14- Irmã mais velha

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Acordo atrasada, corro pro meu quarto. que dormi no quarto do Tate. Me visto as pressas logo deço as escadas.
Vejo minha mãe na cozinha.
Corro pra porta, sem olhar pra trás.
Hoje é dia vinte de setembro. Uma data comum pra muitas pessoas, mas não na família Without. Minha irmã, morreu nessa data, a dois anos.
Tento não pensar nisso, chegando na escola indo pro meu lugar.
Fico quieta, a espera da professora.
Coloco os fones, lembranças de Ruth, ainda viva me dói, saiu da sala indo pro banheiro. Entro em uma das cabines e choro baixinho.
Até que meu celular vibra.

-Whatsapp on-
Angel- Esperei me acordar hj, perdeu a hora?
Eu- Não. não quis falar com vc.
Angel- Nossa, essa doeu.
Eu- Não fode anjo sem nome.
Angel.-Annie, me fala que a raiva que está é de mim.
Eu- não posso, vai ser mentira.
Angel- Pq esta tao zangada?
Eu- Não estou.
Angel- Me fala, esqueceu q estou sempre aqui?!
Eu- Não, não está, nem se quer sei seu nome. Agora deixe-me em paz.
-Whatsapp off-
Sai do banheiro e esbarro com algum idiota.
-Porra!-grito tentando levantar.
-Annie?- Harry murmura fitando-me.
-Não olha pra onde anda?-grito já em pé.
-Você que esbarrou em mim! Pq esta tao nervozinha?-ele pergunta com desdém.
-Vai se fude!- falo e saio andando.

Volto pra casa, sem ter assistido nenhuma aula. Passo em uma mercearia, compro cigarros seguindo meu caminho com um aceso.
Até em casa já foram três, subo as escadas deito-me na cama. Acabo dormindo.

Flashback dois anos atrás.

-você vai pra faculdade de medicina sim.-grita mamãe do andar de baixo.
-VOCÊ NÃO MANDA MAIS EM MIM!- grita Ruth de volta.
Era a primeira vez que Ruth, respondia nossa mãe com tanta audácia.
Ouvi a porta batendo, vi Ruth sair com o velho fusca que nosso pai avia lhe dado, quando era vivo.
-Ruth Without, foi encontrada morta, em seu veiculo. Ela saiu da ponte, caindo no rio, aparentemente afogamento. Não avia sinais que a vitima avia tentado sair do veiculo. Mesmo com a porcentagem alta de álcool no sangue, ela ainda estava consciente na hora da queda e tudo indica que não foi acidente...Suicídio é o mais provável.- Dizia o policial calmamente, como quem da uma multa.
-Não, não, ela não faria isso.- minha mãe se negava a ouvir sentando no chão.
Eu parada na escada imaginando Ruth, sempre tão objetiva, dedicada aos estudos, madura...doce.
Ela não faria isso, se matar...porquê ela faria isso? Bêbada? Álcool?
Ruth era um exemplo, jamais fizera algo imprudente.
O que levou ela a isso?

Flashback 3 anos antes da morte de Ruth.

- Está tão bonita.- murmurei da porta do quarto de Ruth.
-Entra.- ela disse sorrindo, estava sentada de frente pra sua penteadeira escovando o cabelo.
Ruth sempre foi linda, tinha cabelos longos e pretos, e olhos azuis, pelo branca. Me lembrava a Branca de Neve.
-Um dia você será assim, Annie.-ela disse sorrindo me fitando pelo espelho.
- Mamãe não me acha bonita.- murmurei tristonha.
Eu sempre fui magra, cabelos castanhos volumosos.
- Mas você é. E vai ficar ainda mais.- ela disse virando-se pra mim- Annie, não importa o que ela diga, não se curve, não se dobre pra ninguém, seja você. Querer ser outro, é um desperdício da pessoa que você é.
-Não devo ser igual a você?-Pergunto confusa.
- Não. Sou o que ela quer, você não precisa ser assim. Um dia vou me libertar.- ela diz voltando a sorrir.

Flashback off.

Acordo com lagrimas nos olhos.
"Ruth"
Me deixou sozinha pra cuidar, de Tate. Me deixou sozinha com ela...
Só queria voltar no tempo, talvez eu tivesse a ajudado.
Corro pró banheiro, sento embaixo do chuveiro e fico lá.
Vou pro quarto, me a pronto pro show. Pego uma garrafa de Whisky que guardo encima do armario. Abro dando boas coladas, ascendo o cigarro.
Kim, disse que iria me esperar lá.
Fui grossa com o Angel, provavelmente ele nem vai. Foda-se todo mundo.
Desso as escadas, vejo aquela velha desgraçada sentada no sofá.
-Onde pensa que vai?- ela questiona ainda do sofá.
-A um Show de Rock, porquê, quer ir?- pergunto sorridente.
-Está bêbada?- ela fala irritada levantando.
-Feito um gambá! Esqueceu que sou o modelo de um mau filho?- pergunto secamente.
-Não, você não me deixa esquecer. Sua cara, só me faz sentir ainda mais falta da minha querida filha.- ela murmura friamente me olhando com escárnio.
-Ruth sempre foi o exemplo de filha, não é? Sempre fez suas vontade, você queria que ela fosse o que você não consegui ser!- falei olhando naquela cara envelhecida com o tempo.- Tanta pressão, levou ela a morte, ela se suicidou!- grito com lagrimas nos olhos, levando um tapa fazendo meu rosto ferver.
-Foi um acidente, ela não faria isso. Só você e sua incapacidade faria uma coisa desse tipo.- ela diz cuspindo as palavras.
-Admite que preferia ser eu naquele carro...- murmuro com a mão no ligar do tapa.
-Não preciso. Foi um castigo divino, ele levou minha filha boa...além de luto, tenho q conviver com a vergonha que tu és, prostituta drogada.
-você tornou a vida da Ruth, um inferno. E agora, me odeia porque não me curvo a você.- falo dando as costa.

Saio da casa, com passos firmes. Indo ate onde será o show, que não ficava a muitas quadras.
Não deixo lagrimas escaparem, enfrentar aquele mostro não é fácil. Me manter viva então. Mas faço pela memória de Ruth, e o bem de Tate.

Ela não desiste?Onde histórias criam vida. Descubra agora