Capítulo 12 - Vlad *

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Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos — Jesus Cristo

Minha menina... Ela não está morta... Eu sei, eu sinto. Ela não pode estar. Ela tem que viver!

Eu caminhei em silêncio, com o seu corpo nu e coberto de sangue pela floresta, a passos lentos, assim seguindo até a clareira repleta de corpos cobertos de sangue e vestígios da guerra. Até finalmente chegar ao castelo Drácula, castelo esse que ela devia ter sido criada. Ensinada... Nessa fortaleza magnífica de dezessete andares e repleto de centenas de cômodos por andar, se o que hoje chamamos de vilas, aqui em um andar se tinha uma por completa.
Mas infelizmente perdi a chance de ensinar a ela sobre o seu próprio poder, isso me foi tomado! Por eles.
Eu entrei no castelo, de cabeça erguida, meu rosto rígido e sem expressão alguma e os demais vampiros que circulavam aflitos com roupas de guerra pararam, mulheres bebendo taças de sangue fresco ou tomando direto da fonte do pescoço de algum humano qualquer, todos eles pararam o que estavam fazendo. O silêncio pesou por um minuto completo, até o meu braço direito responsável pelo exército, se abaixou se curvando perante o corpo em meus braços... Todos fizeram o mesmo e eu olhei pro rosto da minha menina, ela estava coberta de sangue, suor e terra. Os lábios tão secos e o corpo completamente sujo...
Eu andei em meio a vários vampiros em sinal de reverência a nós dois e parei em frente a uma em especial, a criatura que me era de maior confiança. O sangue do meu sangue.

— Quero que leve o corpo dela, e o prepare. Use o melhor vestido que houver nesse castelo... Quero ela sendo digna e fazendo jus ao que ela deveria ter sido.

— Sim, irmão...

A mulher de vestes vinho cabelo tão preto quanto as trevas e olhos vermelhos assustados pegou o corpo de minhas mãos, e tomou-lhe em seus braços subindo as escadas sem menor esforço em levar sua sobrinha.
Nós vampiros tínhamos uma força inigualável, equivalente ao de cem mil homens, então era de tamanha facilidade certas coisas para nós.

— Meu rei...

Eu me virei e Traim o homem responsável pelo exército de vampiros andou em minha direção parando e ajoelhando em minha frente.

— As raças... Já sabem. Acham que o senhor esconde a verdadeira herdeira, pelo fato da menina não estar viva agora. Eles marcham contra o senhor, declarando guerra contra a casa dos vampiros.

— Todos nesse castelo sabem que ela é a minha verdadeira filha.

— Senhor... — Ele hesitou, escolhendo melhor as palavras — Há murmúrios, aqui dentro. Acreditam que está mentido ou foi enganado. E a menina não é sua filha, se não...

— Se não o que? Ela teria sobrevivido ao ritual? Ainda é cedo pra declarar isso.

— Ela já devia ter despertado...

— Nem mais uma palavra, esse castelo tem ouvidos, principalmente aqui. E sei que vocês prestam atenção nessa conversa seu bando de sangue sugas famintos.

Olhei em volta dizendo em sussurro aonde vários vampiros olharam pra baixo ou disfarçadamente tentaram disfarçar que prestavam atenção na conversa.

— Já não é o bastante eu dar um lar pra vocês! Acolher vocês! Dar a vocês estoques e mais estoques de sangue! Quantos humanos circulam nesse castelo servindo a fome insaciável de vocês!? Quantos!? Milhares?

— Meu rei...

— Calado Traim. Se o seu Rei diz que aquela é a híbrida ela é! — encarei o restante totalmente furioso — Tolos... Eu já não dei tudo a vocês!? Já não dei séculos e mais séculos da vida que vocês tanto procuraram!? Voltem aos seus postos e afazeres. Quero todos prontos para marcharem no campo de batalha contra os lobos, feiticeiros e seja lá o que diabo mais vir. Fui claro?!

Série Era uma vez - Tocada Pela Lua #1Onde histórias criam vida. Descubra agora