Point of View - Normani Hamilton
— Eu venho pensando em uma coisa, DJ. – falei baixo enquanto marcava a página do livro que Dinah havia me dado alguns anos atrás. Era sobre invasão alienígena, e eu gostava muito, já havia lido inúmeras vezes. Fechei o livro e o deixei apoiado nas minhas pernas enquanto me inclinava passando o indicador pela mão de Dinah. Era o que eu mais fazia nesses dias, eu não sei... Esperava que de alguma forma ela apertasse minha mão como resposta. — Teve aquele dia que nós fomos ao boliche, foi a primeira vez que saímos juntas.
Fiz uma pausa e olhei para seu rosto. Era estranho pensar que não teria uma resposta, que ela não me olharia esperando que eu continuasse ou faria algum comentário me interrompendo.
— E eu fui de moto, e você estava com um medo infernal no começo. Primeiramente eu decidi ir de moto pra te impressionar, poxa, não é uma coisa qualquer. Eu gastei bastante pra deixar ela linda daquele jeito. – parei por um segundo e ri imaginando que Dinah iria rolar os olhos e me mandar namorar com a moto se ela era importante assim. — Eu errei nesse primeiro momento, sabe? Pensar que você ligaria para a moto. De certa forma você ligou, foi engraçado a sua cara de medo. Mas você é diferente das mulheres que eu estava acostumada, Dinah. Você estava mais interessada em mim, não nas minhas coisas ou no que eu poderia fazer. E foi uma sensação ótima quando senti seu corpo próximo do meu quando estávamos no trânsito. E eu lembro que eu te garanti algo, eu disse que... Disse que não deixaria você cair. E bem... Olha onde estamos agora.
Respirei fundo e passei o dedo pelas páginas brancas do livro.
— Eu queria ter te segurado, Dinah.
Minha vida estava uma loucura, faziam 3 semanas que Dinah estava aqui. Eu só ia para casa quando já estava bem tarde, saia da faculdade e vinha direto vê-la. E não havia tido uma mudança sequer no seu quadro. Eu não entendia isso.
Não fazia sentido algum.
— Normani. – depois de duas batidas na porta Jonah entrou. — Você precisa sair agora.
— Já? – ele assentiu.
— Tem uma moça lá fora, ela está pedindo informações sobre a senhorita Hansen disse que é próxima dela. – eu estranhei e peguei minha mochila guardando o livro. Dei uma última olhada em Dinah e acompanhei Jonah pelo corredor branco, agora tão habitual pra mim quanto o da minha própria casa. — Eu não sei se posso, só você e os pais dela estão autorizados pra esse tipo de coisa então, sinta-se a vontade para decidir.
— Obrigada, Jonah. Eu posso voltar amanhã, certo?
— Você pode, eu sei que não é da minha conta, mas você vai continuar vindo todos os dias? Sei que tem a vida ocupada e você sabe que eu vou te deixar informada sobre tudo. É notável o cansaço no seu rosto e...
— Jonah, com todo o respeito, eu não preciso da sua opinião ou da sua preocupação. Eu preciso que você me autorize todos os dias a entrar naquele quarto pelo máximo de tempo possível onde eu posso sentar naquela merda de cadeira desconfortável e ficar esperando por qualquer que seja o sinal de que Dinah irá acordar e me xingar por ter deixado que você cortasse um pouco do cabelo dela. Então, realmente não é da sua conta. (N/A: SLAAAY. Mentira, Mani rude da porra).
— Normani eu...
— Até amanhã, Jonah. – falei e me virei indo até a recepção.
As pessoas insistiam em me dizer o que eu precisava fazer.
— Você é a Normani, certo? Normani... Ha alguma coisa. – uma moça me parou na recepção. Ela segurou meu braço de forma meio incômoda para mim.
— Sim... Eu deveria te conhecer? – perguntei tentando soar o menos rude possível.
— A Dinah me falou de você. Nós... Morávamos juntas na França. Eu sou Brittany, aliás, não sei se ela te falou sobre mim, mas eu ouvi muito sobre você. – eu assenti, me lembrando de todas as vezes que ouvi falar da loira tagarela com quem Dinah dividia o quarto.
— Sim... – e então nós duas ficamos em silêncio uma olhando para a cara da outra sem ter o que dizer. — Eu tenho que ir...
— Não, quer dizer... Ninguém me disse nada sobre a Dinah, eu só soube que ela estava aqui. Eu pensei que talvez você pudesse me dizer.
— Acho que tudo bem. – ajeitei a alça da bolsa no ombro, ficando desconfortável. — Dinah sofreu um acidente, ela veio para o hospital, fez uma pequena cirurgia na cabeça e nós estamos aguardando.
