❌Capítulo 5❌

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"From this moment
You will never be alone
We're bound together
Now and forever"

Aftermath- Muse 


Cora

2011

"Quem me dera ter um marido assim, que eu acordasse e tivesse o pequeno almoço na cama" eu disse à minha mãe.

"Isso só depende de ti filha." Ela respondeu-me.

Entrámos no supermercado e eu tirei um carrinho para por as nossas compras.

"Depende de mim como mãe?" Eu questionei à minha progenitora, realmente confusa.

Fomos até ao corredor dos cereais e a minha mãe pôs duas caixas de Ceerious no nosso carrinho.

"Depende de ti, se souberes escolher com quem ficar." Ela respondeu-me "Um homem rico, com cultura, que te dê prendas, bonito...que os pais tenham pastel..."

"Mas isso é ser interesseira mãe" disse lhe enquanto tirava um frasco de nutella da prateleira.

"Não filha, podes juntar o útil ao agradável. Gostas dele e ele tem estas coisas todas. Só não faças como eu que escolhi um pé de chinelo e nem gosto dele." Ela aconselhou.

"Às vezes parece que a culpa é minha" eu disse baixo.

"Sentes-te culpada filha?"ela veio até mim.

Eu apenas assenti que sim com a cabeça.

"Filha, tu não tens culpa, não pediste para nascer."


2014


Não sei se estou bem vestida ou não. Mesmo se eu tiver bem vestida, ao pé de outras raparigas não estou portanto isso não me interessa muito.

Como as pessoas dizem "as pessoas gordas não merecem viver"

Já pensei em acabar com a minha vidinha muitas vezes, mas não tenho coragem não sei porquê, as pessoas não iam ter pena nenhuma.

Saio de casa, tiro os fones do bolso do meu casaco verde de tropa e coloco-os nos meus ouvidos. Eu adoro mesmo ouvir música, parece que não estou cá quando oiço. Estou a ouvir Muse, a Aftermath, que para mim é uma das melhores musicas deles. 

Faço o meu caminho habitual para a escola mas sem querer, por ser uma burra que se distrai com cada nota e cada acorde que soa no meu ouvido, choco contra um rapaz bem mais alto.

Rezo para não ser um daqueles engraçadinhos que gozam comigo.Ele olha para mim para mim com um sorriso nos lábios quando eu percebo que é o rapaz que me ajudou na aula de educação física.

"Bom dia, linda" o rapaz diz-me, simpático.

Ashton...

"B-bom dia, e desculpa, n-não fiz...."

"Ei, tem calma, está tudo bem " ele sorri-me.

Relaxei levemente quando ele me assegurou tal coisa.

"E-eu vou andando" eu disse-lhe  apressadamente.

"Vais para a escola?"ele perguntou-me.

Eu apenas assenti com a cabeça e comecei a caminhar novamente.

És tão antipática com o rapaz...Não te chamei, subconciente merdoso.

Ouvi-o a andar atrás de mim mas não fiz nada, apenas segui o meu caminho

"Sabes que eu só quero o teu bem? Só te quero ajudar. Se pensas que estou a fazer tudo isto para te magoar, lamento mas estás enganada"

Acho que ele sabe as dificuldades que tenho em falar com as pessoas, com todas as inseguranças e tudo mais e mesmo assim ele pressiona. Ele não me é nada, nem sequer conhecido por isso.

Não lhe respondi e acelerei o passo, só para não o ouvir mais.

"Eu não vou desistir assim"ele diz baixo mas eu ainda o consigo ouvir.


****


A aula de física-química está a ser simplesmente uma grande seca dos diabos.

Porque que temos de andar tanto tempo à escola? Eu sei, temos estes anos todos para aprender para a idade adulta, para ganhar responsabilidade e para adquirirmos muitos mais conhecimentos, mas pah, é chato com tanta matéria que damos para nada.

Eu desenho todas as aulas nos meus cadernos, os professores nem dizem nada, na verdade eu nem sei se eles sabem que eu estou na aula deles. Em todas as aulas eu fico sempre nas mesas do fundo, onde ninguém olha. É só isso que eu quero, que me deixem em paz e sossego. O pior é que agora tenho o rapaz de cabelos encaracolados na mesa ao lado a olhar para mim. Já me está a assustar, mas eu não vou falar com ele. Ainda não...

De um momento para o outro sinto o seu olhar a pousar no professor e finalmente fico descansada, continuando a desenhar não sei bem o quê, borrando o desenho com o dedo.


Ashton

Eu quero realmente ajudar a rapariga de lindos olhos castanhos, mas ela não facilita nada. Cada vez que eu me tento aproximar, ela afasta-me como se eu tivesse algum tipo de doença. Bem, talvez eu esteja a andar muito rápido mas...eu só quero mesmo ajudá-la.

Vejo que ela está incomodada com o meu olhar que se encontra por cima dela, então, olho para o professor, que está a falar de equações químicas. Eu entendo bem desta matéria, por isso finjo apenas que oiço o que ele está a explicar.

Como se ninguém não soubesse resolver uma.

Pego na minha caneta preta e começo a escrever no meu caderno. Tenho estado a pensar em escrever uma musica e que agora tive algumas ideias acho a oportunidade perfeita. Escrevo tudo e apanho agora, os olhos dela a mirarem todos os meus movimentos. Cada palavra que eu escrevia, cada músculo que eu mexia, ela olhava... 

Não me incomodava, apenas por ser ela. Porque tenho quase a certeza que eu e ela não somos muito diferentes no que se trata de personalidade, gostos e muitas mais coisas.

Hei-de-lhe provar isso.





Your Bed [A.I]Onde histórias criam vida. Descubra agora