Capítulo 1

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 Noite estrelada de verão quente, perfeito para um passeio à pé saboreando um sorvete bem gelado, melhor ainda, caminhando no calçadão de uma praia onde o barulho das ondas nos fazem relaxar e sonhar. É nesse cenário que Aline tenta colocar suas idéias em ordem, repensar projetos e estabelecer prioridades.

Aline Bulhões é filha do advogado Luiz e da médica Lurdes que a adoram, mas a vida agitada de ambos não lhes deixa dar à filha a atenção que ela gostaria de ter deles. Com 16anos e no primeiro ano do segundo grau, ela optou por exatas, não quer ser advogada nem médica; economista, sim quer cursar a faculdade de economia. Desde que começou seus estudos ela sempre teve afinidade com os números, os cálculos, as porcentagens e concluiu que uma economista tem grandes oportunidades profissionais.

Antes de fazer sua matrícula para o segundo grau Aline pensou em optar por matemática, mas preferiu a economia que a colocaria em empresas conceituadas, talvez, uma multinacional. Mil planos e idéias na mente de uma adolescente cheia de vida e de esperança no futuro, com a pressa dos jovens que querem tudo rápido, se possível já.

Essa estudiosa jovem dividia seu tempo entre os estudos e o mar. Moradora da cidade de Santos no litoral de São Paulo, desde criança desfrutava das delícias das praias locais, era excelente nadadora e juntamente com seu irmão Douglas, surfava nos finais de semana sempre que o tempo e as ondas estavam favoráveis. Esse irmão camarada estava sempre cuidando dos mínimos detalhes para que Aline praticasse o surf com segurança, e como seu instrutor era seu constante companheiro de ondas.

Douglas, três anos mais velho que ela, cursava a faculdade de educação física há quase um ano e adorava todo tipo de esportes. Para ele o surf começou com 10anos e teve como mestre seu pai Luiz, que praticava esse esporte desde garoto. Nos finais de semana os dois se esqueciam de tudo e o mar renovava as energias de Luiz que se esquecia do Fórum, dos clientes, dos processos e até de Lurdes que na gravidez de Douglas, num domingo pela manhã, entrou em trabalho de parto e Luiz estava no mar.

Após o nascimento, o jovem casal chegava a rir muito ao lembrar a cena onde Lurdes, com contrações, tentava ligar para seus pais, que não moravam distante dela, para avisá-los que iria para o hospital, e ligava para a vizinha, que no quintal não escutava o telefone, até que ela atendeu:

- Alô!

- Marta eu preciso da tua ajuda, venha aqui, por favor, rápido – diz Aline quase chorando.

A vizinha assustada dirige-se a casa de Aline e entra rápida:

- O que aconteceu você está passando mal, onde está Luiz?

- É por isso que preciso da tua ajuda, ele está surfando, minha bolsa estourou e preciso que me faça o favor de chamá-lo. Já avisei meus pais que logo chegarão, está tudo pronto, mas falta o Luiz.

- Vou pedir ao meu irmão para avisá-lo e voltarei em seguida, não vou deixá-la sozinha – Marta sai e mal chega ao portão, volta e – não quer chamar uma ambulância, eu irei com você?

- Não Marta, rápido, Jonas levará tempo para encontrá-lo, peça-lhe para falar com o salva-vidas, ele saberá agir com mais rapidez.

Marta sai correndo e quando retorna os pais de Aline estão entrando:

- Bom dia Marta, parece que chegou à hora não é?

- Sim! Aline só está aguardando o Luiz. Bom dia dona Ana, seu Salvador, ela os está aguardando.

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