Esperança

Capítulo 4

 Aline e Cauã que continuam seu namoro pelo Facebook e pessoalmente encontram-se apenas uma vez por mês, estão muito apaixonados e num domingo ele a convida para conhecer seus pais.

- Eu falo tanto em você que os dois estão curiosíssimos, já faz mais de um ano que namoramos, acho que está na hora de apresentá-la. Será que seus pais permitiriam que eu a levasse para almoçar em São Paulo e a traria de volta no início da noite?

- Confesso que fiquei um pouco nervosa com esse convite, mas você tem razão, eu também gostaria de conhecê-los. Meu pai ficará enciumado, mas não me impedirá de ir. Papai confia em Douglas e em mim, mas sempre advogado diz: - Vocês são maiores de idade e responsáveis, portanto, arcarão com as conseqüências do que fizerem, certo? – É sua frase predileta quando se sente preocupado com nossas atitudes.

- Seu pai é sábio, existem muitos pais que superprotegem, encobrem os erros dos filhos e só enxergam os erros nos outros, nunca em seus filhos, acabam por prejudicar o futuro e até o resto da vida deles. Cada um deve arcar com suas responsabilidades. Todo jovem quer e anseia fazer 18anos para ter liberdade de ação, deve então, construir seu futuro e arcar com isso.

- Vamos falar com meu pai, porque minha mãe está numa reunião na clínica para dependentes químicos.

- O rapaz concordou em fazer o tratamento?

- Não, mas a família é que está fazendo tratamento para ter condições de lidar com o rapaz.

- É uma situação complicada e estressante para os familiares. O que eles não podem é perder a esperança, a família é muito importante nesse tipo de tratamento.

- Você tem razão, minha mãe está fazendo o passível para auxiliá-los. Tudo dependerá de João, esse é o nome do rapaz. Douglas diz que dá pena vê-lo, está desleixado, magro, revoltado. Os pais dele dizem aos avaliadores que ele tem longos períodos de lucidez, que usa maconha e cocaína, não drogas mais fortes por enquanto, o que lhes dá esperança de recuperação mais fácil, com menos sofrimento.

- Aline, só Deus pondo sua mão sobre isso para que tudo dê certo. O que podemos fazer é rezar por João, para que ele entenda e aceite se tratar. Agora vamos falar com seu pai.

Luiz, como Aline previu, não impediu o encontro com os pais de Cauã e no domingo seguinte, mesmo não sendo o do encontro pessoal, ele veio buscá-la pela manhã.

No trajeto Cauã pergunta:

- Hoje sua mãe não teve reunião naquela clínica?

- Não, o domingo passado foi uma exceção, as reuniões são aos sábados. A prefeitura pediu ajuda aos avaliadores para um mutirão de auxílio aos drogados de rua, na tentativa de convencê-los a se deixarem ajudar. Foi um bom trabalho, 40% deles estão internados pela prefeitura e farão o tratamento que, se Deus quiser, dará certo.

- Deveriam fazer isso sempre para tentar diminuir o sofrimento das famílias e deles próprios – diz Cauã.

A conversa segue como o caminho, que quanto mais perto da cidade de São Paulo, mais confuso fica o trânsito. Carros, caminhões, ônibus, motos, bicicletas tudo no mesmo instante e no mesmo lugar, tornando o trajeto lento e estressante, não parece uma manhã de domingo, mas a hora do rush num dia de semana.

Ao chegarem, Aline, que já estava nervosa, ficou muito sem graça, pois além dos pais de Cauã, almoçariam com eles o irmão mais velho com sua esposa e dois filhos, outro irmão mais velho com a noiva, e a irmã mais nova. Toda a família queria conhecer Aline, foram muito simpáticos e os irmãos disseram juntos que ela era muito bonita para Cauã, que retrucou: