Grace e eu fomos para um shopping no centro da cidade e mesmo depois de eu ter dito que não precisava de nada, saímos de lá cheias de sacolas. Tudo por conta de Harold. E apesar de ter uma parte de mim que estava dando pulos de alegria, tinha outra parte que não estava achando isso certo. Mas por algum motivo eu simplesmente não conseguia me impor a isso. Tanto em relação as compras, quanto ficar na casa de Harold. No fundo, eu sabia que estava gostando.
- Você trabalha para Harold há muito tempo? - pergunto a Grace quando sentamos em uma das mesas do restaurante.
- Sim, depois que me formei em administração ele me chamou para trabalhar com ele. - ela responde com um sorriso.
- Ele te chamou? Vocês já se conheciam?
- Já! Estudávamos juntos. Eu, Harold, meu irmão Bryan e Bridgit - pude notar um tom enjoado quando ela disse o nome da minha prima - então Harold herdou a boate e mais alguns negócios do padrasto...
- Ah! Deve ser bom então, né? Já que está tudo entre amigos
- Na maioria das vezes sim. Harold sabe ser irritante quando quer - diz e rimos juntas - mas no geral, ele é um bom chefe.
- E Bridgit? Vocês eram próximas? - precisava de mais informações sobre minha prima. Talvez Grace soubesse de alguma coisa.
-Na verdade não. - ela diz fazendo uma careta - Nunca nos demos bem. Sua prima era uma pessoa difícil de lidar...
- Era? Deixou de ser? - pergunto confusa
- É... Quero dizer, não sei mais se é... Não a vejo tem um tempo, né, pode ser que tenha deixado de ser... - Grace da um risinho nervoso dando um gole em sua bebida - Enfim, Bridgit não era uma pessoa fácil, entende? Sinceramente, não sei como Harold aguentou por tanto tempo... - ela diz a ultima parte mais para si mesma do que para mim.
- Como assim?
- Bridgit se achava superior a todos. Ela não ajudava em nada nos negócios do Harold... para ser sincera ela só atrapalhava! - Grace diz irritada - Inclusive até já tentou me prejudicar algumas vezes... Desculpe Charlotte, mas sua prima não prestava. - seus olhos castanhos pareciam ser sinceros. Assinto sem saber o que dizer.
Quando Harold disse todas aquelas coisas ruins de Bridgit achei que fosse só dor de cotovelo. Mas agora que Grace também disse começo a achar que minha prima realmente não vale nada.
- Quer um conselho? Esqueça Bridgit! Aproveite a ajuda de Harold! E se um dia ela voltar, ok. Mas se não voltar, acredite em mim, você não vai perder nada com isso. - diz piscando para mim.
O resto do dia passa rápido. Grace realmente é muito legal, e tenho certeza que vamos virar grandes amigas.
Harold não está em casa quando volto. Penso em mandar uma mensagem para ele mas lembro que não tenho seu numero.
Depois de tomar um banho resolvo prepara algo elaborado para o jantar. Precisava agradecer de alguma forma as gentilezas de Harold. Apesar dele sempre ser estupido ao mesmo tempo.
Estava terminando de por a mesa quando ouço a porta da frente abrir e fechar. Minutos depois Harold aparece na cozinha, sua expressão cansada se transforma em confusa quando passa os olhos pela mesa arrumada e depois para mim.
- Fiz o jantar - digo com um sorriso, tentando explicar a situação apesar de obvia. Harold me encara por uns segundos.
- Já comi na rua. - diz finalmente, indo para fora da cozinha. Fico encarando o lugar onde ele estava boquiaberta.
Olho para mesa e o ressentimento começa a surgir. Ele poderia ter aceitado apenas para se gentil... Sento e me sirvo com um pedaço do quiche de frango. Após algumas garfadas estou totalmente sem fome, não porque tinha comido o suficiente e sim porque havia desaminado por causa da desfeita de Harold.
Já estava me levantando quando o vejo entrar na cozinha e se sentar a mesa. Harold se serve sem olhar para mim ou dizer alguma coisa.
- Achei que tivesse comido na rua - digo estreitando os olhos. Ele me encara mas não diz nada - Bom, eu fiz esse jantar em forma de agradecimento. - continuo e o rosto de Harold suaviza.
- Eu que agradeço. Faz tempo que não comia algo caseiro. - diz sem jeito. Abro um sorriso.
Ficamos conversando enquanto ele terminava de jantar. Harold me contou mais coisas sobre ele; coisas superficiais como, data de nascimento, cor favorita, comida favorita, o que costuma assistir na tv etc. Toda vez que eu tentava ir mais a fundo em uma pergunta, ele se esquivava. Mas pelo menos ele estava sendo agradável. Por fim lembrei de pedir seu numero de celular, o que acabou me fazendo lembrar de outra coisa.
- Harold?
- Sim?
- Erm... Ontem eu... - fiz uma pausa, tomando coragem para falar. Harold já me olhava impaciente. - quando estava indo para a cozinha, eu ouvir você dizer que a culpa era sua se eu estava sozinha aqui. - digo tudo de uma vez, seu rosto endurece na hora. - O que você quis dizer com isso?
- Você estava escutando minha conversa? - ele esbraveja
- Não! É que... Eu estava passando em frente... Desculpa, eu não... - ele levanta e joga o prato na pia com força.
- Odeio que fiquem me espionando, Charlotte. - ele me fuzilava com os olhos - Se isso acontecer de novo, eu vou ter que... - ele para no meio da frase e sai da cozinha me deixando sozinha novamente.
- Você vai ter que o que, Harold? - grito indo atrás dele. Harold me ignora e sobe as escadas. - E você ainda não me respondeu! Porque a culpa é sua se estou sozinha aqui?
Harold se vira bruscamente, ficando bem próximo de mim. Prendo a respiração quando ele olha diretamente nos meus olhos. Esse ato faz com que eu me esqueça de tudo. Parece que seus olhos verdes e profundos me hipnotizaram. Quando desço meu olhar para sua boca noto um pequeno sorriso se formando em seus lábios, e antes que eu pudesse pensar Harold cola sua boca na minha. Ficamos assim por uns segundos até que ele coloca a mão na minha cintura, me guiando até a parede sem separar nossos lábios.
Assim que encosto na parede, Harold intensifica o beijo prensando seu corpo contra o meu. Minhas mãos vão ate os seus cabelos tentando fazer com que ele ficasse ainda mais perto. Harold agarra firmemente minha cintura enquanto descia os beijos para meu pescoço. Solto um suspiro quando sinto ele passa a língua um pouco abaixo da minha orelha e volta para minha boca.
Mas assim como começou, Harold para de me beijar do nada. Abro os olhos e ele está me encarando com uma expressão indecifrável no rosto. E sem dizer uma palavra, Harold me solta e vai para seu quarto me deixando sozinha e confusa no corredor escuro.
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You Know I'm No Good
RandomHarold Swayer é um dos maiores chefes do trafico de drogas em Londres que acaba matando Bridgit, sua namorada e sócia. Porém ele não esperava que Charlotte, a única parente viva de Bridgit, aparecesse e que ele acabasse se sentindo atraído pela garo...