Estava sentada a frente da bancada de mármore creme na cozinha, mexendo no anel que ele havia me dado. A bolsa aberta do lado cheia de coisas que eu nem sabia que estavam ali, uns bilhetes dele, outros meus que eu esquecia de deixar, meus óculos, as chaves e todo o resto.
O anel era prata, não tinha nada escrito dentro. Ele havia me comprado por uma simbolização, como se marcasse a nossa "amizade". Me lembro até hoje do dia em que ele me comprou aquele anel, de como foi quando ele me deu... todas as palavras.
Ele disse que por mais que fosse apenas uma amizade, ele queria ter me dado aquilo. Era apenas para que eu me lembrasse dele sempre, onde quer que eu fosse. Eu tinha uma pulseira também, que George havia me dado pelo mesmo significado.
Nós misturamos as coisas, mais ele do que eu. Eu o avisei, sempre deixei claro, por mais rude que fosse, mas ele não entendeu. Talvez ele até tenha me entendido, mas ninguém controla os próprios sentimentos.
Eu me sentia mal por ele. Eu o amava muito, o amava para não querer vê-lo virar as costas nunca, mas não o amava como um amor verdadeiro. Chris abriu meu coração para novos amores, talvez tenha sido o primeiro de muitos, mas não seria o primeiro e único.
Eu era grata a ele, eu era grata por tudo que ele me fez, eu o amava para tê-lo comigo, mas não para tê-lo dentro de mim, no meu coração, como a minha metade. Eu queria ele como meu melhor amigo, como o cara que significava tudo pra mim e me conhecia de olhos fechados assim como eu o conhecia e o considerava.
- Sandra? - Bryan chegou na cozinha e me deu um susto. Guardei o anel rapidamente na bolsa e virei o banco alto giratório até o encontrar com o olhar. - Vocês tinham um anel?
- O Louis dormiu? - Não quis responder a pergunta dele. Ele assentiu. - Obrigada... ele geralmente não se dá bem com os homens que convivem comigo, você é um vencedor. - Sorri sem mostrar os dentes e me virei para pegar o cheque na bolsa. - Bem, você pode vir a semana que vem... eu acho que já está tudo certo, então... - Estava assinando o cheque quando ele parou minha mão e me fez o encarar.
- Você está bem? - Perguntou. Os olhos frios, parados ali, encarando os meus, entrando até onde conseguia dentre os frios e calculistas olhos azuis.
- Sim... - Saiu falhado, não consegui parar de o encarar.
- Você não está bem. - Soltou minha mão. - Se quiser conversar, saiba que eu não vou contar pro Perez Hilton. - Me fez rir, quebrando aquele silencio e tensão que havia ficado entre nós.
- Obrigada, mas eu estou bem. Depois eu me resolvo com ele... - Rolei os olhos e tirei o cheque do talão, entregando-lhe. - E até sábado. - Estiquei a mão para que ele apertasse, mas ele me puxou a um abraço.
Eu amava abraços, mas odiava ao mesmo tempo. Quando alguém me abraçava, eu sentia a necessidade de chorar por coisas que me afetavam sem medo de ser machucada pela demonstração de falta de força, pois teriam braços envoltos para me proteger.
- Não esconda as coisas. Você não precisa ser forte o tempo todo. - Sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar. - Eu só te abracei porque eu sei que...
- Shhhh! - Continuei abraçada a ele por mais um tempo. - Eu vou te levar na porta. - O soltei e caminhei com ele até a porta, esperando que ele saísse para fora do enorme portão depois do jardim.
A semana passou e Chris não me respondeu nenhuma das minhas mensagens, não atendeu nenhuma das mais de vinte ligações, me ignorou por total. Quando fui até o prédio dele, disseram-me que ele iria se mudar, que estava tudo de saída e ele estava acompanhando a mudança via internet.