6 || honey and hugs

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"Claire Murphy"

Fazia muito tempo que não acordava nos braços de alguém. Eu sentia falta disso; dessa conexão, da sensação dos braços ao dele ao redor de meu corpo, do calor da presença masculina.

Abri os olhos e vi que o quarto estava na escuridão, exceto por alguns raios de luz que entravam pela pequena abertura da janela.

Ele tinha o perfume tão bom. Eu franzi o cenho quando uma inquietação veio a minha mente semi-inconsciente, mas doía pensar. Eu me lembrava que o havia beijado antes de cair de volta ao sono. Foi bom ter sentido os lábios dele nos meus, e o seu pequeno sorriso. Sua voz rouca pedindo para eu voltar a dormir. Foi uma noite ótima.

Ele mexeu-se sob mim e a inquietação desapareceu. Percebi que foi o movimento dele que havia me acordado. Sim, melhor do que dormir nos braços dele era acordar nos braços dele. Algo no fundo da minha mente me dizia que aquilo não estava certo. Que era totalmente errado e sem nexo estar na cama com um homem. Mas passou logo. Era melhor focar nele. Apenas nele. Suspirando, eu o abracei antes de voltar a dormir.

x

Quando eu abri os olhos, involuntariamente, os fechei novamente por conta da claridade que tomava meu quarto. As cortinas estavam abertas, o outro lado da cama estava bagunçado, e eu não me lembrava o motivo. Minha cabeça estava doendo um pouco e por conta disso não queria me esforçar a lembrar-me dos acontecimentos da noite passada.

Sentei-me a cama e olhei para o relógio sob o criado-mudo ao lado da mesma. 10:34h. Me levantei e andei até a porta, abrindo-a. Um aroma maravilhoso de panquecas sendo preparadas invadiram minhas narinas fazendo minha barriga roncar.

Eu caminho até a cozinha encontrando Justin com o pote na mão acima de sua cabeça despejando mel em sua boca. Porquê ele está aqui?

      "Justin?! O quê você está fazendo aqui?"

      "Ah, oi Claire. Bom dia."ele estampou aquele sorriso maravilhoso em seus lábios sujos de mel.

Ah... lábios!!!
   
     "Ah, merda! Eu te beijei!" exclamei, levando uma mão aos meus lábios. O sorriso dele aumentou mais e senti minhas bochechas esquentarem. "Merda! Merda! Eu te beijei!"

      "Duas vezes." ele disse caminhando até mim.

       "Quê?!" não pode ser possível. "Eu só me lembro de uma." merda, eu bebi ontem?

        "Oh, é?" ele rapidamente levou suas mãos meladas de mel até minhas
bochechas, segurando meu rosto entre elas e tascando um selinho em meus lábios, "Talvez seja porque o segundo não havia acontecido, ainda." sorriu.

      "Você acabou de me beijar!" disse rindo nervosamente, "Oh, meu Deus! Você acabou de me beijar."

        "Sim!" ele riu. "É bom ver você rir depois de ontem."

         "Eu fui presa?" perguntei.

          "Não. Aquilo... você sabe o quê, que aconteceu com você sabe quem." ele deve ter percebido minha expressão interrogativa de que diabos havia acontecido ontem, pois ele deu um suspiro e retirou a última panqueca da frigideira antes de pedir para eu me sentar. Ai meu Deus... eu fiz streap tease num bar, o que significa que eu bebi. Mentalmente eu peço desculpas a minha filha. Minha mente ainda está meio adormecida, eu não me lembro de nada sobre ontem a noite, além do beijo.

Escuto meu telefone tocar e peço licença a Justin. Quando chego ao meu quarto o encontro sob o criado-mudo e o nome Mãe aparece no ecrã, assim como a voz do Justin Timberlake que preenche o quarto.

     "Mãe?"

      "Oi, como você está querida?"

       "Hum, bem?" isso não era para ser uma pergunta. O quão sério foi a burrada que fiz dessa fez para minha mãe saber? Seu oi foi tão sem vida, tão triste. Sua voz está rouca, sonolenta, como se não tivesse dormido direito de noite. Toda minha mente está como um grande ponto de interrogação nesse momento.

       "Sério? Que ótimo! Bom... eu comprei passagens para você vir hoje de tarde, tá bom?"

        "Passagens?"

        "Sim, bom, talvez devesse ter perguntado antes, não é? Mas é que o enterro vai ser depois de amanhã e eu quero ficar um tempo com você." então minha mente, agora bem acordada, recorda os acontecimentos de ontem à noite.

Papai.

     "Como você está?" eu sussurro. "Eu não me lembrava mãe." minha voz embarga e lágrimas salpicam meus olhos. Como é que eu não me lembrava?! "Eu sinto muito."

      "Tudo bem, querida."

       "Eu vou arrumar minhas malas e-" eu sou interrompida por alguns 'Ai
meu Deus' ditos da cozinha. "Mãe? Você espera um pouco?"

       "Eu te ligo daqui a pouco, também tenho que ir. Tchau querida, eu te amo."

      "Tchau mãe, eu te amo."

Eu tento segurar as lágrimas, que agora caiam como cachoeira, e ando até a cozinha, dando de cara com um Justin sem blusa. Seus braços e barriga definidos cobertos com tatuagens são realmente uma tentação, e eu adoraria aproveitar o momento juntamente com aquele pensamento no fundo da minha mente de "Rá! Eu dormi abraçada a esse corpo E (ah, sim, E maiúsculo) beijei esse lábios!!!!" mas a dor estava maior que sedução nesse momento, e tudo o que eu queria fazer era chorar.

      "Você está sem blusa!" solucei. "Porquê... você é tã... tão sexy?!" eu sei, eu provavelmente parecia uma louca.

    "Venha aqui." ele abriu os braços para mim e eu o abracei. Minhas lágrimas molhavam seu torço nu e ele acariciava suavemente meus cabelos.

Era meio difícil ficar confortável abraçando alguém com o barriga que estou, mas estava realmente muito gostoso aqui. Eu queria controlar minhas lágrimas, mas eu não conseguia. A dor em meu peito chegava a ser sufocante.

       "Eu esqueci de desligar a panela e ela pegou fogo. Quando fui apagar, ele – o fogo – subiu para a minha camisa." se explicou. "Eu amava aquela camisa."

      "Como você fez isso?"

      "Eu não sei. Eu sou tão quente que até o fogo me quer."

     "Quê?" sorri, mas logo o desmanchei, "Eu não me lembrava de nada. Como eu não me lembrei que meu pai morreu?"

       "Isso é normal. Quando passamos por algum trauma – como perder alguém que amamos bastante – nossa mente meio que entra em choque. Nós não  nos lembramos porque simplesmente nossa mente sabe que aquilo irá machucar. Nossa mente nos ama, por isso que é sempre melhor pensar com ela, e não com o coração." disse. "Eu penso bastante com o coração, talvez seja por isso que me fodo bastante."

     "Como você sabe disso?"

      "Eu já perdi alguém que amava, e, ao contrário de você, eu me lembro exatamente de tudo. Minha mente não gosta de mim." sorriu levemente.

     "Eu sinto muito."

      "Eu também."

SAFE HAVENOnde histórias criam vida. Descubra agora