— Ela não está acordada, não é? – neguei com a cabeça. A loira assentiu enquanto passava os dedos na barra da própria camiseta. — A Dinah estava tão animada com a ideia de voltar.
— Eu tenho mesmo que ir, Brittany.
— Muito obrigada por me contar. – ela disse e eu assenti e ficamos aquele momento sem ter o que fazer, no fim só nos viramos e seguimos cada uma por um lado.
Estava tarde e eu só queria me deitar na minha cama e tentar dormir até dar a hora de voltar.----
Acordei com as batidas insistentes na porta e fui tropeçando pelo caminho.
Nem vi quem era antes de abrir e lá estava Camila. Alejandro andou até mim e agarrou minha perna com força. Eu ri e o peguei no colo.
— Oi, Mila. – a puxei para um abraço rápido. — Cadê a Alex?
— Ficou em casa com a Lauren. – assenti e dei um passo para o lado a deixando entrar em casa. — Vim te chamar pra sair.
— Agora? Eu vou ir no hospital.
— Hoje é sábado e o clima está agradável. E eu acho que dona Milika vai passar lá.
— Eu prefiro ir, vou ficar um tempo lá.
— Normani, eu não queria te falar isso, mas...
— Mas o que, Mila? – perguntei observando Alejandro brincar na mesinha de centro da sala. — Eu vou lá todos os dias qual seria a diferença de ir hoje? Você já esqueceu dela? Acha que será legal quando ela acordar e ver que ficou sozinha o tempo todo? Ou você já desistiu?
— Eu não desisti ou esqueci da Dinah, Normani. Mas eu estou vivendo minha vida, ocupando minha mente enquanto todos os dias eu faço minha oração pra que Deus traga ela de volta, eu peço todos os dias pela minha melhor amiga, Mani. Não é só você que tem alguém importante no hospital, todos nós.
Fiquei em silêncio quando Camila acabou de falar. Alejandro estava a olhando um pouco assustado e ela estava com lágrimas nos olhos como no dia do acidente.
— Mila, eu... – queria me desculpar, mas ela me interrompeu e se sentou do meu lado.
— Eu sinto falta da Dinah, desde o momento em que ela se despediu de nós e começou a ir para aquele avião. E eu pensei que finalmente teria minha amiga de volta e nós iríamos conversar e voltar a fazer noites de pizzas... Eu entendo o que você sente, Normani, eu sinto o mesmo. Mas você não pode ficar assim, precisa fazer mais do que esperar.
— Eu não posso fazer mais nada, posso? – eu abri os braços e ela se jogou no meu colo. — Mila, me desculpa. Eu sei que não sou a única que sente falta dela, mas eu vou ir pro hospital. Se eu não for, não vou me sentir bem.
— Tem certeza? – eu fiz que sim com a cabeça. — Sabe que a gente prometeu pra dona Andrea que ia cuidar de você.
— Porque vocês fazem isso? – perguntei rindo.
— É isso que amigos fazem, eles se importam e cuidam um do outro. – ela beijou minha bochecha. — Se você vai para o hospital vou fazer um café da manhã pra nós três. Não quero que fique com fome.
— Obrigada, Mila.
— Não precisa me agradecer, só cuida do Alê porque ele não para.---
Sai da faculdade e fui para o hospital, hoje fazia um mês que Dinah estava no hospital. Ela havia apresentado pequenas melhoras, não muito, mas era uma ponta de esperança dado tudo o que havia acontecido.
Quando cheguei na sala de espera Brittany estava lá, lendo uma revista de moda qualquer.
— Oi. – falei me sentando numa cadeira próxima à ela.
— Hey, eu decidi vir aqui só pra saber das coisas...
— Você sabia que eu viria essa hora?
— Na verdade, não. Mas eu estava passando aqui perto, então decidi esperar um pouco. – eu assenti. — Os médicos não me dizem nada, sabe?
— Droga! – ouvi passos apressados pelo corredor e logo Jonah estava lá. — Graças a Deus, Normani. Você não chegou na hora hoje.
— Aconteceu alguma coisa? – perguntei me levantando, automaticamente nervosa.
— A Dinah. Ela acordou.
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State of Grace - Norminah
Storie d'amore"Uma alma gêmea é alguém cujas fechaduras coincidem com nossas chaves e cujas chaves coincidem com nossas fechaduras. Quando nos sentimos seguros a ponto de abrir as fechaduras, surge o nosso eu mais verdadeiro e podemos ser completa e honradamente...