"Claire Murphy"
Quando eu era criança meu pai ficava algumas semanas fora por conta do seu trabalho, no meu aniversário de 10 anos eu recebi uma carta dele, ele estava na Flórida. Nela dizia o seguinte:
- Claire Farrah Murphy,
FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!!!!! TIRE MUITAS FOTOS PRA MIM, TÁ BOM? Então hoje você completa 10 anos!!!!!
Meu Deus!!!!!!!!! Como você se sente??????? Cresceu um montão?
Amanhã, quando você tiver 10 anos e um dia, eu ainda serei o seu herói, o seu grande, imenso, maravilhoso papai?
Você ainda vai querer que eu te leve no meu cavalinho, ou dormir no meu ombro mágico?
Porque, querida, não importa para mim se você tiver mil anos, eu ainda vou querer você no meu cavalinho, ainda vou querer que você durma no meu ombro mágico, e espero que eu ainda seja seu herói, o seu grande, imenso, maravilhoso papai.
Se lembra quando você cortou sua franja porque achou que seu cabelo iria crescer na mesma hora, então eu peguei minha fivela mágica e sua mãe nunca descobriu que você o havia cortado? Querida, quero que saiba que eu sempre irei te dar minha mágica, eu sempre irei te ajudar. Sempre.
Eu sinto muito por não estar ai no dia do seu aniversário (eu estou na Flórida, perto da Disney World, eu levarei vaaaaaaaarias coisas pra você), espero que sua mãe esteja cuidando bem de tudo aí, pergunta pra ela se a festa deu muito trabalho e não se esqueça de agradecê-la.
Eu estou feliz pela minha menina estar crescendo, e triste, porque isso significa que eu estou ficando velho :(
mas você irá cuidar de mim, não é?
Eu te amo muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito, do tamanho do nariz do tio Frankie (você sabe como é grandão).
Com muito amor,
O seu herói, o seu grande, imenso, maravilhoso papai."
Eu me lembro de que, quando eu a recebi e a li, a única coisa que dei atenção foi que ele iria na Disney e traria presentes para mim, e que ele me amava do tamanho do nariz do tio Frankie (que é realmente muito grande). Hoje eu percebo como ele estava se expressando nessa
carta, como suas palavras eram mais profundas do que poderia entender aos 10 anos, eu era nova demais para saber o que significava. Agora eu entendo porque minha mãe chorou lendo-a.
Olho para minha mala no canto do quarto e para a bolsa que fiz para minha filha (caso algo acontecesse lá) e então olho para porta, que está sendo batida por alguém. Seco as lágrimas e respiro fundo uma única vez antes de falar um "entre".
"Oi." é o Justin. "Megan já está aqui, com um cara chamado Joshua, o seu... namorado, eu acho, foi isso que ela me disse. Posso entrar?" eu confirmo e ele entra, sentando no pé da cama, ele está segurando um papel e uma caneta em suas mãos. "Ainda são 14:37h, seu vôo é só as 16:00h, certo?" confirmo novamente. "Se lembra quando disse que também havia perdido algum que amava?"
"Sim."
"Quer saber como me senti melhor?"
"Por favor."
"Eu sou um escritor, ou seja, eu expresso meus pensamentos — nesse caso, os das personagens — no que escrevo. Quando eu perdi essa pessoa eu lhe escrevi várias cartas, sempre expressando como me sentia. Você deveria tentar."
