28 || hospital memories and o'malley

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"Justin Bieber"

A morte é algo que me deixa apavorado. Acho difícil alguém pensar sobre isso e não sentir alguns loops no estômago. O fato de uma hora você estar ali e então você não está, assim, em milésimos de segundos é uma coisa apavorante e intrigante ao mesmo tempo. É algo que nunca entenderemos de verdade.

É como uma lâmpada que ilumina, ilumina e ilumina todos os dias, a todos os minutos do seu dia, e então, quando você está fazendo uma tarefa normal como cozinhando o almoço do seu filho, algo que você faz todos os dias, a lâmpada decide queimar. Assim, do nada.

Não é como se ela fosse te avisar que hey, eu vou queimar hoje. Então você poderia se programar e comprar outra lâmpada. Simples assim. Mas a vida não pode te avisar que alguém vai morrer. Eu me pergunto que se isso fosse possível, te avisarem quando alguém vai morrer, a morte seria mais fácil de suportar?

Você sabe que não pode pará-la. Talvez você consiga adiá-la por um período de tempo mas ela sempre estará ali. Esperando mais uma oportunidade para atacar. Sugando cada brecha que a vida lhe concede.

Nós temos medo da morte pois ela é uma das coisas que não conseguimos controlar. E não controlar coisas que destroem as nossas vidas nos dará medo, claro, então não tem problema se você a temer. Estará tudo bem.

Você ficará triste por um período de tempo, mas deve ter a perspectiva de que não será uma tristeza que irá te dilacerar para sempre; depois de um tempo será apenas um leve incomodo no seu coração. Havia um casal na sala de espera nesse momento e eles estavam sentindo o primeiro tipo de dor.

Aquele que te dilacera. Que destrói seu coração e você sente que nunca, nunca mais, será capaz de sorrir novamente.

Eles acabaram de descobrir que o filha deles havia morrido. Eu não sabia o que havia acontecido com ela, não sei quantos anos ela tinha, como deveria ser o som da risada dela; a única coisa que eu sabia era como aqueles pais se sentiam.

Talvez... talvez não exatamente do mesmo jeito, mas eu sabia como era a dor de perder alguém e eu estava rezando, rezando com todas as minhas forças que eu não precisasse passar por aquilo outra vez.

Enquanto o choro angustiante da mãe era o plano de fundo daquele lugar eu fazia a única coisa que eu não gostaria fazer outra vez.

Eu estava escrevendo uma carta para Claire. E, sinceramente? Estava me sentindo um lixo por isso. Era como se meu cérebro estivesse gritando 'não faça isso sobre Amber! Pelo. Amor. De. Deus. Não faça isso ser sobre ela." Não que eu tenha escrito algo a mais que querida Claire, mas, sabe? Eu me odiava por estar fazendo a mesma coisa que fiz enquanto estive no hospital por Amber.

Eu estava me sentindo estupido e minha cabeça estava com um latejar muito incomodo.

"Eu não consigo ficar aqui." a voz de Dylan chama-me a atenção. Eu levanto o olhar do papel vazio e os fixo em seus olhos castanhos que parecem extremamente gentis. Da pra saber por que Claire se apaixonou por ele, parece um cara bem legal, na verdade. Mas mesmo assim eu o odeio. Como não respondo nada ele continua, "Vou tentar dormir um pouco, pensar... ver minha filha e Rosie. Estou indo para casa. Você deveria fazer o mesmo. Se quiser eu te levo."

"Não." eu respondo, soando mais ríspido do que pretendia, "Não... obrigado, mas eu tenho que ficar."

Ele fica alguns segundos olhando para mim como se estivesse tentando ver minha alma. Foi muito desconfortável. Por fim ele fecha os olhos por alguns segundos e seus ombros caem, seguindo uma respiração forte.

SAFE HAVENOnde histórias criam vida. Descubra agora