Livro "Convites de Deus para você"

26º Convite: seja tolerante consigo e com os demais!

Este capítulo ficou um pouco longo, mas é imprescindível que você leia até o final, com muita atenção e medite sobre este tema. A intolerância, seja qual for a área em que se manifeste, é a grande vilã que tem incendiado relacionamentos, famílias, impulsionado guerras, brigas e confusões por toda parte.

Por conta da intolerância religiosa, acompanhamos, com grande pesar, as notícias sobre o grupo extremista intitulado "Estado Islâmico", o qual assassinou milhares de seres humanos, por não pensarem como eles. No passado longínquo, lamentamos a Grande Inquisição, liderada pela igreja Católica, a qual exterminou os cristãos protestantes e outros que não professavam a mesma fé. Instigado pela intolerância, vimos Hitler liderar um massacre contra os judeus e outros grupos, visando manter a hegemonia ariana, pois ele considerava que os alemães puros eram uma raça superior. Em 2015, ficamos estarrecidos com um assassinato em massa, em uma igreja no Sul dos Estados Unidos, motivado pela intolerância racial. Pelo simples fato de torcer por times de futebol diferentes, pessoas espancam e chegam até a matar. Seja qual for a área em que ela se instale, a intolerância destrói de dentro para fora. Por isso, hoje, refletiremos sobre a intolerância no âmbito pessoal.

Não sei se você leu o 5º convite "Ame-se e valorize-se, como o ser único que você é....", ali expus uma limitação que tenho: Não sei nadar e luto contra o medo de me afogar, não era este o tema central da mensagem, disse isso quando falava do Nick que, apesar de não ter pernas e braços, nada muito bem e isso me motivou a entrar nas aulas de natação. Pois bem, entrei na aula e comecei a fazer natação. Tem sido desafiante; quase me afoguei, quando criança, mas não que seja isso a me impedir de nadar. Sempre cito Jean Paul Sartre, pois não importa o que fizeram com você...Não é o meu trauma que me impede de dar belos mergulhos, braçadas contínuas, sem recorrer ao corrimão da piscina. O que me impede é o medo que abriguei, ele que bloqueia meu desempenho e me faz ver a piscina não como um lugar destinado ao aprendizado, ao prazer, mas, sim, como uma ameaça. O medo, como já disse em convites anteriores, torna nossos gigantes maiores do que o são e amplia as vozes deles dentro de nós. Mas, como já disse no capítulo anterior, as atitudes, exemplos, palavras que as pessoas emitem são sementes que podemos aceitar dentro de nós ou não. O exemplo de Nick me inspirou a vencer o poder do medo em minha mente, aceitei a semente de motivação que ele lançou.

Agora eu te pergunto: O fato de eu ter medo de nadar me torna uma pessoa pior, aos seus olhos do que outras? Deixa eu colocar de outra forma, sou uma pessoa inferior as demais, menos cristã, menos "santa" aos seus olhos, porque tenho esta limitação? Você deixou de ser abençoado lendo os capítulos anteriores, porque descobriu que luto contra o poder do medo em minha mente? Mas e se minha limitação tivesse outro nome? Talvez, um defeito que esteja em sua lista negra de erros intoleráveis? Talvez, este meu "problema" não seja "problema" para você, mas muitas pessoas tem uma dificuldade enorme em tolerar as limitações das outras, então lhe pergunto: Por que será que isso acontece? As respostas para tais indagações estão em todos os cantos que você olhar: nas redes sociais, na mídia, no seu trabalho, no seu círculo de amizade...Normalmente, alguém que é intolerante com o outro é incapaz de tolerar a si mesmo; vive uma alegria de "selfs", usa máscaras de alegria para ocultar suas tristezas e frustrações, usa uma couraça de santidade para esconder seus pecados, um "pecadômetro" para medir os erros dos outros na tentativa de se esquecer dos próprios erros, um complexo de inferioridade que se disfarça massacrando os demais, na tentativa de se sentir superior...E tudo isso por quê? Porque não conseguem ser quem realmente são, vivem uma farsa, se tornaram em uma mentira na qual eles tentam acreditar ...

Tais pessoas, quando se deparam com a verdade dos outros, com a espontaneidade com que revelam seus medos, seus traumas, dificuldades, quando enxergam a simples humanidade dos demais, eles rejeitam como uma forma de defesa às suas próprias inverdades.