Capítulo VIII - Para o mundo que eu quero descer

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REVISADO

Nesse instante meu mundo acabou... literalmente! Foi o começo do fim... o começo de uma fase negra na minha vida! Vocês devem pensar: mas como assim, pode piorar depois que sua mãe foi internada!? Não só pode como piorou e muito!

Todas as minhas suposições estavam ali diante de mim depois da cena que acabei de presenciar! Agora era a verdade, não dava mais para enganar meu coração! Otávio realmente só queria transar comigo, mas porque?!!

Como se não bastasse tudo que vi e tudo que estava passando em minha cabeça ele veio atrás de mim, e quando parei para olhar, ele estava me olhando assustado... mas não via arrependimento nele, não via mais sinceridade, não via mais nada! Apesar do olhar assustado, era um olhar frio, sem sentimentos, olhar esse que não percebi antes. Meu Deus como estava cega!!! Como pude me enganar tanto meu Deus??? Nossa senhora das meninas virgens como pude fazer isso comigo mesmo?

E a menina que ele estava beijando veio atrás dele, correndo:

– Otávio, amor, onde você vai? Meus beijos não foram tão gostosos como naquela noite em seu carro?

- Cala a Boca Fátima!! – uma raiva vinha de dentro dele.

- Vai lá Otávio dar seus beijos gostosos como naquela noite... já estou de saída, vou ver minha mãe, que está indo bem a propósito, já que você não passou lá nenhuma vez. Léo está me ajudando muito com ela. – Tive que falar o nome do médico gato, como se tivesse alguma intimidade com ele, não podia sair por baixo, tinha que mostrar que estava bem e que não era tão idiota assim!

- Quem é Léo? Posso saber? – os olhos cerrados e o maxilar tenso, ciúme? Ele está com ciúme? Quem ele pensa que é? Ponto para mim!!!!

- Oi? Acha mesmo que é isso que você tem que me perguntar? Quem é Léo? Depois da cena "caliente" que eu vi? – Consegui provocá-lo.... mas porque esse idiota iria se importar?

- Otávio ou você vem aqui, agora, ou vou contar para sua virgem preferida toda a verdade... – A Vadia falou com propriedade, como se me conhecesse, mas espera ai...

Como assim "virgem preferida", como ela sabia? E me contar o que?

Meu Deus não sinto minhas pernas, minha cabeça gira, estou prendendo a respiração, acho que a coisa é muito pior do que só querer sexo comigo! ALERRRRTTTTAAA LILLY, fuja antes que se machuque mais!!! Mas como sempre não ouvi meu sexto sentido...!

- Cala a Boca Fátima. – falou com um olhar que deu medo, sério! Se fosse ela, correria agora, porque ele vai matá-la!

- Otávio fala agora o que essa "piriguete" falou ou vou ter que perguntar pra ela... já vi o suficiente, minha vida já está toda do avesso, pode acreditar que não vai ficar pior!!

Menti pra ele e para mim mesma, essa afirmação foi mais para mim do que pra ele, porque iria ficar pior e sentia isso em cada músculo do meu corpo, o alerta estava aqui novamente, mas agora vou até o fim!!!

- Desculpa Lily, não queria que você descobrisse, ia apenas fingir que não tinha acontecido nada, você ia sofrer mas nunca ia saber das minhas merdas. – Ele falou com o olhar distante, e como assim, fingir que não tinha acontecido nada?? Ele tirou a minha virgindade, ele me fez mulher, ele disse que me amava...

Tudo da girando, não desmaia Lilly, não mostre sua fraqueza.

- Acho que preciso sentar – murmurei um pouco alto, quando Otávio me levou a praça para que pudéssemos conversar longe dos amigos dele, amigos que se beijam apaixonadamente, hipocrisia isso sim...

- Bom Lily, vamos lá, eu sei que você vai me odiar e ninguém está se odiando mais nesse momento do que eu e quero primeiro te pedir perdão...

