"A alegria evita mil males e prolonga a vida." - William Shakespeare
Era manhãzinha o galo estava cantando pela segunda vez, eu me levantei da cama fazendo um enorme barulho pois ela era de mola, fora ainda ser dura e o colchão fino demais.
Eu durmo no porão que apesar de sujo, empoeirado e cheio de ratos era confortavelmente... Confortável. No chão acima de mim a madeira velha e quase podre me fez ouvir um barulho de passos... Pelo estrondar eu concluí que era Irmã Norma, segurei o riso e me adverti mentalmente devido a tal pensamento. Me adiantei apressada e peguei o único vestido que tinha, todo surrado que já nem servia mais em mim a alguns anos mas era o único que tinha e eu me sentia bem com ele. Respirei fundo me encarando no espelho, o meu longo cabelo desgrenhado se estendia pelos meus ombros e costas como uma cascata escura e preta, meu rosto tinha algumas manchas de sujeira da fuligem do fogão no qual trabalhei a noite passada limpando, minha pele era pálida e meus olhos num tom verde claro pareciam assustados com alguma coisa, depois de uma breve análise de mim mesma... Subi as escadas de madeira fazendo um certo barulho, virei a maçaneta e quando abri a porta dei de cara com a irmã Delfín que estava com a mesma cara feia de sempre. Ela era velha tinha a pele enrugada, o corpo raquítico demais e as sombrancelhas esquisitas além de uma franja que lembrava uma cebola, seu cabelo era inteiramente branco só que era escondido pela roupa de freira só deixando a mostra a franja horrorosa.
- Menina não tem vergonha de acordar a está hora? Essa é hora de acorda? Já são quase seis da manhã e você acorda a está hora?! - Irmã Delfín disparou e me olhou de cima a baixo com um olhar repreensível.
Eu olhei de imediato para baixo encarando o chão enquanto ela me repreendia, hoje havia acordado apenas vinte minutos mais tarde.
- Perdão irmã, eu só quis dormir mais um pouco. - Eu respondi em voz baixa.
- Ah menina peça perdão a deus! E aqui não é casa para preguiçosos, preguiça é pecado sua pirralha.
Ela me olhou com o olhar fuminando de raiva, não entendia o porque ela me odiava tanto.
- Que deus nos ajude - Irmã Delfín diz e ergue as mãos pro céu.
Ela se virou e saiu andando pelo corredor subindo as escadas e indo até a parte digamos mais "Superior" do orfanato. Eu esperei ela ir e ergui a cabeça, espiei os dois lados do corredor e sai correndo subindo as escadas que os empregados usavam pra subir até o andar onde as crianças dormiam. Entrei pelo quarto pulando e abri as cortinas para acordar as crianças, algumas delas se levantaram de imediato outras demoraram ou então nem se mexeram.
- Loretta! - Evelyn grita de alegria.
A pequena garota sorri enquanto segurava sua boneca de pano que eu havia feito pra ela, consegui esse feito roubando os panos em grande maioria das roupas das freiras, claro que fiquei dois dias trancada no porão e ainda sem duas refeições e tive que encarar o orfanato inteiro pra lavar, passar e varrer até o estábulo, mais valeu a pena pra ver aquele sorriso lindo que ela tinha.
- Olá Minha princesa. - Sorrio e me ajoelho.
A abracei bem forte, ela era linda uma verdadeira boneca, a pele era branca bem branca mais não uma cor pálida mais sim uma cor mais viva, os olhos azuis tão claros que fazia a gente se perder neles, o cabelo tão loiro que chegava a ser parecido com a luz do sol e o sorriso de encantar qualquer um. Ela tinha oito anos, tinha ficado órfã pois a mãe havia se matado, quando descobriu que o marido à traia com a condessa de Sibiu que visitava Sighişoara de vez em quando para encontra-lo.
Era uma pena que ela nem sequer pensou em como seria deixar essa pequena para trás, mas há boatos que ela estava louca e sem razão nem consciência do que fazia, um ano depois a condessa engravidou e o pai da Evy a deu para o orfanato para ficar com o filho homem que havia nascido.
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Série Era uma vez - Tocada Pela Lua #1
Ngẫu nhiênNo ano de 1471 na antiga Transilvânia durante a ameaça de guerra e instabilidade entre os turcos, uma jovem chamada Loretta se encontra presa em um orfanato desde seu primeiro ano de vida, as freiras dizem que sua mãe a abandonou e que não havia ras...