CAPITULO TRÊS: ARCANUM

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– Eu espero que escolha se comportar ao invés de tentar alguma gracinha do lado de fora dessa casa, eu ofereci muito mais do que o tempo necessário e você simplesmente agiu como se tivesse esquecido do objetivo principal de tudo isso, em uma dessas horas seu pai está revirando no túmulo terrivelmente arrependido de ter encarregado você para finalizar o que ele não pôde. Mas agora você não tem mais escolhas, não há mais tempo, estou com dívidas envolvendo máfia russa e estado islâmico como acredito que você já tenha conseguido perceber. – O homem riu em escárnio, enquanto servia dois copos de whisky – E com essas pessoas, não podemos brincar. Estou comandando todo o plano para honrar o nome do meu pai que não teve a chance de conquistar aquilo que sempre quis por causa de Gareth. E seu pai tinha dívidas com o meu, e isso é algo que acaba sendo passado de gerações para gerações, você sabe? Caso não consiga cumprir com o que prometeu, será a vez de Edwin. – O mais velho aproximou-se do outro homem que o encarava friamente, entregando-o a bebida – E tenho certeza que você não quer ver Edwin tendo que pagar pelo preço de alguma coisa que ele não cometeu, afinal você não quer que seu filho tenha o mesmo destino que você foi obrigado a ter, estou certo? – Terminou sua frase, e bebericou um pouco do conteúdo que havia em seu copo – Então eu preciso que comece a compartilhar comigo tudo o que você sabe sobre a Welsbury Publishing Company, porque a solução de todos os meus problemas, a honra do meu pai e sua chance de vida estão lá.

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Dulles International Airport, Washington DC, 15th August, United States of America

Kylee e Eric deixavam a área de desembarque do aeroporto sentido a nostalgia os tomar por completo ao sentir o frescor de Washington encontrar suas peles, eles caminhavam junto de Aaron Hagget em direção ao carro que fora atribuído para que todos se direcionassem à CIA onde teriam detalhes mais específicos sobre o que houve em Doha, a Agente Tonkin já os aguardava com algumas informações que Kylee pedia aos céus para ser de alguma ajuda e enquanto adentravam o carro sentiu o olhar de Hagget em sua direção, arqueou a sobrancelha em claro sinal de confusão e impaciência esperando que o mesmo falasse alguma coisa.
– Seria muito indiscreto da minha parte caso eu perguntasse o motivo de Christopher ter decidido levar Edwin para uma viagem de negócios? – A loira sorriu fraco e negou com a cabeça tentando pensar em como responder algo que até ela se questionava as vezes por não ter razões completas –
– Ele me disse que sentia falta de Edwin e eu não duvido disso. Ele havia ficado dois meses e meio fora representando a empresa e acabou por perder alguns acontecimentos do pequeno, ele disse que eu não entenderia porque eu era presente em tudo o que relacionava Edwin e que ele precisava de um tempo de pai e filho, eu tentei argumentar algumas vezes dizendo que ele perderia dias na escola e talvez até se sentisse perdido no meio de um país com pessoas tão diferentes mas não obtive sucesso. E também não poderia negar isso à Christopher, e quando eu olhei para o rosto do meu filho contorcido de saudades ao ver o pai chegar sem saber que o mesmo iria viajar para longe por mais alguns dias me fez recuar e não encontrei motivo nenhum para me opor contra o que ambos queriam. – Kylee suspirou, enquanto encarava o céu que já escurecia do lado de fora do vidro do carro – Agora eu me arrependo.
– Você não tem que se culpar, Ly. – Eric disse, franzindo o cenho em direção à irmã – Você não fez parte do que aconteceu e não nasceu com o dom de prever o dia seguinte, seja lá o que a gente descubra você tem que colocar dentro da sua cabeça e do seu coração que a culpa não cabe a você.
– Eu não me culpo, Eric. E eu sei que eles estão bem, alguma coisa dentro de mim diz isso e eu não consigo ignorar. Izzy pode estar com laudos médicos com o nome de ambos e mesmo assim eu vou exigir ver com os meus próprios olhos. Eu quero entender, Eric. Mais do que só descobrir onde eles estão, porque eu sei que eles estão em algum lugar, eu quero ser capaz de compreender o porquê.
– Todos sabem o porquê, Kylee. Defesa palestina feita pelo Islã em um país inerme para chamar mais atenção. – Aaron disse, em um tom claro e a loira acenou em confirmação mostrando que sabia daquilo –
– Exatamente, Hagget. Defesa palestina feita pelo Islã em um país desprotegido junto com uma carta convocando um dos meus melhores representantes internacionais à comparecer no Centro Empresarial de Doha para negociações filiais ironicamente no mesmo dia em que a merda resolve acontecer, terminando com meu filho e meu marido não sendo encontrados ou identificados no meio dos sobreviventes ou pessoas mortas.
– Você está insinuando que o Islã armou um ataque contra o seu marido, Kylee? – Aaron riu sarcástico, e encarou Eric que tinha a mesma impressão descrente em seu rosto – Isso é impossível, o Christopher ao menos tinha envolvimento com esse tipo de gente? Ele fazia parte de alguma seita religiosa antes de vocês se conheceram ou algo similar a isso?
– Não que eu tenha por conhecimento. – Ly deu de ombros – E não estou insinuando que o Islã quer acabar com a minha família, mas também não posso descartar as coincidências que de alguma forma me levam pro mesmo pensamento e eu tenho certeza que você, assim como qualquer um que juntar todos os fatos vão chegar a pelo menos minimamente, considerar essa opção.
– Bem, caso você esteja certa então temos um grande problema pela frente, não? – Hagget comentou, e Kylee o encarou sorrindo –
– Sim, um problema do qual eu estou anelando resolver.

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