Capítulo sem título 7

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Acordou assustada com o barulho dos caminhões passando rente onde estava dormindo, porque para ultrapassar outros veículos eles tomavam a faixa do acostamento. Levantou e sentiu falta de um cafezinho, um pão ou mesmo de um pente para se assear, estava descabelada, amarrou o lenço na cabeça e recomeçou a caminhada.

Andou muito, já nem sentia os pés, precisava arrumar uma carona para levá-la mais rápido, ou pelo menos mais perto de São Paulo, mas sabia que seria difícil.

Não demorou e encontrou uma pequena cidade, parecia com o lugar de onde havia nascido. Entrou no vilarejo, suja, desarrumada, viu algumas mulheres sentadas em uma varanda de uma casa, e pediu auxílio.

- Bom dia. Estou viajando, poderiam me dar um copo de água?

- Sai fora, mulher, todo dia é a mesma coisa, gente e mais gente pedindo, também somos pobres, nem por isso saímos pedindo nada para os outros. Respondeu umas das mulheres na varanda.

- O que é isso tia, não é coisa que se faça com um ser humano. Disse uma jovem que também estava na varanda.

-Vem cá, dona, espera um pouco, descanse ali perto daquela árvore que vou pegar um lanche pra senhora, precisa perdoar minha tia, é que todos os dias as pessoas passam pessoas aqui pedindo ajuda, alguns até roubam nossas roupas no varal, por isso a gente fica preocupada quando aparece estranho por aqui, mas venha vou te dar alguma coisa.

Tomou um café, comeu pão com salame agradeceu a garota que a ajudou e pensou.

-Meu Deus do céu. Nasci pobre, casei mal e vivi mais pobre ainda, e agora estou aqui, suja, maltrapilha e mendigando comida e sendo humilhada por todos..

Com estes pensamentos, continuou sua caminhada.


Caminhante das EstradasWhere stories live. Discover now