Capítulo 21

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Londres, 27 de Junho de 2016

[ A L I S S O N ]

[a l g u n s d i a s d e p o i s]

Algumas gotículas de água salgada e morna escorrem pelo meu rosto quando volto para a superfície. A praia é deserta e calma, é possível se ouvir o som das aves e o barulho do vento batendo contra as folhas das enormes árvores que estão em alguns pontos da enorme praia. A água é tão clarinha e limpa que posso ver os meus pés se olhar para baixo e o céu não possui nenhuma nuvem, é só a imensidão azul e o enorme sol brilhando.

Sorrio para o nada. Estou feliz de uma forma como nunca estive antes. Estou aqui sozinha, sem ninguém dizendo o que devo ou não fazer, sem problemas, sem testes da faculdade, sem brigas, sem festas, sem NADA e isso sabe tão bem.

Dou pulinhos de felicidade e bato minhas mãos na água, fazendo com que algumas gotas da mesma caíam em meu rosto, o que provoca uma gargalhada infantil da minha parte. Um vendo frio embate contra meu corpo seminu e logo paro de rir.

Não é possível mais ver o céu azul ou o sol brilhante, a única coisa que vejo quando olho para cima é a escuridão e uma imensidão de nuvens cinza-escuro. O vento agora é forte e gelado e a água morna e calma deu lugar à uma turbulenta e gelada. Abraço-me na tentativa de me aquecer e começo a andar de forma rápida para fora da água gelada e salgada, tentando chegar o mais rápido possível na areia. Olho para trás e vejo uma onda forte e enorme se formando e então começo a correr de uma forma desesperada. Porém, não tenho velocidade. Não é possível correr tão rápido no mar. Em um movimento rápido sinto meu corpo afundar. Pisei em um buraco. Tento nadar de volta para a superfície, mas meus pés parecem presos, como se estivessem amarrados e não consigo me mexer. Meus pulmões lutam por oxigênio e meus braços se debatem na água. Estou desesperada. Eu vou morrer.

Sinto meu corpo ser empurrado com força e sei que foi a onda forte que estava a se formar antes que eu pudesse cair. Meu corpo é empurrado contra uma pedra e sinto uma pontada em minha cabeça, e a única coisa que vejo antes de ficar inconsciente é o meu sangue manchando a água azul.

Morri.

Meus olhos se abrem e sem perceber estou sentada na cama. Os cobertores estão entrelaçados em minhas pernas e os travesseiros estão jogados no chão branco do meu quarto. Meu corpo todo está tremendo e estou suando frio. Levo minhas mãos até as minhas bochechas para limpar as lágrimas que estão nas mesmas, enquanto tento controlar a minha respiração e os meus soluços.

Deito novamente na minha cama e trago meus cobertores até o meu pescoço, tentando me acalmar e me livrar do pânico. Há mais de um mês que não tinha esses "sonhos". Mas parece que eles voltaram e piores do que antes. Dessa vez eu morri. Eu vi meu sangue. Dessa vez eu estava sozinha.

Olho para o ecrã brilhoso do relógio digital do meu quarto e vejo que o mesmo marca 4:30 da manhã. Suspiro e fecho meus olhos, mas assim que os fecho vejo todo o meu sonho. Será uma longa noite ou pelo menos o resto dela.

Pisco meus olhos até que eu consiga ver com clareza tudo ao meu redor. Meus olhos se fixam no ecrã do relógio digital e vejo que o mesmo marca 06:55 da manhã. Fixo meu olhar no teto branco do meu quarto e milhões de pensamentos invadem minha cabeça.

Passaram-se mais de três meses desde aquela festa. Nunca mais vi o Edward. Ele não tentou falar comigo desde o que aconteceu. Foi estranho, mas tentei não me importar muito, até o dia em que já estava desesperada, frustrada e curiosa o suficiente para ir perguntar para a Jully o que aconteceu com ele, e ela disse-me o que eu suspeitava, disse-me que dois dias depois da festa ele foi embora. Desde então a minha vida tem sido sempre a mesma: acordo, vou para UCL (University College London), volto para casa, na maioria das vezes com o Zayn, estudo e durmo. Nada de festas ou homens, apenas estudo. Essa mesma rotina todos os dias está a se tornar chata. Odeio seguir rotinas. Odeio fazer sempre as mesmas coisas, nos mesmos horários. A minha casa está quase sempre vazia, só não fico completamente sozinha em casa por causa do Zayn, que está aqui todos os dias, ou quase todos pelo menos. Meus pais estão no Canadá a resolver as coisas da nova filial e o Niall está em um festival de tecnologia com os amigos, eu até gosto um pouco da ideia, já que ele está a conseguir fazer amigos e sair mais vezes, mesmo com a "doença" que tem, isso é um grande avanço no seu quadro psicológico e eu não poderia estar mais feliz por ele, mas sinto a sua falta, sinto falta do beijo que ele me dá antes de dormir, das suas gargalhadas, das nossas conversas, apesar de conversarmos todos os dias pelo Skype, mas não é a mesma coisa.

Changes || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora