O Vento

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- Louis, quantas vezes eu já te falei que não se deve correr atrás dos cachorros? - Ele chorava enquanto eu passava um remédio em seu joelho. - Ainda mais nas escadas perto da piscina. Pensa se você cai lá dentro? - Sky o abraçou depois que eu terminei o curativo e ele correspondeu.

Isso era novo pra mim, até porque ele não correspondia ou recebia muitos abraços. Além de ele ser possesivo comigo, ele não gostava de carinho ou apego com outras pessoas, me espantou muito ele corresponder ela, por mais manhoso que ele estivesse.

Bryan estava com os braços cruzados sentado no sofá, observando o meu espanto. Acho que fiquei uns 20 segundos, parada, observando eles dois e me perdi totalmente em meus devaneios. Era algo realmente novo, ele não correspondeu nem Chris de primeira via.

- Desculpa, mamãe. Eu não vou fazer de novo. - Continuou abraçado em Sky, que acariciava seus cabelos.

- Tudo bem, filho... - Me levantei e encostei no sofá, ao lado de Bryan. - Você quer ficar com ele? Se você não quiser eu fico com ele, não tem problema... eu vou sair daqui a pouco, mas...

- Não tem problema. - Sorriu fraco e se levantou. - Eu vou ficar com ele lá em cima, no quarto de brinquedos, onde ninguém vai se machucar. Não é, Louis? - Ele assentiu ainda escondendo o rosto no pescoço dela. - Deixa ele... - Riu e começou a subir as escadas.

Eu estava realmente espantada, nervosa e extremamente feliz ao saber que Louis fluiu tão rápido com alguém que não seja eu ou os meus amigos de sempre. Nem com as minhas amigas ele fazia isso, não era de ir com ninguém.

- Ela tem muito jeito com crianças ou é só ele? - Perguntei a Bryan.

- É sempre assim. - Riu. - Talvez seja normal, coisa que flui de família, sabe? - Revirei os olhos. - Onde você vai hoje?

- Era sobre isso que eu iria conversar com você ontem quando você estava mais preocupado em transar comigo. - Encostei minha cabeça em seu ombro. - Você acha que eu tenho jeito com crianças?

- Obviamente. - Acariciou meus cabelos. - Você estava sendo ótima na festa dele, se não fosse o insuportável do Evans pra atrapalhar tudo...

- Você não consegue esquecer ele? - O encarei. - Deixa ele em paz, ele não te fez nada!

- Ele fez sim, e muito antes de mim. - O dei um soco forte no ombro e ele retribuiu com um tapa em minhas pernas. - Você vai falar o que tem pra falar ou não?

- Vou! - Respirei fundo. - Bem... a uns dois anos e meio atrás eu entrei em um processo de adoção a uma garotinha, que hoje, tem três anos. Eu vou lá hoje, tentar fechar o restante que falta eu fechar e talvez ela vem pra casa a semana que vem. Eu estou com medo, eu não sei se vou conseguir levar isso sozinha e eles não sabem que você existe. Eles no caso o conselho tutelar. Eu também não disse nada demais, só falei que começamos a sair, até porque eu sou a mãe dela e os nomes estarão envoltos pelo mundo. Se ela vir pra casa ainda essa semana, eu acho que não vou conseguir lidar direito. É muito novo pra mim, nunca fui mãe de uma menina, Louis sente falta de uma presença masculina, eu não sei se sou uma boa mãe e só de pensar eu quero começar a chorar porque é tudo muita pressão na minha cabeça e a mídia não pode ver ela, e...

- SANDRA! - Ele aumentou o tom de voz e me fez parar de falar. - Pelo amor de deus, mulher! Você fala muito rápido! - Respirei fundo e fechei os olhos. - Você vai ser a melhor mãe do mundo, assim como sempre foi. Se você quiser que eu me afaste de você por um tempo por causa disso, eu vou entender. Se você quiser que eu fique do seu lado e te ajude, eu também vou ficar. Nós saímos a 3 meses, mas ela é sua filha. Eu sei que você vai levar isso muito bem, sei que daremos um jeito e vai tudo ficar bem, ok? - Assenti e ele selou nossos lábios. - A Sky ama crianças, ela vai gostar de saber disso. - Sorri sem mostrar os dentes.

- Bryan, você tem de ter muita coragem pra fazer isso... - Ele me encarou confuso. - A mídia corrói você se não conseguir lidar. Eles vão falar bem de você, mas vão falar muito mais mal. Eles vão saber do seu passado e eu não vou ligar, mas você vai ter que ser forte com isso se quiser. Você vai receber ódio gratuito e comparações inúteis com o meu ex-marido, isso pode parecer pouco mas é realmente muito grande um inferno desses. - Segurei a enorme mão dele. - Eu não quero acabar com a sua vida.

- Você está acabando de começar ela de novo. - Apertou meus dedos entre os dele. - Sandy, eu não me importo com nada disso, eu não quero saber, eu não jogo meu nome no google. Eu espero que você não se machuque com isso, sua imagem vai ser suja por minha causa.

- Não vai. Eu já falei com a Cheryl. - Metade do meu peso havia ido embora, isso era bom pra mim. - Eu espero que você entenda. Ela disse que só iremos assumir quando você estiver seguro e pronto, assim como eu. Se você quiser assumir algo, se é que isso venha acontecer.

- Isso vai acontecer.

- Não estamos namorando ainda...

- Ainda. - E aquilo foi o ponto final da conversa. Eu sabia que estaria segura com ele, que estaria sendo compreendida, estaria sendo protegida. Eu sentia falta disso, de confiar de novo de tal maneira.

- Bryan, para... - Os nossos beijos eram sempre assim. Começavam de um jeito e se transformavam a outro jeito. Eu amava isso, nossas mãos não conseguiam ficar distantes uma das outras. - Ah meu deus, para! - Mordi seu lábio inferior para encerrar o beijo. - Eu preciso me arrumar e sair, estou nervosa com isso. - Ele se levantou e estendeu a mão para que subíssemos.

- Você tem quanto tempo?

- Uma hora e meia.

- Em quinze minutos eu acalmo você... - Disse ao meu ouvido e me fez sorrir.

- Bryan, tem "crianças" na casa, acho que você já deveria saber.

- É só você ficar quietinha... - Mordeu o lóbulo de minha orelha. - Você consegue ficar quietinha? - Assenti e colei nossas testas, andando com ele degrau por degrau na escada. - Isso é muito bom... - Apertou minha bunda e me carregou até o closet, trancando a porta e me prendendo na parede. E depois... bem. Depois, os quinze minutos foram ótimos!



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