Sombras do Corredor Part. I

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Coral estava inquieta, tudo havia desabado e a culpa era toda dela. Agora, depositou sua total confiança em um fantasma e ela o seguiria onde fosse. Mas não queria demonstrar isso.

— Então, como vamos destruir sua Mãe?

Rudy olhou ao redor, parecia estar sentindo algo.

— Tem alguma coisa nessa casa. – ele falo olhando para o teto.

— É claro que tem alguma coisa nessa casa. Tudo! Monstros devoradores de crianças... fantasmas. – Coral ainda tinha bom humor, mas estava mais nervosa do que poderiam imaginar.

Amanda Spink voltou trazendo uma bolsa e jogando no chão aos pés de Rudy.

— Foi o que consegui.

Ele olhou a bolsa, tinha um bocado de terra lá dentro, e logo Amanda Forcible voltou trazendo uma bolsa com um bocado de ervas verdes e Balt logo atrás com um balde com água.

— Pra que tudo isso? – Coral estava confusa e ninguém lhe dava atenção.

— Temos que fazer um feitiço juntando os elementos da natureza. – Balt respondeu.
Rudy voltou a olhar pra cima.

— Tem alguma coisa nessa casa. – ele falou e desapareceu na frente deles.

Coral ficou assustado, mas os outros apenas continuaram a fazer o que estavam fazendo. Tudo aquilo ainda parecia um pesadelo, e ela não conseguia entender nada.

— Meus pais vão salvar o Toby. – Coral falou para si mesmo.

— Não queria. Coraline é muito poderosa... – Amanda Spink falou.

— Mas a Outra Mãe, no momento, é mais. – Amanda Forcible finalizou.

As três crianças faziam um circulo no meio da sala enquanto Coral observava sem entender.

— Hoje é nosso dia de sorte! – Rudy reapareceu diante deles, estava segurando algo, Coral então observou que era um longo cristal pontudo.

— O cristal da criação! – as três crianças falaram alegremente.

— Coral, esse cristal, nas mãos certas, é a única arma que pode destruir a Outra Mãe. – Rudy estendeu o cristal e entregou nas mãos tremulas de Coral. – Guarde com cuidado, bonequinha. – Ele riu e piscou pra ela. Ela ficou vermelha, mas escondeu o rosto rapidamente, a única coisa que importava agora era a loucura em que estava metida.

— Qual é o plano? – ela perguntou.

— Primeiro, temos que chegar até o outro mundo, mas Coraline lacrou a casa, então temos que entrar pela única entrada que existe aqui. – Todos olharam na direção da sala de visitas, onde sua mãe guardava a mobília antiga.

— Está trancada. Bem trancada. – Coral falou.

— E nós vamos abrir. – as Amanda's falaram juntas.

Todos se reuniram na sala de visitas, todos estavam de frente pra parede, encarando. Ali atrás estava a pequena porta, a entrada principal pro outro mundo, pra Outra casa. Todos ali podiam sentir a energia ruim que emanava de lá. Rudy moveu a mão e fez toda a parede, todo o bloqueio desaparecer e agora eles estavam diante da pequena porta. Rudy tinha poucos poderes, estava fraco e cada uso de magia o deixava mais fraco ainda.

— Não temos a chave. – Coral falou.

— E foi por isso que trouxemos isso. – Balt falou apontando para as coisas que trouxeram. — Vamos usar a magia dos cinco elementos para abrir a porta.

— Sim, Coral. A pequena porta só se abre unicamente com a chave. – Spink falou.

— Mas se soubermos a magia certa poderemos abri-la por pouco tempo. – Forcible completou.

As crianças e Rudy começaram a pegar os elementos, Rudy estava usando magia para manipular tudo, ele parecia mais fraco do que nunca e Coral observava atentamente tudo. Os elementos se juntaram e flutuaram diante deles e de repente se transformou em uma chave brilhante.

— Todos segurem na chave. – Rudy falou. As mãos das Amanda's e de Balt seguraram. A de Rudy também. Ele olhou para Coral: — Você também, boneca.

— Não me chame de boneca. – ela resmungou e então, segurou aquela chave.

Eles enfiaram a chave na fechadura e fizeram apenas um movimento, a porta se abriu bruscamente fazendo todos eles irem pra trás, e lá de dentro, como uma baforada, um odor podre surgiu e os fez recuarem mais ainda. O corredor era longo e escuro, algo parecia se mover lá dentro, e o cheiro lembrava algo velho e muito antigo. Era totalmente assustador, a escuridão parecia ter vida e coisas terríveis pareciam nascer dela. Coral não sabia se conseguiria entrar ali. Uma mão gelada pegou na sua fazendo-a se assustar. Era Rudy. Ele era frio como gelo.

— Não tenha medo, tudo vai acabar logo.

— Eu não tenho medo da sua mãe. – Coral tentou soar corajosa.

— E não deve ter. Ela não é nada comparado a Elzarella. – ele falou e estremeceu olhando para o corredor.

— Elzarella? – Coral falou em voz alta, todos se encolheram ao ouvir aquele nome.

— Shiii... Ela é minha avó. – Rudy falou e voltou a olhar para o corredor, e dessa vez o medo percorreu seus olhos. — E em hipótese alguma devemos acordá-la. 


Coral - A Filha de CoralineOnde histórias criam vida. Descubra agora