Who am I

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 meus olhos, eu continuava ali sentada, abraçando os joelhos contra o corpo. Quanto mais eu me perguntava onde a Camila se encontrava a briga de horas atrás voltava em minha mente.

"Não vou chorar, não posso"

Pensei assim que as primeiras lágrimas desceram por meus olhos. Me levantei bruscamente, peguei um copo na mesa de centro, a garrafa de whisky na cozinha, cigarros e um isqueiro e fui para varanda dos fundos da casa. A mesma em que eu estava ontem a noite fumando e tomando coragem para partir e nunca mais ter de olhar para aqueles olhos castanhos que me tiram do serio. Virei um copo energicamente, não me importei com o mal estar nem com nada do tipo, acendi um cigarro e fiquei observando a forte chuva que caia do céu escuro que hora ou outra ia sendo iluminando por relâmpagos. Os trovões faziam o vidro da porta atrás de mim tremer, as folhas das grandes arvores que dominavam o horizonte balançavam com o vento frio. Mas eu permanecia ali inerte, meus pensamentos em Camila, o copo em uma mão e o cigarro na outra e dentro de mim eu travava uma batalha contra a razão e o desespero.

Passou-se uma hora e meia quando ouvir o barulho da companhia saltei imediatamente, meu corpo já estava um pouco leve por conta do álcool. Sai em disparada em direção a porta ao abri suspirei frustrada ao ver o mesmo funcionário de horas atrás.

- Oi! O Sr. Cabello pediu que para que eu lhe avisasse que vamos até um vilarejo vizinho procura pela fi-filha de vocês e fica um pouco longe e-e com essa chuva nã-não sei se vai dar pra voltar ainda hoje. A gente tem certeza absoluta que pela região ela não esta então só sobrou lá. – o rapaz completamente ensopado falou, fitando o chão timidamente.

- Essa porra de vilarejo fica quanto tempo daqui? – praticamente gritei com o jovem.

- Nã-não sei não senhora.

- Inferno... – xinguei jogando a porta.

Um desespero ainda maior tomou conta de mim, eu precisava bota-lo para fora. Fechei os olhos com força para não chorar, com as duas mãos peguei uma das mesa de centro que enfeitava a sala e a arremessei contra a parede. Pedaços do tampo de vidro e dos porta-retratos se espalharam pelo chão. Ainda em fúria virei a outra mesa que estava sobre o tapete, o jarro de flores que estava sobre ela se quebrou assim como sua lisa superfície também de vidro. Eu não parava de gritar um segundo, minha garganta ardia a cada grito desesperado

- EU NÃO POSSO CHORAAR

Continuei minha trilha de destruição, quebrando tudo de vidro que encontrava pela frente. Minha visão estava curta, quando cheguei a parede comecei a desferir socos na superfície dura sem me importa se meus pulsos sangrassem eu só queria não chorar, queira não sentir o desespero que habitava meu interior desde a hora que estávamos eu e ela dentro daquela cozinha. Depois de descarregar o desespero, agora abatida e cansada voltei para varanda, se a porta de vidro já não estivesse aberta eu a derrubaria para atravessa-la.

A chuva continuava forte, assim como o barulho alto que ela fazia ao tocar o chão e as folhas das enormes árvores que contornavam todo o haras. Enchi mais um copo de whisky com a intensão de vira-lo, porém parei quase que subitamente ao ouvir um relincho vindo da mata cerrada a alguns metros de mim. Através da forte luminosidade de um relâmpago vi Cece, a égua em que Camila e Sofi galoparam mais cedo, correndo desesperada e sangrando em direção ao estabulo, sob sua cela havia enganchado o leve casaco de lã que Camila usava na cozinha quando brigávamos. Meu coração agora martelava no peito, em fração de segundos já havia largado tudo e invadido a forte chuva.

Sem controle sobre mim corri seguindo a trilha estreita por onde a égua havia surgido da mata, a escuridão não me incomodava, meu coração batia tão rápido a ponto de fazer minha visão vibrar. As gotas pesadas que caiam sobre mim de nada influenciavam na minha corrida frenética, meus coturnos pretos afundavam na lama. Tudo o que passava pela minha cabeça era Camila e era seu nome que eu gritava desesperadamente a espera de uma resposta. Não forá mais de cinco minutos de uma desesperada e agonizante corrida por aquela trilha esguia completamente escura e encharcada que eu ouvi seu grito de resposta vindo dentre as arvores a minha esquerda.

A Madrasta - CamrenWhere stories live. Discover now