Quase um Conto de Fadas - DEGUSTAÇÃO

Capítulo V - Noite de Horror

REVISADO

Cheguei em casa com a sensação de que tinha feito a pior coisa da minha vida! Confiei a noite que era para ser a mais bonita, a mais perfeita e inesquecível à alguém, que ao que tudo indica, só queria sexo e nada mais. E de quebra consegui um coração em frangalhos... porque me apaixonei pelo cara mais idiota que já conheci da face da Terra!

Nossa como fui estúpida! O pior de tudo é que realmente estava apaixonada e pensava nele o tempo todo... por mais que minha cabeça tivesse plena consciência de que ele me usou e estava me jogando fora, meu coração estava saltitante pela noite que tivemos. Os sentimentos e novidades que conheci através dele... Nunca tinha visto e nem tocado no membro de nenhum outro homem, e foi maravilhoso! Otávio é incrivelmente "bem dotado"! Só que quando parava para pensar no "pós transa" minha vontade era entrar e tomar um banho para tirar o seu cheiro que aliás, que cheiro maravilhoso!! Que ainda havia em mim e simplesmente apagar na minha cama.

Chegando em casa, percebi, que não seria possível... parecia que que meu sofrimento era pouco e teria mais coisas ruins reservadas para essa noite. Dei de cara com meu pai limpando a sala, que tinha comida espalhada por todos os lados. Instintivamente me ajoelhei junto a ele para ajudá-lo e perguntei:

- Pai o que aconteceu?

- O Pequena Lilly - o olhar mais triste que já vi nos belos olhos do meu pai - sua mãe... estávamos comendo quando ela começou passar muito mal e ao se levantar sentiu uma tontura muito forte e desmaiou levando com ela a toalha e tudo que tinha em cima da mesa.

- Meu Deus, pai! Porque ninguém me ligou? Porque não me disseram, voltaria correndo para casa! Onde ela está? Cade a mamãe, pai?

- Está la em cima, depois que ela desmaiou eu a acordei. A levei ao quarto e agora está medicada e dormindo um pouco.

Porque meu Deus, eles insistem em esconder tudo de mim!!! Está vendo, se meu pai tivesse ligado, poderia ter evitado essa catástrofe... poderia ainda ser virgem e teria tempo de ver quem o Otávio, de fato, era!

- Lilly você já faz tanto pela gente, desistiu de prestar a faculdade novamente por nossa causa, e não me diga que não estava preparada, porque eu sei minha filha, que foi por causa da doença da sua mãe e hoje estava tão feliz... nunca a vi assim e ainda sair com um rapaz! Não podíamos estragar sua noite como temos feito com sua vida de uma maneira geral. A propósito: quem é o sortudo que está conquistando seu coração? Que pai que tenho sido, não consigo cuidar de você?

Sortudo? Será? Conquistando meu coração ele realmente estava, mas acho que me fazendo de palhaça também... só consegui abraçar meu pai e chorar. Chorei com todas as minhas forças, chorei por tudo: pelos meus sonhos, pelo que deixei Otávio fazer comigo, pelo meu pai que estava esgotado de ver os altos e baixos de minha mãe, e por ela que estava morrendo... sei que estava morrendo, ninguém me conta o que tem ou eles realmente não sabem, mas se continuar, assim vai morrer.

- Ah pai, nada é mais importante pra mim do que o bem estar de vocês!! - Eu sei querida, mas me conta, quem é esse rapaz meu bem?

- Não fique bravo ou surpreso... estou ou estava, não sei ainda... saindo com Otávio.

Os olhos dele estavam arregalados e estava assimilando ainda a informação.

- Filho do Richard? Meu chefe? - Ahhh não o olhar dele era de reprovação e tudo que eu não precisava essa noite era um sermão ou uma bronca do meu pai.

- Sim...

Não consegui olhar em seus olhos, dito e feito! Ele pronunciou um belo sermão de que éramos de classe social diferente e blá blá blá... o que marcou e lembro bem, foram suas últimas palavras:

- Ele todo dia aparece com uma garota diferente, minha filha, o pai dele já ameaçou a tirar todas suas regalias por conta de suas atitudes irresponsáveis, tome cuidado...

Tarde demais para você me dar essa preciosa informação, mas tenho fé que serei a única na vida dele agora, preciso acreditar nisso...

Quando estávamos terminando de recolher a sujeira toda que estava pelo chão da nossa sala, escutamos um grito vindo do quarto e um barulho de algo caindo. Nunca subi aquela escada na velocidade que subi naquela noite. Só conseguia pensar que minha mãe precisava de mim. Quando cheguei no quarto, ela estava lá, caída, desmaiada com sangue saindo do nariz, na hora gritei, mas gritei tão alto!!

- MÃEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

Ligamos para a ambulância e fomos para o hospital, mas antes, quando saímos para pegar o carro e acompanhar a ambulância vi que Otávio estava encostado na árvore me observando, nem liguei, não tinha cabeça para ele naquela hora, porém no caminho para o hospital não conseguia parar de pensar o que ele estaria fazendo ali. Será que se arrependeu da maneira como me tratou? Ao mesmo tempo eu olhava para meu pai que estava tão preocupado e falava baixinho - Deus eu não quero e nem posso perdê-la, me ajude. Aquela situação partiu meu coração... me senti impotente, não havia nada que eu ou meu pai pudesse fazer, a não ser, orar para que Deus que a protegesse. Sou muito nova para perder minha mãe, ela tem muito a me ensinar... porque vivemos nesse fim de mundo onde não tem nenhuma alma viva para cuidar dela como se deve?!

Chegando ao hospital, entraram com minha mãe direto para a emergência e ficamos na recepção preenchendo a ficha e aguardando notícias.

Havia um burburinho que o tal médico de São Paulo estava aqui e que veio para ficar. Por todos os lados, no corredor, nos atendimentos desse hospital, só escutávamos o assunto dele. As mulheres falavam que era lindo, gostoso e tudo mais... me deu uma vontade louca de conhecê-lo, mas não era isso que interessava no momento!

Estava ficando impaciente por estar ali e não ter notícias de nada. Que crueldade fazer isso com a família dos doentes, a espera era sem fim, parecia que estávamos horas na sala de espera e ninguém aparecia para nos falar nada!