Ele estava rodeando, não falava nada com nada e eu estava realmente passando mal. Não aguentei e explodi, deixei meu lado meiga e idiota de ser e falei com ele com tanta raiva, como nunca tinha falado com ele nem com ninguém.

- Para de rodear, que PORRA Otávio, abre logo a boca e fala a merda que você deve falar, eu posso ser idiota, mas somente eu posso me achar assim entendeu? Então não me engane mais...

Olhou-me assustado tentando assimilar todas as palavras que tinha vomitado pra cima dele, porque não estava apenas gritando, apontava o dedo na cara dele e batia em seu peito!

- Então lá vai... eu nunca me aproximei porque gostasse de você, tudo que falei não foi sincero, foi uma aposta... Ele parou para me analisar antes de continuar, respirou fundo e continuou falando aquelas palavras que pareciam facadas no meu coração, já tão machucado pela vida. – Era uma noite e nada mais, uma transa, uma virgindade perdida e um mérito com meus amigos e um mês de cerveja na faixa, mas me arrependi, porque dormir com você foi tão bom, você foi especial...

- Cala essa maldita boca seu idiota, desumano, sujo... - eu gritei o interrompi sem medo e comecei a falar com todo ódio que estava sentindo - Não fala que foi especial porra nenhuma, porque não foi pra você, pra mim sim! Pra você fui apenas uma aposta!? Como vocês podem ser tão sujos, apostar a virgindade de alguém? Apostar sonhos? Desejos? Meu Deus, vocês são medíocres e nunca vão crescer e sair da barra podre e rica dos seus pais!!

Aquilo não estava acontecendo, que vergonha, uma aposta? Eu cheguei a supor que ele só queria transar por me achar gostosa e tals, mas uma aposta??? Quem faz isso com as pessoas?? Que tipo de pessoa ele é! E o pior que tipo de pessoa eu me apaixonei!!! Continuei despejando toda minha indignação, não queria parecer magoada, queria ser forte e brava!

- Talvez Otávio, você nunca ache uma mulher que te ame de verdade, porque você simplesmente destrói os seus sonhos. Não quero ouvir desculpas, não quero ouvir perdão, porque isso é imperdoável. Eu gostava de você, com você conseguia me desligar da merda de vida que tenho desde que abandonei meus planos para cuidar dos meus pais. Estar com você era uma esperança, não por causa da porra do seu dinheiro, mas porque pensei que você me achasse especial! E você simplesmente destruiu tudo que ainda tinha de vivo dentro de mim e eu vou te odiar pra sempre por isso!

E sai correndo dali com o estomago revirando, precisava de um banho, precisava limpar de mim todos os vestígios de Otávio e claro precisava ficar sozinha. Eu repetia para mim mesma: uma aposta... eu fui uma aposta! Nada foi real... a noite linda, as palavras, nada foi real...

Corri para a cachoeira da cidade, a essa hora não haveria de ter ninguém lá... quando cheguei a única coisa que queria era me limpar. Tirei minhas roupas e entrei na água, me esfregava com tanta força, me arranhava, me machucava. Precisava limpar tudo que tinha do Otávio, fazer isso me dava a sensação que ia limpá-lo do meu coração, mas não, a dor estava lá! Foi quando afundei e sentei no fundo do lago. Comecei a pensar o quanto fui idiota, o quanto minha vida estava desgraçada... agora a cidade toda ria de mim, me perguntava o porquê disso meu Deus? Não queria ser uma menina ingênua! Eu tinha virado mulher! Mas foi uma mentira, tudo que achei que era real não era...

Passaram-se alguns minutos e quando tudo estava desaparecendo da minha mente, a sensação ruim, a culpa, a doença da minha mãe, tudo estava sendo levado, estava me desligando de tudo e alguém me puxa de volta para a realidade... eu tossia estava engasgada, e a dor, a culpa, a raiva, a tristeza, tudo vem a tona novamente!!!

Quase um Conto de Fadas - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora