Your Bed [A.I]

❌Capítulo 7❌

"That cut like a blade
In a city of fools
I was careful and cool
But they tore me apart like a hurricane"  

Therapy- All Time Low

Ashton

Fiquei sem reação...tenho mesmo de ajudá-la.

Olhei para os seus olhos e reparei que se estava a formar uma lágrima num deles que logo depois vi a escorrer pelo seu rosto perfeito e com delicadeza, limpei-a com o meu dedo relativamente grande, ao pé dela.

"Cora...não devias sentir-te assim sabias? Tu és espectacular" eu sussurrei-lhe e acariciei a bochecha dela que logo ganhou alguma cor.

"Ninguém acha isso Ashton...eu sou horrível, gorda e...e as pessoas gordas não merecem viver...como eles dizem"ela sussurrou-me de volta, com a voz assustada.

"Não digas isso Cora, tu és a rapariga mais linda, mais perfeita que eu já vi, e gostava de ter a oportunidade de conhecer, em toda a minha vida"eu tentei consola-la, mas na verdade, eu estava a ser sincero. "Posso contar-te uma história?"

Ela apenas me olhou nos olhos e assentiu com um olhar tão sereno, tão puro que eu quase fiquei louco.

"Entããooooo...Um dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, foi ver um tal Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao ver o Mestre, a beleza e o encanto fez com que samurai se sentisse repentinamente inferior. Então ele perguntou ao mestre o porquê de se estar a sentir inferior, sabes o que é que o Mestre fez?" eu fiz uma pausa na história para a pequena pergunta à pequena rapariga que estava ao meu lado.

"Mandou o Samurai para a merda?"ela sussurrou e tentou rir.

"Podia ser maaas, não"ri baixinho com ela"Ele levou o Samurai para um pequeno jardim, ao lado da sua casa e disse:"Olha para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior 'Por quê me sinto inferior diante de ti?' Esta árvore é pequena e aquela é grande- esse é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."  "eu citei a história que me foi contada tantas, mas tantas vezes pela minha mãe...sei-a de cor.

"Mas elas não se podem comparar Ashton"Cora argumentou contra a minha história.

"Foi exatamente o que o Samurai disse, mas sabes... quando tu não comparas, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Tu és o que és e simplesmente existes. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, o canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer grande orador, pois o mundo será menos rico se esse canto desaparecer. Simplesmente olha à tua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade , ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é mais bonito ou feio, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Tu és necessária e basta. Na Natureza, o tamanho não é diferença. Toda a gente tem o seu lugar no mundo. Tu vais encontrar o teu, tal como eu, Cora"eu sorri-lhe.

Recebi um pequeno, mas doce sorriso da parte dela.

"Obrigada Ashton" ela sussurrou-me a sorrir.

"E sabes...podes confiar em mim, para falar, para rir, para chorar...tudo, okay?" eu tomei coragem e disse-lhe.

"Okay."ela disse-me a sorrir e a morder o lábio ao mesmo tempo.

Abracei-a, era a única coisa que eu queria fazer agora...tê-la finalmente comigo.

***

Cora

Já estamos no jardim à mais de uma hora e não me farto. Consegui esquecer muitos dos meus problemas, muitas das minhas inseguranças e isso é tão bom...

Estamos a ouvir Therapy dos All Time Low e ele não pára de olhar para mim.

"Adoro esta música" ele sussurra-me e olha para as minhas mãos.

"Eu também...ajuda-me muito às vezes" sussurrei-lhe de volta.

Puxei as mangas da minha blusa para baixo pois senti que já se estavam a ver as minhas amigas, as cicatrizes de ontem, de antes de ontem e todos os dias. Não me orgulho mas...mas preciso de o fazer.

Reparei que Ashton estava a olhar para o que eu estava a fazer, e logo recebi a minha confirmação.

"Tu...tu fazes...tu fazes o mesmo que eu certo?"ele sussurrou e logo o olhei confusa.

"O que é que tu fazes?"sussurrei-lhe de volta.

"Isto" ele respondeu e puxou a manga do seu braço esquerdo para cima, muito lentamente, revelando todas as suas cicatrizes. Tal como eu...uma por cima da outra, como eu. Eu não soube o que dizer.

"Desculpa se..."ele desculpou-se pondo a manga bem novamente.

"Ei, eu sei o que isso é Ashton...não te preocupes, eu sei o quanto é difícil" sussurro-lhe, olhando-o nos olhos.

"Tu...tu fazes regularmente?" Ele perguntou obviamente "curioso".

"Todos os dias" respondi-lhe quase num sussurro.

"Eu também" ele sussurrou.

Peguei na sua mão, entrelacei os nossos dedos e apertei-a com alguma intensidade, para de alguma forma tentar dar-lhe alguma força, que eu nem tenho para mim.

"Acho que nos vamos dar bem" eu sussurrei-lhe meio a sorrir.