Capítulo 10

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Londres, Dezembro de 2015.

[A N Ô N I M O]

Eu tenho que sair daqui. Eu tenho que sair daqui. Eu vou sair daqui.

Esse foi o único pensamento que rodou em minha cabeça durante os últimos anos. E assim foi feito. Eu consegui. Eu saí dali.

...

Faz anos que não vejo o mundo. Faz anos que não a vejo. Faz anos que não os vejo. Faz anos que estou preso aqui, nesse lugar horrível, onde não vejo ninguém além de pessoas com suas roupas brancas. Eu não pertenço a esse lugar. Eu não fiz nada de errado. Eu vou sair daqui. E eu vou me vingar de todos que me colocaram nesse lugar.

...

Fugi. Corri. Bati em muitos guardas. Demorei anos preparando essa fuga. Consegui fazer "aliados". Prometi dinheiro. Prometi tirar pessoas dali. Prometi muitas coisas as quais sei que não vou cumprir. Mas não tinha um porque para eu estar ali. Eles não voltaram como prometido.

...

"O que fizestes com ela?" gritava a mulher alta de cabelos longos e loiros.

"És louco?" o homem de paletó chorava e em seus olhos via raiva.

Mas eu não fiz nada. Estávamos brincando, e ela achou divertido.

...

Corro pelas ruas desconhecidas de Londres. Não sei onde estou, só estou correndo. Ouço sirenes e pessoas gritando meu nome. Passos rápidos atrás de mim. Armas. Sabia que não iria demorar para darem a minha falta. Mas eu não posso parar, tenho que correr, e o mais rápido possível.

...

Passo os dedos pela enorme estante de livros. Adoro ler, e conheço uma pessoa que adora me ouvir contar as histórias mais absurdas, histórias que fogem da realidade, histórias que te levam a lugares estúpidos, lugares de faz de conta, onde os sonhos nascem, onde o tempo não segue uma cronologia exata.

...

Pessoas me olham assustadas, algumas deitam no chão, gritam surpresas, outras olham para os carros policias seguindo um homem e não entendem o motivo, mas ignoro tudo e todos e continuo correndo.

Corro, corro sem rumo, entro em becos escuros, viro ruas, me escondo atrás de pessoas, até que não vejo mais viaturas atrás de mim. Entro em um bar onde só vejo bêbados que não dão a mínima importância ao cara foragido que acabara de entrar ali.

Em uma mesa tem um grupo de homens mal vestidos e que aparentam ter entre 50 e 60 anos, mas devem ser mais novos, a bebida estraga uma pessoa, em outra mesa vejo alguns homens jogando cartas e com garrafas de cerveja em mãos. Ando pelo local de cabeça baixa, tentando passar despercebido entre os corpos bêbados e vou até uma área que fica no fundo do local, passo por alguns "garçons" e abro uma porta que leva a saída dos fundos do velho bar.

Fecho a porta atrás de mim e giro meus calcanhares olhando meu redor, estou em uma rua escura e deserta, um lugar estreito e com enormes prédios velhos ao redor, o cheiro daquele lugar é horrível.

...

"Eles não vão vir?" pergunto sem emoção ao homem alto de cabelos pretos.

"Não. Ninguém quer um assassino por perto." cospe, em resposta.

...

Sento do lado do corpo sangrento da menina e apoio a sua cabeça em minhas pernas. Passo a mão em seus cabelos e olho para a sua boca que esta escorrendo sangue, seu nariz esta na mesma situação. Seguro o seu pulso e sinto seus batimentos cardíacos demasiadamente fracos. Ela tosse e cospe sangue, seus olhos estão cerrados, como se estivessem em uma luta entre abrirem ou permanecerem fechados.

"Zayn." Sussurra em um tom tão inaudível que se não estivesse concentrado acho que não ouviria. Depois disso sua cabeça vira para o lado e cai completamente sobre minhas pernas. Seguro seus pulsos novamente e vejo que não têm batimentos. Ela morreu.

Mas quem merda é o Zayn?

...

"ÉS UM ASSASSINO! Vais morrer sozinho. Ninguém mata a própria irmã assim!" grita a mulher, chorando.

"Mas ela estava se divertindo... Foi divertido." falo, sussurrando.

...

Coloco as minhas mãos em minha cabeça e puxo meus cabelos tentando de alguma forma parar com essas lembranças, mas elas vêm e são muitas, não consigo pará-las. Olho novamente para o corpo sem vida em meu colo e pego a arma que esta em seu lado, passo os olhos pelo seu corpo e olho novamente as três marcas de tiros em sua barriga.

"Ei, o senhor não pode ficar aqui..." fala, mas logo se interrompe, não me atrevo a olhá-lo.

"O que você fez com ela?" finalmente olho em direção a voz. Um homem alto com pele morena e cabelos raspados, que julgo ser um "garçom" que vi no bar, esta parado próximo a porta dos fundos, do local repleto de bêbados, me olhando e apontando o seu dedo indicador em minha direção. Ele esta usando uma blusa branca com listras vermelhas, uma calça preta jeans e uns sapatos marrons. Sua blusa me lembra o natal, o meu último e pior natal. Em que dia, ano e mês estou vivendo?

...

"Não vamos abrir os presentes?" pergunto, com um sorriso curvando meus lábios e sem nenhum tipo de emoção em minha voz.

"Presentes? VOCÊ ACABOU DE MATÁ-LA." A mulher alta a minha frente grita comigo e coloca as mãos trêmulas no seu rosto, dramatizando, limpando as lágrimas que escorriam pelos seus olhos de cor clara.

"Já disse que estávamos brincando, e aquilo foi divertido. Você quer brincar comigo daquilo também?" grito com raiva, mas depois sorrio com a proposta que lhe fiz.

Ela não responde, mas sinto a sua mão entrando em contato com o meu rosto, me fazendo virar o mesmo na direção contrária ao tapa.

...

"Você a matou?" o homem alto a minha frente me pergunta, consigo perceber que sua voz falhou e que suas mãos tremem. Sigo seus olhos e vejo que estão olhando para minha mão que esta segurando a arma e coberta de sangue.

"ÉS UM ASSASSINO!" grita, me acusando.

"TENS QUE SER PRESO." vejo uma mistura de emoções em seus olhos, medo, desespero e parece até mesmo estar com raiva. Mas não me abalo.

"Cala a maldita da boca. Não vou ser preso!" não vou voltar para aquele lugar, não agora que eu acabei de sair. Levanto a arma em sua direção e o homem levanta as mãos.

Preciso sair daqui. Preciso sair antes que me peguem. Preciso vê-la.

***

XX

Então...como estão? Desculpem-me pela demora e pelo capítulo pequeno e ruim, mas foi o que eu consegui fazer...mas aí esta o capítulo. Ficou confuso? Kkkkk..sim sim, eu sei. Até o próximo.

All The Love


Changes || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora