deixaria o conforto de minha casa em Dublin e iria para qualquer lugar, contanto que seja longe do idiota chamado Bryan e seus pais.

Eu ia conseguir se virar.

Eu tinha que conseguir.

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comentem e cliquem na estrelinha (isso é muito legal gente, vc ira fazer uma pessoa feliz) espero que gostem mt dessa história pq ela foi a minha primeira e é meu amorzão :)

SAFE HAVENOnde histórias criam vida. Descubra agora