Deny . Meu Brother

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Acordo com uma baita dor no pescoço, por ter dormido sentado. Passo as mãos em volta e percebo a ausência da minha mãe. "Já Acordou" penso. Sinto um cheiro vindo da cozinha e sei que ela esta preparando o café. De repente lembro que não tomei banho, subo as escadas correndo direto para o banheiro. Tomo uma ducha quente sentindo-se aliviado como se todo um peso tivesse ido embora com água. Desligo o chuveiro, pego a toalha me seco e logo em seguida me troco. Não preciso me preocupar com cabelo porque nesse exato momento está me faltando.


Vou ao quarto e pego minha mochila. Está quase na hora de voltar para a "escola" desço as escadas e vou direto para a cozinha.


- Ovos Mexidos? - digo.


- Bom Dia! - responde minha mãe - temos cozidos se preferir.


- Não! Aceito os mexidos mesmo obrigado - agradeço.


- Por Nada - responde - porque dormiu no chão?


"Ela não se lembra de nada"


- Por quê? Você não sabe mesmo? - pergunto.


- Não, nem sei porque dormi no sofá - responde sorrindo.


- Você estava bêbada, na verdade estava desmaiada no sofá - digo olhando para ela - porque bebeu?


- Eu... Não sei - responde angustiada.


- Prometeu que ia parar - lembro-a.


- Disse que tentaria - respondeu. Sem olhar para mim.


- Tentaria? Mãe! Você tem que parar.


Ela se senta e não para de olhar o seu reflexão na xícara de café que está tomando.


- Eu tendo - diz. Deixando escapar uma lágrima de seus olhos negros.


- Não, não tenta! Sabe disso - respondo olhando em seus olhos, o que faz com que os meus se encham de lágrimas e consequentemente fiquem vermelhos - e por favor! Não chore.


- Não vou - responde.


Então ouço alguém bater na porta.


- Eu atendo - diz ela enxugando as lágrimas.


- Não! Eu já estou saindo, deve ser o Rapha, ele ficou de passar aqui - respondo


- Tudo bem Então - responde me dando um beijo no rosto.


Como de costume coloco meu capuz antes de sair e também pego minha máscara mas não há coloco no rosto. Caminho até a porta.


- Deny! Meu Brother - disse com um sorriso branco no rosto. Me abraçando logo em seguida - qual é? Estava chorando? Olho vermelho.


- Eu...Não, acabei de acordar - esfrego os olhos - nós vamos ou não a escola? - mudo o assunto.


- Claro que vamos mano - responde passando o braço pelos meus ombros.


- Então vamos!


Raphael é o meu amigo. Digamos o meu melhor amigo. Aquele que me apoiou o nas horas difíceis. Quando eu descobri que estava com câncer todos se afastaram não deram notícias e poucas amizades restaram. O que eu quero dizer é que amizades verdadeiras são poucas, ou até mesmo não existem. Todos te amam até você precisar deles. Com o Rapha foi diferente, ele é o meu Brother sempre me acompanhou nas seções de quimioterapia e também naquelas reuniões de alto ajuda que são realmente um saco. Quando pensei em desistir de tudo e simplesmente aceitar a morte, foi ele quem me deu mais forças pra seguir em frente. Eu poderia ter jogado tudo pro alto e parado o tratamento e morrer de uma vez porque não tinha ninguém que eu poderia fazer sofrer ou que sentiria a minha falta. Minha mãe beberia e viveria a vida numa boa mesmo sendo uma bêbada caída pelos cantos. Mas ainda restava o Rapha a pessoa na qual eu realmente encontrei forças para seguir, um amigo que estaria ali se eu precisasse mesmo se fosse os meus últimos momentos é por isso que somos Brothers.


- Você devia ter entrado na aula ontem! Serio - disse empolgado.


- Tá, mais o que teve de tão interessante? - pergunto


- Briga entre Anna e Heather - respondeu mais empolgado ainda.


- Não perdi nada de interessante então - digo.


- Há para de ser chato meu irmão, todos gostam de uma briga na escola - deu uma risada alta.


- É, nem todos. E eu já estava sabendo dessa briga. Josh e Sophia me contaram - respondi em quanto coçava o maxilar.


- Esses dois são estraga prazeres - disse. Rindo novamente.


Chegamos à escola e fomos direto aos nossos armários pegar uns livros e guardar outros.


- Cara sinceramente, eu não queria assistir nenhuma aula hoje - digo.


- Não só hoje como todos os outros dias Deny - respondeu - não esquece de pegar o de Química.


- Não vou.


- Não vai o que? - pergunta.


- Esquecer o livro - digo rindo da cara de assustado que ele fez.


Depois de irmos aos armários, caminhamos pelos corredores da escola - o Rapha fez questão de ficar zanzando pela escola - e fomos parar no bebedouro. Rapha todo dramático foi correndo tomar água.


- Que droga de água quente é essa? - perguntou Rapha.


- Eu não sei... E não me importo muito se água esta quente - retruquei.


- Que droga de escola é essa? Sua água esta gelada? - perguntou.


- Acho que deve estar um pouco - respondi jogando a garrafa de água para ele.


Eu sempre carrego uma garrinha de água mineral. Por ordens "medicas" eu não poderia tomar água da torneira. A água deveria ser mineral ou fervida. Assim como qualquer fruta ou comida que eu ingerisse deveria ser cozido ou bem passado no caso de carnes.


Enxugou a boca na manga cumprida do moletom e disse.


- Depois vou comprar outra pra você.


- Tudo bem.


Ouvimos o som do sinal e fomos caminhando devagar para a nossa sala. No meio do caminho vejo indo em direção a sala do temido senhor Davies. Anna e sua Mãe. Ela olha pra mim e sorri como se não estivesse acontecendo nada de mais. Olho de volta e ela acena dizendo "oi" então entra na sala do diretor.


"Boa Sorte" penso.











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